Mulheres que sobreviveram à repressão militar contam suas histórias
14/03/2013 22:06 | Da Redação: Gabriel Cabral Fotos: Dulce Akemi



Ainda nesta quinta-feira, 14/3, no período da tarde, a Comissão da Verdade ouviu depoimentos de Ieda de Seixas e Elza Lobo, torturadas e mantidas presas, muitas vezes ao lado de seus familiares, durante a ditadura militar.
"Família que é unida, permanece unida até na prisão." Assim Ieda de Seixas define a forma como ela, aos 24 anos, e sua família foi levada de casa pelos órgãos repressores, em 16 de abril de 1971.
Ieda contou que seu pai foi separado do restante da família. Seu irmão foi deixado aos cuidados de uma tia (esta também vítima de tortura no Estado Novo). Sua irmã, sua mãe e ela permaneceram juntas na ala feminina da chamada Torre das Donzelas, onde também ficou a presidente Dilma Rousseff. Foram 60 dias em celas improvisadas, dormindo no chão. Depois foi transferida para a penitenciaria feminina. "Para todo lugar que eu olhasse, uma funcionária ou freira me vigiava." Contou ainda que sua mãe sofreu um infarto na prisão.
Nas idas e vindas de diversas cadeias, Ieda foi torturada e violentada sexualmente. Seu pai foi morto pela ditadura, e a família permaneceu vigiada por muito tempo.
"Conseguimos sobreviver e renascemos das cinzas, porque somos mulheres e brasileiras", finalizou Ieda emocionada, que até hoje vive o trauma de não ficar de costas para porta em nenhuma circunstância, pela sensação de estar sendo vigiada.
Cadeira do dragão
Elza Lobo trabalhava no Departamento de Pessoal da Secretaria da Fazenda. Foi detida quando chegava a sua casa, em 10/11/1969, pelo capitão Maurício, da Oban. Seus irmãos também estavam em casa, mas a mãe acompanhava seu pai, que sofrera um derrame, e estava hospitalizado.
Depois de presa, Elza teve a cabeça coberta por um capuz. "Fui levada a um túnel, que nenhum outro preso mencionou, onde escorria água pelas paredes. Fui interrogada e torturada na cadeira do dragão, com choques nos dedos e nos órgãos genitais. Quando queria ir ao banheiro, batia à porta e, muitas vezes, era ignorada." Lá, conseguiu se banhar apenas duas vezes. Elza ouviu outros serem torturados e afirmou que tudo isso fere a dignidade e leva à degradação psicológica.
Elza passou a trabalhar, levando pratos de comida para as celas. Com alguns padres presos, fez celebrações religiosas para unir os grupos e partilhar informações. Além disso, ajudou mães impedidas de amamentar, com compressas para aliviar as dores nos seios.
Convocação de delegado
Amélia Teles, integrante da Comissão da Verdade, questionou se os locais de tortura e prisão não poderiam ser considerados campos de concentração, pela imposição de trabalho aos presos. Elza e Ieda concordaram.
Amélia, que está compondo dossiês dos relatos de presos políticos, solicitou que a comissão convoque o delegado de Polícia, David Araújo dos Santos, pelas diversas citações feitas nas reuniões da comissão sobre sua atuação na repressão a presos políticos. "É necessário que ele preste esclarecimentos sobre os crimes que cometeu", finalizou.
Adriano Diogo (PT), presidente da Comissão da Verdade, agradeceu a presença de todos.
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