Configuração da Estação Ecológica da Jureia-Itatins é novamente pauta de discussão
23/10/2012 20:52 | Da Redação: Paulo Meirelles Fotos: Roberto Navarro









Aconteceu na manhã desta terça-feira, 23/10, na Assembleia, novo debate sobre o Projeto de Lei 60/2012, do Executivo, que altera a configuração da Estação Ecológica da Jureia-Itatins. A proposta apresentada pelo governo é oriunda da Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo e, segundo a justificativa do projeto, o objetivo, ao reclassificar as áreas da Estação Ecológica da Jureia-Itatins em um Mosaico de Unidades de Conservação, foi trazer um avanço na conservação da biodiversidade na região, permitindo a modernização da sua gestão ambiental.
Ainda para justificar a iniciativa, o governo lembra que a unidade de conservação foi criada antes de lei que estabeleceu um sistema nacional de conservação que permitisse o desenvolvimento dessas comunidades tradicionais.
Mudanças
O projeto cria alguns parques estaduais na área, como o Parque Estadual do Itinguçu, nos municípios de Peruíbe e Iguape, e o Parque Estadual do Prelado, também no município de Iguape.
A gleba conhecida como Barra do Una, no município de Peruíbe, passa a ser a Reserva de Desenvolvimento Sustentável " RDS da Barra do Una, destinada à comunidade tradicional caiçara residente na Vila Barra do Una. A gleba conhecida como do Despraiado, em Iguape, passa a ser a Reserva de Desenvolvimento Sustentável " RDS do Despraiado, destinada à comunidade tradicional residente no Despraiado.
O projeto de lei agrega áreas dos municípios de Iguape, Peruíbe, Miracatu e Itariri ao perímetro da Estação Ecológica da Jureia-Itatins. Na nova concepção proposta, as Ilhas do Abrigo e Guararitama passam a constituir o Refúgio de Vida Silvestre.
Na proposta do governo haverá um esforço para compatibilizar a conservação ambiental com as populações tradicionais que habitam a área. Quanto às populações residentes nas unidades de conservação que não se enquadram na definição de população tradicional e que têm sua subsistência vinculada à agricultura, elas serão beneficiárias de assentamento rural a cargo da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo. As áreas de domínio particular inseridas nos perímetros incorporados à Estação da Jureia-Itatins serão declaradas de utilidade pública para fins de desapropriação.
Discordâncias
Foram levantadas algumas discordâncias, entre elas a extensão da área do Despraiado até Miracatu, porque, segundo afirmaram alguns moradores durante audiência pública em Peruíbe, realizada em 2011, a última é uma área de conflito e de invasores. Ainda em relação à RDS do Despraiado, a comunidade solicita que, ao invés da extensão dos limites para o norte, onde estão áreas de morro, ela seja estendida para a área da planície onde há a possibilidade do cultivo sustentável.
Há também a solicitação da inclusão de comunidades que ficaram fora dos limites da reserva.
Opiniões
Para Malu Ribeiro, da coordenação de projetos da SOS Mata Atlântica, o conceito de Mosaico de Unidades de Conservação, mantendo o coração da reserva, é uma medida de justiça para estas comunidades que estavam na área antes da implantação da Jureia-Itatins, e acaba com conflitos surgidos quando da implantação da reserva e de litígios por questões fundiárias. Permitiria a regularização das moradias das famílias tradicionais e evitaria a ocupação da área por moradores não tradicionais.
A ambientalista lembra que na Casa existem três propostas tramitando, a do governo, que foi aprovada pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente, uma emenda aglutinativa, que contempla reivindicação de moradores e amplia um pouco a área das Reservas de Desenvolvimento Sustentável, e ainda um substitutivo. "O ideal para que não haja mais conflitos é que haja apoio do Legislativo à proposta do Executivo", considerou.
Malu atribui a situação de indefinição presente na área à omissão do governo, que não tomou a iniciativa, quando criou a reserva, de remover e indenizar os proprietários e implementar uma estrutura de gestão e fiscalização.
A proposta, para a representante da SOS, é conciliatória e possível. Segundo ela, as atenções deveriam se voltar agora para a implementação de um plano de manejo e para o apoio às comunidades, para que elas se tornem autossustentáveis. Outro ponto apresentado é a necessidade de um levantamento socioeconômico e antropológico dos moradores para se estabelecer quem de fato pode ser enquadrado como morador tradicional.
A defesa dos moradores é a premissa em que se apoia a Defensoria Pública para analisar a proposta governamental. Para Maira Diniz, o projeto não contempla todas as comunidades presentes na região. A representante informa que a Defensoria impetrou uma ação judicial para garantir o direito dessas comunidades.
Na opinião de Maira, é necessário que haja um estudo completo para identificar quem pertence à comunidade tradicional. Isso servirá de base para a implantação de uma política pública que garanta a sustentabilidade das populações tradicionais e a proteção da área.
Projeto de consenso
"A nossa expectativa é de que possamos chegar a um projeto de consenso sem que o governo atropele a tramitação da proposta. Precisamos analisar todas as considerações feitas pela comunidade, pelos ambientalistas e pelo próprio governo", afirmou o deputado José Zico Prado (PT).
Para o presidente da Comissão de Meio Ambiente, Beto Trícoli (PV), o projeto apresentado pelo governo busca corrigir situações que estão pendentes, e é necessário contemplar as comunidades presentes na região sem esquecer que a área é tombada pelo Condephaat, além de ser uma reserva ambiental de importância planetária.
Segundo o parlamentar, é viável que seja elaborada uma emenda aglutinativa que possa aprimorar o projeto.
O ex-secretário do Meio Ambiente, Fábio Feldmann ressaltou que a proposta contempla amplamente as questões que envolvem as populações, mas pode ser aprimorada. Para ele, os esforços devem ser concentrados na implementação da unidade de conservação e na instituição de uma política clara de apoio às comunidades tradicionais.
João Paulo Capobianco, ambientalista, acredita que a proposta é ampla e leva em consideração 80% da população inserida na área, além de proteger o bioma mais importante do litoral brasileiro. Segundo o ativista, "há espaço para incluir salvaguardas para as famílias que residem na estação ecológica, mas ficarão fora da reserva de desenvolvimento sustentável, dando garantias de permanência e apoio nas atividades de subsistência, sem descaracterização da reserva".
Também participaram dos debates o deputado Adriano Diogo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos; a presidente do Condephaat, Fernanda Falbo Bandeira de Mello; o representante da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, José Pedro; o professor da Unicamp, Walter Mauro; a prefeita de Iguape, Maria Elizabeth Negrão Silva, além de representantes da população local e de entidades ambientalistas.
Notícias mais lidas
- Deputado participa de missão oficial a Taiwan e busca ampliar cooperação com potência asiática
- Aprovado na Alesp, novo valor do Salário Mínimo Paulista, de R$ 1.804, é sancionado
- Entra em vigor hoje o novo Salário Mínimo Paulista, de R$ 1.804
- Vitória dos pescadores: artigo que restringia acesso ao seguro-defeso é suprimido
- Alesp aprova projeto que garante piso salarial nacional a professores paulistas
- São Vicente: a importância histórica da primeira cidade do Brasil
- Na Alesp, familiares, amigos e colegas de profissão se despedem do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes
- Sindicatos da Polícia Civil cobram envio de projeto da nova Lei Orgânica à Alesp
- Demanda antiga, Lei aprovada na Alesp unificou categoria de policiais penais
Lista de Deputados
Mesa Diretora
Líderes
Relação de Presidentes
Parlamentares desde 1947
Frentes Parlamentares
Prestação de Contas
Presença em Plenário
Código de Ética
Corregedoria Parlamentar
Perda de Mandato
Veículos do Gabinete
O Trabalho do Deputado
Pesquisa de Proposições
Sobre o Processo Legislativo
Regimento Interno
Questões de Ordem
Processos
Sessões Plenárias
Votações no Plenário
Ordem do Dia
Pauta
Consolidação de Leis
Notificação de Tramitação
Comissões Permanentes
CPIs
Relatórios Anuais
Pesquisa nas Atas das Comissões
O que é uma Comissão
Prêmio Beth Lobo
Prêmio Inezita Barroso
Prêmio Santo Dias
Legislação Estadual
Orçamento
Atos e Decisões
Constituições
Regimento Interno
Coletâneas de Leis
Constituinte Estadual 1988-89
Legislação Eleitoral
Notificação de Alterações