Em sua 76ª audiência pública, no dia 23/9, a Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva, presidida por Adriano Diogo (PT), ouviu novos depoimentos sobre o caso do dirigente do Partido Operário Revolucionário Trotskista (Port) Rui Osvaldo Aguiar Pfützenreuter. Ele estava em São Paulo para articular o partido quando foi preso em 15/4/1972, pelo DOI-Codi de São Paulo. O laudo oficial dá conta de que Rui nesta data teria morrido "em tiroteio com forças de segurança", mas as exatas circunstâncias de sua morte não foram esclarecidas. Seu corpo foi enterrado como indigente no cemitério de Perus, e resgatado posteriormente pela família. A versão oficial de sua morte não condiz com a foto de meio corpo obtida pela família, que mostra escoriações e hematomas não registrados no laudo do IML, o que demonstram que Rui foi torturado. Segundo um dos depoentes da audiência, Sebastião Lopes Neto, há uma foto do rosto de Rui em processo no Superior Tribunal Militar (STM), que mostra que o ferimento no rosto era "um afundamento do crânio". Extrema dedicação O primeiro depoente foi o professor Tullo Vigevani, que informou estar refugiado na Itália quando Rui Pfützenreuter morreu. Seu testemunho focou a militância de Rui, com quem conviveu de 1965 a 1970, lembrando que era um militante "extremamente dedicado". Sua mulher, Maria do Socorro Vigevani, endossou as palavras de Tullo, e lembrou que conheceu Rui em João Pessoa, durante sua missão de congregar militantes no nordeste brasileiro. Sebastião Lopes Neto, que no início da audiência pública leu o memorial de Rui Osvaldo Aguiar Pfützenreuter, também destacou sua extrema dedicação à causa política. Relembrou como foi escalado pela organização para avisar a família Pfützenreuter sobre sua prisão e possível morte e também a luta do pai, Osvaldo, para tentar localizar o filho, inclusive por meio de figuras políticas da época. Todos os depoimentos feitos tanto nesta como na audiência anterior mostram a "autenticidade e consistência da vida de Rui", disse o irmão de Rui, Rogério Pfützenreuter. Ele fez referência aos escritos deixados por Rui, que deixam clara sua trajetória de formação política. Informou que o dinheiro recebido pela família de indenização pela morte de Rui está sendo usado integralmente para a confecção de um livro sobre Rui, para que "sirva de estímulo às novas gerações e a humanidade possa se encontrar consigo mesma no caminho do socialismo". Retificação de atestado Maria Amélia Teles, coordenadora da Comissão da Verdade, pediu a Rogério Pfützenreuter que autorizasse a inclusão do nome de Rui no processo que está sendo levado a cabo para que vários atestados de óbito sejam retificados. Esses atestados, como o de Rui, têm como causa-mortis anemia aguda, o que é compatível com tortura, ou seja, com espancamento até a morte. A retificação visa acrescentar no atestado a expressão "sob tortura no 2º Exército". Rogério Pfützenreuter autorizou a inclusão, e acrescentou que, quando o corpo de Rui foi resgatado no Cemitério de Perus, a data de sua morte constava nos registros como 20/4. "Como ele foi preso em 15/4, o que aconteceu nestes 5 dias? Essa é mais uma prova de que ele morreu sob tortura", disse. Rogério ainda divulgou o site vadicodeorleans.com, onde é abordada a obra musical de seu pai e também a vida de Rui. A primeira audiência pública sobre o caso, ocorrida em 16/7/2013, pode ser consultada no Portal da Assembleia Legislativa - www.al.sp.gov.br - ou através do link http://bit.ly/19urbpm.