Ato de desagravo ao Padre Beto, que está enfrentando um processo de excomunhão instaurado pela Diocese de Bauru, onde exercia o sacerdócio, foi realizado nesta quinta-feira, 16/5, no auditório José Bonifácio, por solicitação do deputado Carlos Giannazi (PSOL). Segundo Giannazi, foi cometida uma injustiça contra o religioso, pois ele desenvolvia um trabalho em defesa da cidadania e da diversidade no município. "Não foi a Igreja Católica em sua totalidade que tomou essa atitude, foi uma ala retrógrada da instituição religiosa. Por coincidência, nesta sexta-feira, 17/5, é comemorado o Dia Mundial da Luta Contra a Homofobia, instituído por lei decorrente de projeto de lei por mim elaborado", disse Giannazi.

Padre Beto contou que suas opiniões na internet sobre a postura conservadora de Igreja Católica e temas como bissexualidade, amor entre pessoas do mesmo sexo e fidelidade conjugal causaram escândalo na diocese de Bauru, que pediu que ele as retirasse. Beto recusou-se a voltar atrás em suas colocações, o que fez a diocese instaurar um processo de excomunhão contra ele. "Apenas levantei questões sobre a moral sexual da igreja, para torná-la mais justa. Não traí nenhum dogma da igreja, mas defendo um Estado laico. Quando a igreja aceita o homossexual, mas não aceita a sua sexualidade, ela estimula o ódio ao homossexual- o que é perigosíssimo. Vou tentar, agora como teólogo, contribuir para que a fé cristã seja guiada por ideias mais justas", afirmou Beto.

Padre Roberto Francisco Daniel, conhecido como Padre Beto, fez graduação e doutorado em teologia na Alemanha, onde morou por 10 anos. Em 2001, foi para Bauru, onde exerceu o sacerdócio até o início do mês de maio. O processo de excomunhão ainda não está concluído, pois há trâmites a serem cumpridos.