Denúncia de escravidão no Grupo GEP


22/04/2013 20:40 | Da assessoria do deputado Carlos Bezerra

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Nelson Volpato e Carlos Bezerra Jr.<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2013/fg124021.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Os argumentos utilizados por Nelson Volpato, diretor executivo do Grupo GEP, durante audiência na Assembleia, na semana passada, para explicar denúncias de escravidão, não convenceram o deputado Carlos Bezerra Jr. (PSDB). Para ele, as alegações do representante das marcas Luigi Bertolli e Emme sobre a denúncia de escravidão são incoerentes.

Em março, fiscalização do Ministério Público do Trabalho (MPT) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) encontrou 28 bolivianos trabalhando em condição análoga a de escravidão em oficina de costura clandestina no Belenzinho, zona Leste da capital paulistana. Os imigrantes produziam roupas para as grifes Luigi Bertolli e Emme. Desde então, a diretoria da empresa vem afirmando desconhecer o fato.

"O senhor me parece confuso. Ou sua empresa controla a qualidade dos seus produtos, como diz a nota que os senhores divulgaram à imprensa, e sabia do crime, ou não controla a qualidade da produção e desconhecia a exploração " hipótese que considero remota. Com qual versão eu devo ficar? Porque as duas se anulam", afirmou o deputado Carlos Bezerra Jr, vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos e responsável pela convocação da empresa.

Volpato culpou seus fornecedores pelo caso de escravidão " mesma resposta utilizada pela Zara e pela Racional Engenharia quando convocadas pela comissão por denúncia de escravidão. "A empresa que contratamos nos traiu. Nós não tínhamos conhecimento do caso", justificou-se. Ao ser questionado se já tinha ouvido falar sobre trabalho escravo em confecções de costura, o executivo foi reticente. "Já ouvi falar de alguns casos", disse.

As explicações não convenceram Bezerra Jr. "Acho difícil uma empresa desse porte desconhecer o que acontece no processo de produção de suas roupas. Porém, nem mesmo isso os exime juridicamente da responsabilidade. Porque quem fica com os lucros é a sua empresa. Seus argumentos não convencem. O lamentável é saber que isso ocorre e que tem muita gente ganhando dinheiro com isso", rebateu Bezerra.

Durante a audiência, foi mencionada a nova lei paulista contra o trabalho escravo, que cassa o registro de ICMS de empresas que se beneficiam de escravidão. Em entrevista concedida à imprensa, Bezerra Jr. explicou a importância da legislação e afirmou que a regulamentação está sendo finalizada. "Essa lei é apresentada como referência mundial pela Organização das Nações Unidas, e sua regulamentação está em reta final. Com essa legislação, sem dúvida, não haverá impunidade para empresas que exploram trabalhadores como escravos", explicou.

A audiência contou com a participação dos deputados da Comissão de Direitos Humanos da Casa, de represetante do Ministério do Trabalho, o chefe do Programa de Erradicação do Trabalho Escravo, Renato Bignami, de representantes das comunidades andinas e de sindicatos de trabalhadores, e jornalistas.



carlosbezerrajr@al.sp.gov.br

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