Os valores do esporte no futebol e a capacitação do treinador é a temática do seminário organizado pelo professor Walter da Silva, que tem em seu currículo experiências como diretor de Esportes da Cidade Universitária, da Universidade de São Paulo (USP) e membro de sua equipe de recreação e lazer.

Conforme seu depoimento, Walter idealizou esse seminário, que teve o suporte da Comissão de Esportes e Turismo, cuja "gestão atual enfatiza a importância de promover e apoiar as práticas esportivas", pensando em proporcionar um treinamento gratuito para capacitar o trabalho voluntário de treinador de futebol desenvolvido na periferia das cidades. Informa que normalmente essas pessoas só teriam autorização para atuar nessa atividade após se capacitarem via Conselho Regional de Educação Física de São Paulo. Entretanto, como a participação nesse curso requer investimento de um recurso monetário do qual as pessoas não dispõem, Walter decidiu proporcionar um credenciamento gratuito a partir da realização desse seminário. O seminário se encerra nesta sexta-feira, 1º/6, após a sessão da tarde.

Na parte da manhã, a palestra inicial versou sobre a dinâmica das relações entre técnicos e atletas de futebol, ministrada por Carlos Simões, professor titular da Escola de Educação Física e Esporte da USP, ex-esportista daquela modalidade. Para ele, o ambiente dos bastidores muito carregado é pouco propício à auto-valorização do atleta. Declarou que, entre outras, a obrigação do técnico é se esforçar em conhecer as características físicas, culturais e psicológicas de cada atleta. Além disso, o profissional tem que se preocupar com os diversos públicos do universo onde opera, que incluem desde a diretoria da instituição esportiva, suas crenças e valores, as quais determinam a qualidade do ambiente de trabalho, os integrantes da equipe de preparação, a mídia, e também os torcedores. Um bom gerenciamento de todos esses fatores proporciona ao atleta a exploração de todo seu potencial de rendimento, uma vez que assegura um local onde predomina o equilíbrio de forças. Em sua opinião, o técnico deve ser o motivador e estrategista do time, aquele que pode evitar a ocorrência da síndrome do fracasso.

O segundo expositor da manhã foi Heldio Fortunato de Freitas, especializado em medicina esportiva e exercendo atividades no Centro de Práticas Esportivas da USP. Contou que em 35 anos de prática conviveu com grandes preparadores técnicos e famosos atletas, tendo trabalhado em grandes clubes como Sport Club Corinthians Paulista e São Paulo Futebol Clube. Sua vivência demonstrou que é de vital importância a formação do atleta, que tem que ser preparado para a prática esportiva desde a mais tenra idade. O orientador técnico do atleta deve respeitar suas limitações e explorar suas potencialidades, dando, também, atenção à sua formação cultural. Ao contrário de antigamente não há mais cursos para formação de profissional em técnica esportiva, que muito bem capacitava o profissional para essa prática. Todavia, ainda é possível conseguir pelo menos um treinamento por intermédio da instituição sindical da especialidade.

Fortunato alertou para a necessidade de se dar atenção especial ao uso adequado de equipamentos para treinamento e para o fato de que o preparo do atleta deve estar centrado na medicina preventiva, ou seja, preparar adequadamente o jogador desde o início de sua carreira, preocupando-se com a qualidade de sua saúde para que o atleta possa contar com toda a sua potencialidade na prática do futebol ou de outras modalidades esportivas.