Mérito para quê?

O governo federal e seus aliados, com o apoio de alguns equivocados e/ou oportunistas de sempre, parecem dispostos a decretar, de uma vez por todas, o fim do mérito. Se pudessem, criariam mecanismos para impedir a competência e punir os mais preparados. É uma gente movida pelo que se convencionou chamar de pensamento politicamente correto. Mas que, não raro, vale-se dessa bobagem para obter benefícios pessoais. Uns querem apenas serenar suas consciências; outros estão atrás de vantagens mais palpáveis. De olho gordo nos votos, não faltam os que abraçam qualquer causa que se lhes apresente. Para todos, a Lei Maior é " ou parece ser " mero detalhe.
É o tal do pensamento politicamente correto quem faz com que muitos de seus seguidores se indignem com a ação do Poder Público para impedir, a exemplo do que aconteceu, há pouco, em São Paulo, que drogados e delinqüentes acampem em desvãos de passagem subterrânea para assaltar motoristas. Os seguidores da "doutrina" buscam explicações para justificar o que não tem explicação. Houve mesmo quem, por meio de artigos publicados na imprensa, asseverasse que, se a pobreza não existisse e se houvesse uma política adequada de planejamento familiar, aquela "mãe" não teria atirado sua filha recém-nascida, envolta num saco plástico, numa lagoa de Belo Horizonte.
Muitos dos seguidores da "seita" defendem, sim, o diálogo permanente e interminável com os pichadores de fachadas " desde que, evidentemente, eles não danifiquem seus imóveis. E há também os que acham absurdos os protestos dos comerciantes legalmente estabelecidos contra os camelôs irregulares. Afinal, dentro dessa ótica enviesada, os primeiros estão bem de vida " e os segundos precisam garantir a sobrevivência de seus filhos e, claro, o luxo das máfias dos piratas, contrabandistas e ladrões de carga.
É dentro desse contexto que proliferam as propostas de criação de cotas nas universidades, empresas públicas e privadas e onde mais for possível implantá-las. Tenta-se, na prática e pelas razões expostas no primeiro parágrafo, corrigir erros históricos com outro, que tende, igualmente, a se perpetuar. Que negros e pardos, em sua esmagadora maioria, recebem salários mais baixos, vivem em condições precárias, sabemos todos. Assim como sabemos todos que, há tempos, a escola pública perdeu grande parte da qualidade que já teve. Não é por acidente de percurso que a maior parte das vagas das universidades públicas (em geral, as melhores) está ocupada por alunos egressos das principais escolas particulares de Ensino Fundamental e Médio. Ora, é evidente que algo precisa ser feito, ou melhor, que já deveria ter sido feito há muito tempo.
Mas a saída é fazer investimentos maciços em educação, a fim de que tenhamos professores devidamente preparados, instalações decentes, bibliotecas e laboratórios bem equipados etc, para que jovens " negros ou não " das escolas públicas possam concorrer em igualdade de condições. É lutar para que as universidades públicas, a exemplo do que está sendo feito em São Paulo, ampliem a quantidade de cursos e de vagas, especialmente no período noturno.
Não há outro caminho possível " a não ser que se queira, definitivamente, abolir o mérito e atropelar a Constituição, como, a meu ver, acaba de fazer a Câmara Federal, por meio da Comissão de Constituição e Justiça. Não será reservando 50% das vagas de todos os cursos das universidades federais para os negros, pardos e egressos das escolas públicas que vamos resolver, de fato, o problema da injustiça. Já há quem defenda abertamente cotas para professores negros nas universidades públicas e cotas para índios no Congresso Nacional. Pode?
Milton Flávio é professor de Medicina da Unesp, deputado estadual pelo PSDB e vice-líder do governo na Assembléia Legislativa de São Paulo
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