Audiência Pública discute a questão das gorjetas

Realizou-se nesta quinta-feira, 24/9, a audiência pública para discutir a questão do pagamento das gorjetas, a pedido da deputada Maria Lúcia Amary (PSDB). A parlamentar esclareceu que o evento visava fornecer subsídios para o pedido de CPI que protocolou a fim de investigar o repasse integral das gorjetas concedidas aos trabalhadores em bares e restaurantes do Estado de São Paulo, em virtude da denúncia de que os estabelecimentos não as estão repassando aos empregados. Segundo levantamento feito para justificar a futura instalação da CPI, há denúncias de irregularidades no repasse dos 10% pagos pelo consumidor em forma de gorjeta aos trabalhadores.
Propostas legislativas para regulamentar a questão, atualizando o artigo art. 457 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), tramitam no Senado, através do PLS 725/2007, da senadora Patrícia Saboya, e na Câmara dos Deputados, através do PL 252/2007, do deputado Gilmar Machado.
A CLT, como lembrou Aclibes Burgarelli, desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, considera a gorjeta um pagamento indireto, como forma de reconhecimento do cliente. José Calixto Ramos, presidente da Nova Central Sindical dos Trabalhadores, disse que o valor da taxa de serviço, que não é obrigatória, é muitas vezes usada pelos patrões para pagar encargos trabalhistas, ressarcimento de despesas gerais, como quebras de louça, ou simplesmente embolsada.
Recebimento de gorjetas é argumento para achatar o salário, diz sindicalista
Gilberto José da Silva, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Gastronomia e Hospedagem de São Paulo e Região (Sinthoresp), assim como o representante do Sinthoresp em Santos, Edmilson Oliveira Santos, defenderam a legalização dessa taxa de serviço através de Projeto de Lei. Francisco Calasans Lacerda, presidente do Sinthoresp, disse que "o potencial de recebimento de gorjetas é argumento para achatar o salário". Em São Paulo, de R$ 736, ao passo que um trabalhador com menor qualificação, um servente de pedreiro, tem como base R$ 936.
Liliane Ventura, jornalista da rádio Trianon, manifestou seu espanto, enquanto consumidora, ao ver afixadas no auditório faixas com dizeres como "A gorjeta é um reconhecimento do cliente. É nossa, não do patrão", pois considerava que a taxa ia para os profissionais que prestam bom atendimento ao público. "É uma questão de polícia, por ferir o direito do consumidor" disse, para depois conclamar a categoria a lutar por um salário-base mais digno.
Há necessidade de acordo entre patrões e empregados sobre percentual a ser repassado, por conta das demandas fiscais, embora José Carlos da Silva Arouca, desembargador aposentado do Tribunal Regional do Trabalho, considere o argumento uma falácia, por considerar que "não é justo que o cliente pague os encargos sociais". Cícero Lourenço Pereira, representante do Sinthoresp de Sorocaba, afirmou que o grande debate é "quem vai pagar os encargos sociais gerados pelos 10%, uma vez que a lei o considera parte integrante do salário". Jarbas Majella Bicalho, também do Sinthoresp, propugnou a busca de uma solução amigável entre as parte.
Marcus Vinicius Rosa, representante de Nelson de Abreu Pinto, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de São Paulo (Sindhores), fez o contraponto patronal às denúncias dos trabalhadores na questão da taxa de serviço. Garantiu, apesar das contestações do público presente, que são raros os donos de estabelecimentos que praticam irregularidades, e pediu que fossem denunciados. Disse ainda que, em 20 anos de negociações trabalhistas, o assunto nunca foi abordado.
Os trabalhadores
José Rezende, Felipe Chordas, Honorato Branco, e Antonio Souza de Oliveira expuseram o problema dos garçons e hoteleiros com o repasse da taxa de serviço. Segundo os trabalhadores, na hora de uma licença de saúde ou da aposentadoria, o valor pago é o salário-base. São feitos registros "frios" na carteira de trabalho e por vezes são obrigados a assinar recibos em valores que não condizem com a realidade, denunciaram. Isaac Neto apontou a situação dos garçons autônomos, principalmente em churrascarias, que têm menos direitos ainda. Marcelo Batista, de Santos, sugeriu a criação de uma força-tarefa para pesquisar, aleatoriamente, alguns estabelecimentos
Maria Lúcia Amary saudou a reabertura do diálogo entre patrões e empregados e disse que enviará carta e o vídeo da audiência pública para o Senado, a Câmara dos Deputados e ao ministro do Trabalho.
Notícias mais lidas
- Deputado participa de missão oficial a Taiwan e busca ampliar cooperação com potência asiática
- Aprovado na Alesp, novo valor do Salário Mínimo Paulista, de R$ 1.804, é sancionado
- Entra em vigor hoje o novo Salário Mínimo Paulista, de R$ 1.804
- Vitória dos pescadores: artigo que restringia acesso ao seguro-defeso é suprimido
- Alesp aprova projeto que garante piso salarial nacional a professores paulistas
- São Vicente: a importância histórica da primeira cidade do Brasil
- Na Alesp, familiares, amigos e colegas de profissão se despedem do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes
- Sindicatos da Polícia Civil cobram envio de projeto da nova Lei Orgânica à Alesp
- Demanda antiga, Lei aprovada na Alesp unificou categoria de policiais penais
Lista de Deputados
Mesa Diretora
Líderes
Relação de Presidentes
Parlamentares desde 1947
Frentes Parlamentares
Prestação de Contas
Presença em Plenário
Código de Ética
Corregedoria Parlamentar
Perda de Mandato
Veículos do Gabinete
O Trabalho do Deputado
Pesquisa de Proposições
Sobre o Processo Legislativo
Regimento Interno
Questões de Ordem
Processos
Sessões Plenárias
Votações no Plenário
Ordem do Dia
Pauta
Consolidação de Leis
Notificação de Tramitação
Comissões Permanentes
CPIs
Relatórios Anuais
Pesquisa nas Atas das Comissões
O que é uma Comissão
Prêmio Beth Lobo
Prêmio Inezita Barroso
Prêmio Santo Dias
Legislação Estadual
Orçamento
Atos e Decisões
Constituições
Regimento Interno
Coletâneas de Leis
Constituinte Estadual 1988-89
Legislação Eleitoral
Notificação de Alterações