Meias verdades

O pior cego, como se sabe, é aquele que não quer ver. Ou melhor: aquele que só vê o que a sua miopia política lhe permite enxergar. Por que eu escrevo isso? Porque, há poucos dias, jornais e blogs reproduziram trechos de uma entrevista concedida pelo jornalista e professor da USP, Bernardo Kucinski, no início de dezembro, ao sítio "Agência Repórter Social". Nela, ele faz uma série de críticas ao governo e à imprensa. Umas me parecem acertadas; outras, fora de qualquer propósito.
Antes, porém, é preciso lembrar o distinto público de que o professor é assessor especial da Secretaria de Comunicação Social do Governo Federal. Desde 1998, é responsável por uma crítica diária de tudo (ou quase) que é publicado na imprensa, material que é entregue ao presidente da República. Se Lula da Silva lê ou não lê o que lhe chega às mãos é outra história.
Segundo o professor, "nós (o governo do qual faz parte) fomos ousados em alguns campos sociais, na política externa, mas conservadores, retrógrados e até burros na política econômica". A meu ver, ele erra quando faz elogios aos ditos programas sociais e aos supostos avanços na política externa. O programa Bolsa-Família dá a esmola, mas não se preocupa nem um pouco em apresentar alternativas que tirem legião de pessoas da carência absoluta em que se encontram. Ao contrário. O governo parece querer perpetuar a pobreza, para " quem sabe? " tentar reeleger o atual ocupante do Palácio do Planalto. Bem, quanto à política externa, é preciso lembrar que o aumento das exportações e do saldo da balança comercial pouco tem a ver com a eficiência do governo. É fruto, isto sim, do esforço dos empresários brasileiros. O governo Lula da Silva fez muito barulho neste campo. Mas, na prática, colheu quase nada.
Kucinski acerta quando faz críticas à política econômica. Talvez ele, como petista de longa data, pretendesse que o governo desse curso às maluquices e bravatas que orientaram, no tempo de oposição, os documentos do partido. Teria sido uma tragédia. Nem por isso se pode negar que, para usar as próprias expressões do mestre, a política econômica atual é, sim, "conservadora, retrógrada e burra". Não por acaso, sob o comando do atual governo, o crescimento da economia brasileira ficou sempre muito abaixo do verificado em outros países emergentes e aquém da média mundial. Falta de competência e de planejamento não costuma resultar em boa coisa.
Acerta ainda o professor quando afirma, entre outras coisas, (1) que o presidente "não se submete a questionamentos" de jornalistas, (2) que o PT errou no "trato" com a mídia, (3) que, exceto ele (Kucinski), no governo, ninguém "tem coragem para dizer a verdade" a Lula e (4) que "não há o menor planejamento", também na área de Comunicação. O crítico, porém, erra feio quando afirma que Lula sempre foi "maltratado" pela mídia: "Tudo era distorcido para mostrá-lo como propenso à corrupção".
Ora, ninguém foi tão protegido como Lula da Silva. Questionar sua formação intelectual precária e sua inexperiência era praticamente pedir para ser queimado em praça pública. E isso não faz muito tempo. Até onde me lembro, jamais li ou ouvi algo que fizesse referência à sua "propensão à corrupção". Ao contrário. Lula e o PT sempre saíram na foto como os paladinos da moralidade. Deu no que deu.
Milton Flávio é professor de Urologia da UNESP, deputado estadual pelo PSDB e vice-líder do governo na Assembléia Legislativa de São Paulo
miltonflavio@al.sp.gov.br
www.miltonflavio.org
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