Comissão da Verdade ouve depoimentos sobre dois militantes do PCdoB
25/04/2013 22:18 | Da Redação: Monica Ferrero Fotos: Dulce Akemi



A Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva, presidida pelo deputado Adriano Diogo (PT), ouviu nesta quinta-feira, 25/4, testemunhos sobre os casos de Carlos Nicolau Danielli e Luiz Ghilardini. Ambos eram militantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e, embora tenham morrido sob tortura na prisão, inicialmente em seus atestados de óbito constava que teriam morrido em confronto com a polícia, conforme memorial lido pelo coordenador da comissão, Ivan Seixas.
Danielli foi preso, junto com Maria Amélia Teles e seu marido Cesar Augusto Teles, em 28/12/1972, na Vila Clementino, na capital. Ainda segundo testemunho de Maria Amélia, eles foram levados ao DOI-Codi, onde foram torturados. Três dias depois Danielli morreu, provavelmente de hemorragia interna, e foi enterrado como indigente, em vala individual, no cemitério de Perus. As torturas foram conduzidas por diversas equipes, chefiadas por Carlos Alberto Brilhante Ustra.
Segundo Maria Amélia, "Danielli foi um herói, não falou sequer seu nome, e procurou arcar com toda a responsabilidade". Cesar Teles, que se recuperava de tuberculose quando foi preso, disse que os membros da repressão se comportavam como bandidos, pois costumavam saquear as casas de presos dividindo entre si o butim.
Tanto Maria Amélia quanto Cesar Teles discorreram sobre sua militância no PCdoB e sobre o importante papel que Danielli tinha na militância. A atuação deles era na área gráfica, na preparação do jornal Causa Operária, boletins e material de divulgação política. Esse trabalho havia começado no Rio de Janeiro, onde conheceram Luiz Ghilardini, tendo sido transferido para São Paulo por conta de melhores condições técnicas.
Articuladores
Crimeia Almeida, também militante do PCdoB, foi presa no dia seguinte, na casa da irmã de Maria Amélia, onde estava com os filhos do casal, sendo que todos foram levados para o DOI-Codi, onde a princípio passou por babá das crianças, mas foi reconhecida. Ela testemunhou sobre o importante papel na articulação do partido, tanto de Carlos Nicolau Danielli como de Luiz Ghilardini.
Luiz Ghilardini também era um dirigente de destaque no PCdoB, nascido em Niteroi (RJ) em 1º/6/1920 e com atuação na cidade do Rio de Janeiro. Foi preso em janeiro de 1973, junto com sua mulher e o filho de oito anos de idade, e levado ao DOI-Codi carioca, onde foi morto. Todos foram torturados, mas a criança foi depois levada a um abrigo de menores onde foi recuperada pela mãe quando esta foi solta, três meses depois.
Colina dos Mártires
O ex-deputado Jamil Murad, do PCdoB, destacou o papel dos militantes "na luta por um Brasil soberano, com respeito aos direitos humanos e democrático". Ele lembrou que, quando vereador na Câmara Municipal de São Paulo, apresentou o PL 308/2012, que determina a fixação de placa no cemitério Dom Bosco (Perus), onde conste a expressão "Colina dos Mártires " Neste cemitério, o regime militar ocultou cadáveres de perseguidos políticos". Finalizando, Jamil disse que as comissões da Verdade "são importantes para o estabelecimento da real democracia no Brasil, pois é preciso fazer esse resgate. A esquerda pagou, quem não pagou nada foram os torturadores, que não prestaram contas, encobertos que foram pela Lei da Anistia".
Reconhecimento oficial
Foi comemorada na reunião a notícia de que a Procuradoria-Geral do Estado, no último dia 19/4, reconheceu que o preso político Fernando Santa Cruz " cujo caso já foi tratado na comissão " não abandonou seu emprego no DAEE, mas é considerado desaparecido político desde fevereiro de 1974. Esse documento será entregue à família de Santa Cruz.
Adriano Diogo pediu que quem tiver documentos sobre a guerrilha do Araguaia ou sobre o período abrangido pela Comissão da Verdade (1947-1985), que apresente o material à comissão. Fernando, representante da Fundação Maurício Gabrois, informou que está há cinco anos organizando documentação sobre os 91 anos de existência do PCdoB. Ele sugeriu que, uma vez que houve também saque de documentos, fosse pedida ajuda à Polícia Federal para vasculhar locais e arquivos pessoais.
Crimeia Almeida informou que irá entregar alguns materiais que possui, como exemplares do jornal Classe Operária. Disse também que precisam ser levantados documentos das Forças Armadas sobre a época da guerrilha do Araguaia e sobre a queda da casa da Lapa. Adriano Diogo sugeriu que fosse realizada uma reunião específica para abordar o caso da "Chacina da Lapa". Participaram também da reunião os deputados João Paulo Rillo (PT) e Alcides Amazonas (PCdoB) e o ex-deputado federal Darcy Passos.
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