Haitianos pedem retirada das tropas da ONU de seu país


Delegação formada por camponeses haitianos e representantes de comitês internacionais em defesa do Haiti foram recebidos pelo deputado José Candido (PT), em 16/10, na Assembleia paulista. Os camponeses estão no Brasil, onde permanecerão por um ano, como parte de sua mobilização pela retirada das tropas da ONU de sua nação, e vieram à Casa pedir o apoio dos parlamentares à sua luta. A data da manifestação foi escolhida por tratar-se do dia em que o Conselho de Segurança da ONU, reunido em Genebra (Suíça), votaria a permanência das tropas naquele país. O conselho decidiu manter os soldados da chamada força de paz ali baseada até 15/10/2011.
Além do deputado José Candido, a mesa dos trabalhos foi composta por Bárbara Corrales, do comitê Defender o Haiti é Defender a Nós Mesmos, que presidiu os trabalhos; Markus Sokol, do Diretório Nacional do PT; Marcelo Buzzetto e Maria Goretti de Souza, do MST; mãe Kika Bessen, do Comitê de Luta contra o Racismo; Milton Barbosa, do MNU; e Pierre Palestri, que falou em nome da delegação haitiana. As falas foram traduzidas do francês por Sokol e Francisco Bucieri (MST), e do criolo por Paulo e Lúcia Skromov (Comitê Pró-Haiti).
O manifesto
Pierre Palestri apresentou, em nome das diversas organizações civis haitianas, as razões da luta de seu povo para que a ONU retire dali suas tropas. Os argumentos fazem parte de manifesto assinado pelas organizações civis e enviado ao comandante civil da Minustah (sigla em francês para a missão militar da ONU no Haiti), Edmond Mulet (leia box sobre a missão e a história haitiana nesta página).
Segundo Palestri , a população haitiana, composta por 80% de camponeses, não teve suas condições de vida melhoradas pela presença da força de paz, e o que mais necessitam, principalmente após o terremoto que no início deste ano praticamente destruiu a nação, é de colaboração técnica para que seja possível reconstruir, de fato, o Haiti. Quem mais sofre com a situação, de acordo com Palestri, são as mulheres (50% da população), "sempre as primeiras vítimas da miséria em toda parte, por não poderem defender, nessas condições, sua dignidade e o direito à saúde e à educação de seus filhos".
Impunidade
As afirmações do haitiano foram corroboradas por Markus Sokol e Lúcia Skromov que, em entrevista ao Diário da Assembleia, traçaram um quadro dramático das condições de vida daquele povo, que, se já eram ruins antes do terremoto, pioraram muito após o acontecido.
Ambos já estiveram diversas vezes no Haiti e puderam constatar in loco o que narraram ao jornal. Para Sokol, a presença militar num país pobre e semidestruído complica a situação do povo, que acaba submetido a militares estrangeiros com poder de polícia, sem que seja possível contar com um amparo efetivo de seu próprio governo em defesa de sua integridade. Para ilustrar suas afirmativas, Sokol relatou ainda que, em agosto deste ano, um professor foi assassinado e que, apesar de as evidências indicarem que os homicidas tenham sido por militares estrangeiros, não houve investigação oficial para apurar os fatos e punir os culpados.
Lúcia Skromov defendeu a necessidade de os haitianos conseguirem ajuda especializada para reconstruir sua comunidade. "Eles não precisam de soldados, precisam de médicos, enfermeiros, técnicos e especialistas para terem condições de reconstruir sua nação", enfatizou. Quanto aos recursos financeiros que a comunidade internacional enviou ao Haiti após o terremoto, disse ela que foram em sua maior parte desviados de seus fins.
Lúcia também traçou um panorama da importância histórica da nação, já que o Haiti foi o primeiro país americano a abolir a escravatura, em 1794, e o primeiro da America Latina a declarar sua independência (em relação à França), em 1804.
Bárbara Corrales destacou a importância da retirada das tropas para coibir os assassinatos de civis que têm ocorrido no Haiti, sem a devida investigação dos fatos e punição dos responsáveis. Ela leu carta do comitê Defender o Haiti é Defender a Nós Mesmos neste sentido, e informou a existência de um abaixo-assinado, que corre o Brasil, em apoio à retirada das tropas.
O deputado José Candido deu as boas-vindas aos haitianos ao Brasil, afirmando que a luta deles é a mesma do povo brasileiro, que também está mobilizado para que o Haiti alcance as mesmas conquistas sociais, políticas e econômicas já obtidas pelo Brasil, e avance ainda mais nelas.
Haiti: um pouco de história
Porta de entrada do Caribe e do continente americano, o Haiti (em criolo haitiano Ayiti), desde que ali chegou Cristóvão Colombo, em 5 de dezembro de 1492, tem sido objeto de desejo de nações europeias, e depois, dos Estados Unidos. Os primeiros humanos nesta ilha, (quisqueya para os índios arauaques e caraíbas) chegaram à ela há mais de 7 mil anos. A grande ilha, "descoberta" por Colombo e denominada Hispaniola (na época da dominação francesa, passou a chamar-se São Domingos), está atualmente dividida entre dois países: o Haiti, que ocupa um terço do território da ilha, fazendo fronteira terrestre com a República Dominicana, a leste. Além desta fronteira, os territórios mais próximos são as ilhas Bahamas e Cuba a noroeste, Turks e Caicos a norte, e Navassa a sudoeste. A capital é Porto Príncipe (Port-au-Prince).
A parte da ilha onde hoje se situa o Haiti foi cedida pela Espanha à França em 1697. No fim do século 17, quase toda a população nativa havia desaparecido, escravizada ou morta pelos conquistadores. No século 18, a região foi a mais próspera colônia francesa na América, graças à exportação de açúcar, cacau e café.
O primeiro bloqueio econômico decorreu justamente de sua declaração de independência, em 1804, após o líder Jean Jacques Dessalines organizar o exército, derrotar os franceses e tornar-se seu primeiro imperador. Em retaliação à ousadia, europeus e norte-americanos mantiveram o Haiti sob bloqueio comercial por 60 anos.
O fim do bloqueio veio por um preço que comprometeria a economia local, quando o governo de Jean Pierre Boyer, cercado pela frota da ex-metrópole, assinou um tratado pelo qual seu país pagaria à França a quantia de 150 milhões de francos a título de indenização (pela independência). A dívida depois foi reduzida para 90 milhões, o que não impediu que a nação fosse exaurida economicamente.
De 25 de maio de 1964 a 25 de fevereiro de 1986, o país viveu sob a ditadura familiar de François e Jean-Claude Duvalier.
As forças de paz e o terremoto
A Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti ou Minustah (sigla derivada do francês: Mission des Nations Unies pour la stabilisation en Haïti), é uma missão de paz criada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em 30 de abril de 2004, por meio da resolução 1542, para restaurar a ordem no Haiti, após um período de insurgência e a deposição do presidente Jean-Bertrand Aristide.
A missão está no país desde junho de 2004 e era chefiada pelo diplomata tunisiano Hédi Annabi, que faleceu em 12 de janeiro, durante o terremoto de 2010. Em outubro de 2010, o Conselho de Segurança da ONU decidiu ampliar o mandato da Minustah até 15 de outubro de 2011 e reafirmou seu compromisso de ajudar na reconstrução do país, após o terremoto de janeiro de 2010.
As forças de paz foram comandadas por diversos militares brasileiros de 2004 a 2009, com uma interrupção pela morte do general Bacellar, em 2006, quando o comando foi assumido interinamente pelo general chileno Eduardo Aldunate Herman. Atualmente, comanda as forças de paz o também brasileiro general Floriano Peixoto Vieira Neto.
Fonte: wikipedia.
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