O aviltante e criminoso ataque de mais de 500 sem-terra contra a Câmara dos Deputados, ocorrido na terça-feira, dia 6, em Brasília, acabou sendo mais um episódio negro da vida brasileira, confirmando a necessidade de se colocar em prática urgentes reformas nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. A idéia de impunidade tem sido a característica de fatos negativos vividos pelo Brasil nos últimos meses.

Entre outros acontecimentos, pode-se relembrar os comprovados casos de corrupção no próprio Congresso, com a participação de funcionários do governo federal; outras invasões de sem-terra contra propriedades particulares e do poder público; os violentos ataques do PCC contra alvos policiais e civis no Estado de São Paulo; o aumento da onda de seqüestros no País; a comédia do adiamento do julgamento de Suzane von Richthofen e dos irmãos Cravinhos e o benefício concedido pela Justiça ao jornalista Pimenta Neves de poder esperar em sua casa a apreciação de recursos contra sua condenação a 19 anos de prisão pelo assassinato de sua ex-namorada.

Dá para se perceber que cada um desses episódios tem relação com os outros. Tudo isso representa o grau de impunidade que tomou conta do País e que requer ações drásticas de todos os setores da sociedade. Em princípio, os cidadãos poderão dar sua resposta aos políticos corruptos nas eleições de outubro. Mas a atual situação deixa margem para a completa baderna e exige que cada setor do Brasil dê sua contribuição para a volta da ordem.

O líder do grupo que atacou a Câmara dos Deputados, deixando um rastro de destruição e de feridos, é integrante do partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governo federal, por sua vez, tem sido incrivelmente tolerante com os sem-terra que invadem e destroem propriedades em nome de um direito que, afinal, derruba direitos de outras pessoas.

No Estado de São Paulo, já existem organizações de pessoas para tentar combater as invasões de terras e os seqüestros. Inúmeras famílias de todas as classes sociais, tanto da Capital e Grande São Paulo quanto no Litoral e no Interior, são ameaçadas por seqüestradores, que se inspiram na impunidade. O medo de ser seqüestrado e a certeza de que a Polícia tem poderes limitados para dar proteção às pessoas levaram alguns empresários a fundar uma entidade, que recebeu o nome de Apoio. Essa inusitada ONG foi criada para tentar ajudar a Polícia paulista no combate aos seqüestros: a idéia é de arrecadar fundos para comprar mais aparelhamento da Polícia.

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) determinou, na terça-feira, que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e as operadoras de telefonia celular restabeleçam os sinais nas regiões próximas a presídios localizados em cinco municípios do Interior. No despacho, o juiz Alex Tadeu Monteiro Zilenovski, do Departamento de Inquéritos Policiais e Polícia Judiciária (Dipo), disse que o bloqueio não resolve a questão do PCC. E não resolve mesmo: o importante é controlar por completo as cadeias.

Afanasio Jazadji é radialista, advogado e deputado estadual pelo PFL