Prós e contras do desarmamento

No próximo dia 23 todos os eleitores brasileiros irão às urnas para votar no plebiscito do desarmamento, que vai decidir se armas e munições poderão ser vendidas no país. Assim é muito importante que cada um reflita sobre a questão, pese as vantagens e desvantagens de cada escolha e decida com consciência porque do resultado deste plebiscito passará a ser a regra definitiva. O principal argumento dos que defendem o voto "Não" - que significa que o desarmamento não será aplicado e será mantido o comércio de armas - é que o cidadão deve ter o direito de se defender. Para eles o governo não deve ter o poder de proibir este direito porque esta seria uma posição autoritária. Outro importante argumento deles é que se o desarmamento for aprovado só os cidadãos de bem serão desarmados, já que os bandidos adquirem suas armas ilegalmente pelo roubo e contrabando. Já aqueles que defendem o "Sim" - ou seja que querem que o comércio de armas e munição seja proibido " dizem que ter armas é um sério risco para todos pois em geral elas acabam causando mortes por acidente, sendo utilizadas em momentos de cólera, enfim, provocando homicídios por motivos banais como brincadeira de criança, brigas de trânsito, conflitos familiares, discussões de vizinhos. Eles dizem também que boa parte das armas nas mãos dos bandidos é adquirida de forma legal, depois roubada. Em linhas gerais estes são os principais pontos das duas posições, expostos de forma muito resumida mas mencionando os aspectos fundamentais de cada posição. Penso, porém, que como deputada estadual e delegada tenho a obrigação de não só expor os argumentos de cada parte, mas também apresentar a minha visão sobre o tema, destacando porém que ambas as opiniões devem ser respeitadas e levadas em conta para que a decisão seja consciente. Eu sou a favor do desarmamento porque em inúmeras oportunidades em minha vida profissional dedicada a segurança pública vi, inúmeras vezes, cenas nas quais o grande vilão eram as armas de fogo. Muitas mortes poderiam ter sido evitadas se no meio de uma briga não estivesse presente um revólver, tantas desgraças não teriam ocorrido se crianças e adolescentes não tivessem brincado com armas. Note-se que nestes casos mesmo o assassino é vítima também, porque arcará pelo resto da vida com as conseqüências de um ato impensado, de um instante no qual faltou a lucidez. Ter uma arma de fogo em casa representa assim não só o risco de matar alguém por motivo fútil, mas também de ser preso e sofrer as conseqüências legais, sociais, econômicas e psicológicas de tornar-se um criminoso. Como a primeira titular de ma Delegacia de Defesa da Mulher e parlamentar que sempre pautou-se no combate á violência doméstica devo dizer ainda que a mulher é uma das vítimas preferenciais destas situações. Em um grande número de casos nos quais ocorre conflitos familiares se existe uma arma na casa ela acabará sendo utilizada, cedo ou tarde, e na quase totalidade dos casos a vítima é a mulher. O argumento de que o desarmamento não atingirá os bandidos me parece fraco porque, como provam as estatísticas, uma boa parte das armas nas mãos deles vem justamente da compra legal. Além disto a proibição do comércio de armas no país garantirá à polícia mais instrumentos de controle efetivo do armamento. Porém, mesmo que este argumento fosse verdadeiro, é preciso levar em conta que a tarefa de combater a criminalidade é das forças de segurança. A idéia do cidadão ter uma arma para "proteger-se" acaba levando ao extremo das pessoas considerarem correto "fazer justiça com as próprias mãos" e a história mostra que em geral esta concepção termina em tragédia. A verdade é bem outra, ao invés de complementar ou auxiliar o trabalho da polícia e garantir a segurança dos cidadãos a utilização de armas de fogo costuma produzir o efeito justamente contrário, gerando ela própria crimes que poderiam ser evitados.
*Rosmary Corrêa (PSDB), delegada Rose, é deputada estadual e membro das Comissões de Segurança Pública e Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de São Paulo. Foi titular da primeira Delegacia da Mulher criada no país.
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