Alckmin, derrota e vitória pessoal

As privatizações, que tão bem fizeram ao Brasil e aos brasileiros, tocadas no governo Fernando Henrique Cardoso, acabaram sendo a maior pedra no sapato do ex-governador Geraldo Alckmin em sua primeira disputa pela Presidência da República. Também pudera. Ficamos na defensiva quase o tempo todo, sem demonstrar os benefícios da venda de estatais que, de deficitárias, passaram a gerar lucros, empregos e riqueza ao país.
Casos emblemáticos, como o das telefonias fixa e móvel, que permitiu o acesso de milhões de brasileiros ao mundo das comunicações a custos infinitamente mais baixos, o da Companhia Vale do Rio Doce, hoje na posição de segunda maior empresa mineradora do mundo, e mesmo o da Embraer, foram explorados timidamente, quase sempre em resposta a algum ataque da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Não tivemos coragem de bater no peito e mostrar, com números e fatos, como o governo FHC transformou positivamente a vida da nação, fincando os alicerces da estabilidade econômica, do desenvolvimento sustentado e dos programas sociais que a administração federal petista tão bem soube explorar eleitoralmente.
Fugir desse debate como o diabo da cruz foi um erro.
Do mesmo modo, faltou, sim, uma dose maior de empenho à candidatura de Geraldo Alckmin por parte das principais lideranças nacionais do PSDB, embora longe de ser o que a mídia insistiu em classificar como descaso e desinteresse. Não há dúvidas de que o partido desejava retomar a Presidência da República desde já, até para interromper o cenário de corrupção generalizada, aparelhamento do Estado e ineficiência administrativa. Entretanto, um pouco mais de comprometimento e união de forças não teriam feito nenhum mal.
No primeiro turno, soubemos explorar bem os erros do adversário, e a tão propalada derrota acachapante não se concretizou, contrariando os grandes institutos de pesquisa.
No segundo, exageramos no ataque desenfreado, e a defesa ficou vulnerável, desorganizada e ineficiente. Nossa própria torcida, isto é, os eleitores, ficou desconfiada. Um desastre. Deu no que deu.
Também foi tímida a comparação, na campanha de rádio e TV, da gestão Alckmin em São Paulo com o governo Lula. Enquanto o PSDB saneou o Estado, a administração federal inchou a máquina. Alckmin fortaleceu a saúde paulista, enquanto o PT abandonou programas da gestão FHC, como o dos genéricos, o da Aids e os mutirões de saúde, como os da catarata, da próstata e varizes. O PSDB reduziu impostos em São Paulo, enquanto o governo Lula elevou a carga tributária. O governo paulista fez estradas de primeiro mundo. Enfim, esses e outros temas mereciam ter sido mais bem explorados.
Desta vez, o medo venceu a esperança. Embora, diga-se de passagem, seja preciso respeitar a vontade soberana da nação, e cabe ressaltar a decisão democrática da oposição de não realizar o chamado "terceiro turno", não insistindo em processos de impeachment que em nada contribuem com a consolidação da democracia.
Se perdemos a eleição para a Presidência da República, Geraldo Alckmin obteve uma vitória pessoal e política sem precedentes. Saiu aclamado pelos paulistas do governo, costurou habilmente sua candidatura, teve comportamento sagaz e lúcido ao longo da campanha e se consagrou, nas urnas, como grande liderança nacional. Discípulo de Mário Covas, faz da ética e da responsabilidade administrativa os pilares de sua conduta como político e governante.
Os eleitores com maior nível de instrução em todo o Brasil perceberam a diferença entre uma candidatura e outra. Do mesmo modo, o Estado de São Paulo aclamou Alckmin, que, respaldado por 52% dos votos válidos no segundo turno e por 56% no primeiro, se credencia desde já para disputar, com chances reais de vitória, a Prefeitura de São Paulo em 2008, o governo do Estado ou mesmo a Presidência, novamente, em 2010.
Não há dúvidas de que a oposição ao governo federal continuará pautada pelo apoio aos projetos de interesse nacional, sem apostar no "quanto pior, melhor", como o PT fez sistematicamente no passado e ainda faz nos Estados e municípios nos quais não detém o poder. Mas, igualmente, é preciso ampliar a fiscalização e botar o dedo na ferida, sem rodeios, sempre que necessário, e, ao mesmo tempo, promover uma rearticulação geral para estarmos muito fortalecidos nas eleições de 2008 e 2010.
*Pedro Tobias é médico e deputado estadual pelo PSDB
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