Comissão da Verdade ouve depoimento da irmã de Joelson Crispim

Militante da VPR, Crispim trabalhava como operário
24/04/2013 20:08 | Da Redação: Daniela Camargo Fotos: Márcia Yamamoto

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 Denise Crispim e Adriano Diogo <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2013/fg124123.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Maria Amélia Telles<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2013/fg124124.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Deputados e público <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2013/fg124125.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Maria Auxiliadora, Denise Crispim, Adriano Diogo e Amélia Teles <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2013/fg124126.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Maria Auxiliadora, Denise Crispim, Adriano Diogo e Amélia Teles<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2013/fg124127.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Na 33ª audiência da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo Rubens Paiva, presidida pelo deputado Adriano (PT), tratou-se dos casos de Joelson Crispim, Henrique Cintra Ferreira Ornellas e Carlos Roberto Zanirato.

Zanirato, morto em 29/6/1969, e Crispim, morto em 20/5/1971, militavam na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). De acordo com a versão oficial, Zanirato morreu ao se jogar contra um ônibus em movimento quando era conduzido por policiais a um encontro com seus companheiros. Foi enterrado como indigente.

Crispim, de forma semelhante, embora tenha sido identificado como mostram os documentos do Dops, deu entrada no IML como desconhecido, com requisição marcada com um "T" em vermelho, indicando tratar-se de "terrorista". A versão oficial afirma que a morte teria ocorrido por tiros em um tiroteio.

Henrique Cintra Ferreira Ornellas, morto em 21/8/1973, não tinha militância partidária conhecida. Era advogado criminalista formado pela faculdade de Direito da USP. De acordo com informações prestadas à imprensa pelo general Antônio Bandeira, Henrique teria se suicidado no local onde estava preso para averiguações, em Brasília.

À Comissão da Verdade, compareceu Denise Crispim, irmã de Joelson. Denise, personagem do filme de Maria de Medeiros "É tudo verdade", que retrata três gerações de mulheres militantes políticas " Denise, sua mãe e sua filha " contou que viveu grande parte da sua vida na clandestinidade ou na semilegalidade.

Seu pai, ex-sargento do Exército e preso político durante o Estado Novo, integrou a bancada Constituinte do PCB, em 1946. Foi cassado em 1947, logo após o término da Constituinte. Sua mãe, militante da VPR, foi presa e banida do país em 13 de janeiro de 1971, por ocasião do sequestro do embaixador da Suíça no Brasil. Denise era companheira de Eduardo Collen Leite, o Bacuri, dirigente da Rede (Resistência Democrática) assassinado sob tortura em 8/12/1970.

Denise e o irmão trabalhavam como operários. Joelson, segundo Denise, era muito mais implicado do que ela e, embora não possuísse conhecimento da doutrina marxista, a conhecia plenamente na prática, pois viu o pai atuar e viver de acordo com ela toda sua vida.

A principal função de Joelson na resistência era a falsificação de documentos, prática em que se especializou atingindo a perfeição. Denise refutou veemente a versão oficial da morte do irmão, afirmando ter ele sido assassinado por agentes da repressão.

Nesta audiência, Adriano Diogo também falou sobre a argentina Estela Carlotto e projetou matéria do jornal La Nación em que ela, uma das "Avós da Praça de Maio", diz que, em audiência marcada com o papa, pedirá a ele que interceda junto à igreja católica no sentido de que esta diga o que sabe sobre as crianças filhas de presos políticos, desaparecidas na ditadura militar argentina.

Maria Amélia Telles, assessora da comissão, anunciou a sequência de audiências que acontecerão de 6 a 10 de maio, na Assembleia Legislativa, sobre filhos e netos de militantes políticos da época da ditadura militar brasileira.

alesp