Lula da Silva não se emenda jamais. Fala o que lhe dá na telha. Abusa do direito de dizer besteiras. Não se constrange em esgotar a paciência da audiência. Dias atrás, ante a notícia de que o PIB recuara 1,2% no terceiro trimestre do ano, considerou sem nenhum sentido a comparação entre o crescimento do Brasil e o registrado pelos países em desenvolvimento. É evidente que tal comparação não lhe interessa. Sob o seu governo, a economia brasileira cresce bem menos do que poderia. As conseqüências são conhecidas: desemprego elevado, informalidade crescente, empobrecimento das camadas médias da sociedade.

Naquela oportunidade, atribuiu à crise política a responsabilidade pelo recuo do PIB. Ainda que a crise tenha lá sua parcela de responsabilidade, as causas principais são outras, e disso todo mundo sabe: juros altos, carga tributária elevada, informalidade, burocracia e falta de competência gerencial, entre outras. Nunca é demais lembrar que a crise em curso não é, ao contrário do que sugere o presidente-viajante, obra da oposição. Foram o seu governo e o PT que a criaram. Foi um de seus ex-aliados " o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) " quem denunciou os esquemas de corrupção patrocinados pelo petismo.

Mas vamos, ao menos hoje, dar a Lula da Silva um refresco. Não vamos comparar o pífio crescimento econômico do Brasil com o verificado em outros países emergentes. Vamos, isto sim, mostrar a ruindade do atual governo, comparando o seu desempenho com o de outras administrações que o antecederam. Em termos de investimentos, o governo Lula é o pior desde a década de 80, perde para o de João Batista Figueiredo. O que reforça a certeza de que ambos se equivalem, também em termos intelectuais.

Reportagem de Sérgio Gobetti, publicada neste final de semana, em O Estado de S. Paulo, nos mostra que, nos três primeiros anos, o governo Lula da Silva destinou, em média, R$ 11,605 bilhões a investimentos. Convém comparar com o que foi aplicado nessa área pelos seus predecessores. A média é anual. E os valores foram corrigidos pelo IGP-DI.

Lula " 2003/2005 " R$ 11,605 bilhões;

FHC (2) " 1999/2002 " R$ 17,532 bilhões;

FHC (1) " 1995/1998 " R$ 16,073 bilhões;

Collor/Itamar " 1990/1994 " R$ 16,659 bilhões;

Sarney " 1985/1999 " R$ 17,230 bilhões;

Figueiredo " 1980/1984 " R$ 12,522 bilhões.

Que fique claro: a conjuntura internacional, raras vezes, foi tão favorável ao crescimento do país como a atual. Se o Brasil não cresceu e cresce como poderia é por responsabilidade do atual governo, que mal sabe gastar o pouco de que dispõe, como estão a evidenciar todos os dias os jornais. O que se tem é um governo pífio, sem projetos e sem capacidade para gerir o país. O resto é conversa fiada, lorota de Lula, o boquirroto.

*Milton Flávio é professor de Urologia da Unesp, deputado estadual pelo PSDB e vice-líder do governo na Assembléia Legislativa de São Paulo

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