Na data em que se comemoram os 453 anos de fundação do Colégio de Piratininga pelos jesuítas Nóbrega e Anchieta, o Diário da Assembléia associa-se às homenagens, reproduzindo nestas páginas obras do Acervo do Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, que enfocam épocas e interpretações diversificadas de nossa "Paulicéia Desvairada". Em todas elas, a visão dos artistas é, sobretudo, um ato de amor a São Paulo.

André Lombardi " Martinelli, Década de 30

Trata-se de um pintor que, ao libertar-se das matrizes que tanto contribuíram na sua formação, revela a segurança de uma paleta cromática e uma sólida instalação construtiva, que sem forçar situações consegue criar atmosferas pictóricas exatas, incluindo ao mesmo tempo um sentido de autêntica poesia.

Nilda Luz " É madrugada em São Paulo

Pintura original, forte, convidativa, rica de conteúdo e paralelamente uma grande lição de técnica. Sua autora segue o seu caminho insólito, difícil, mas verdadeiramente nobre.

Suzana Garcia " São Paulo em dois tempos

Seu desenho cavado retalha o contorno das imagens dando-lhes uma estrutura incisiva, enquanto sua pintura, bastante monocromática, segue uma linha expressionista, onde a própria estrutura eloqüente constitui uma metáfora do sentimento.

Vagner Aniceto " Série Metrópoles 27/55

A ânsia criadora desse artista abre uma brecha metafísica sobre o poder de edificação das metrópoles com os milhares de problemas que a vida da cidade de hoje apresenta. Sob os seus tetos existe a tentativa humana de rebelião à prisão do espírito pela matéria.

Cristiane Carbone " Palácio 9 de Julho

Movida por uma incansável vontade de contar a nossa história através da cor e do desenho, a artista relata de si, de sua paixão por São Paulo, das coisas e das paisagens que a circundam. Sua relação com a realidade é fecunda, séria e enriquece todos quantos amam descobrir a memória de nosso passado.

Rodrigues Coelho " Os Legislativos Paulistas através do tempo

Mesmo no vigor com que explora fundamentos contemporâneos e leis prospectivas o artista permanece instintivamente realista circunscrevendo sua atividade ao tema. Além de cumprir uma sutil operação cromática, ele substancia os espaços dinâmicos entre luz e massas em movimento.

Gil Sabino " Parque do Ibirapuera

O pintor responde em substância à solicitação do ser humano de nossos dias, que, envolvido por uma vida absurda e neurótica, pede um pouco de poesia para emergir, como em frente a uma visão repousante e distensiva, num verdadeiro "banho restaurador".

Cristina Cangueiro " Outono em São Paulo

Com tintas quentes ou frias, sua obra apresenta uma arquitetura que varia entre uma transposição de luzes, às vezes tênues, e a mítica distribuição das cores, reveladoras da interioridade e da intensidade emotiva da artista.

Dalva Gianello " Parque Dom Pedro II

Dotada de sensibilidade em relação à natureza, alheia às problemáticas postas por um cerebralismo complexo, a pintora olha para a realidade com sincera ternura. Sob o perfil técnico, seus quadros, revelam grande segurança de metier, enquanto a interpretação do tema é preferencialmente lírica.

Gregório Gruber " Palácio das Indústrias"

Cronista do nosso tempo, pesquisando a transformação de nossa metrópole, o artista procura registrar as etapas de seu desenvolvimento, mas também de sua decadência. A exemplo do homem urbano, seus quadros refletem a solidão do cotidiano.

Koji Nakano " Museu do Ipiranga

Por sorte, ainda existem artistas apaixonados por São Paulo e por sua história que se preocupam em preservá-la. Esse é o caso desse pintor, que tem se dedicado a uma releitura cuidadosa e oportuna dos antigos recantos de nossa Paulicéia.

Lucio Tamino - O Municipal iluminado

A obra traduz a emoção que o coração sugere, fixando sobre a tela aspectos palpitantes de vitalidade, ricos de movimentos, com uma musicalidade cromática e uma harmonia de linhas e formas que colocam em relevo os detalhes da edificação, numa encantadora luminosidade.

Margot Dreger - São Paulo fascinante

Impulsionada por uma necessidade interior, a artista persegue, de obra em obra, sua precisa concepção unitária de pintar com uma grande fantasia e liberdade. Sua metrópole é projetada com gosto moderno através de um cromatismo geometricamente seguro, eficaz e variado.

Maria Lucia Panicucci " Parque do Ibirapuera

Sua obra constitui documento importante para a iconografia paulistana de hoje e de amanhã e é também um desses testemunhos que ultrapassam a realidade e representam uma tensão espiritual extremamente rara em nossos dias.

Tarzio Tomei - Metrópole Embotelhada

É evidente sua propensão a reordenar os significados lingüísticos da forma e suas malversações descritivas. Sua pesquisa pictórica está centrada na análise da realidade da metrópole, criticamente entendida como um local prosaico e alienante, onde se consome a vulgarização do pensamento.