Morre José Cicote " operário, sindicalista e político que faz parte da história do PT

Prefeito de Santo André decretou luto oficial em homenagem à memória do sindicalista
23/09/2013 19:40 | Antônio Sérgio Ribeiro*

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José Cicote<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-09-2013/fg130171.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Faleceu no último sábado, 21 de setembro, em Santo André, vitimado por uma infecção hospitalar o ex-deputado José Cicote. Natural de Poloni, Estado de São Paulo, nasceu em 29 de novembro de 1937, filho de Natal Cicote e Ludovica Munhato.

Fez seus estudos primários no período de 1945 a 1949, e a seguir cursou o profissionalizante, especializando-se como operador de máquinas, mecânico de manutenção e técnico de alta tensão. Cicote trabalhou na lavoura até os 23 anos, quando se casou. Em 1963 mudou-se com a família para São Bernardo, onde foi motorista no Moinho São Jorge, depois passou para a Pirelli, na função de mecânico de manutenção.

Em 1972 ingressou no sindicalismo como suplente da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos, sendo efetivado no ano seguinte. Durante a década de 70, participou de congressos e seminários estaduais e nacionais do movimento sindical, tais como o Encontro Nacional da Classe Trabalhadora - Enclat e o Congresso Nacional Classe Trabalhadora - Conclat, e foi também membro do Centro de Estudos Politicos e Sociais " CEPS e Comitê Brasileiro pela Anistia - CBA, da região do ABC paulista.

Logo após a posse do último presidente do regime militar, general João Baptista Figueiredo, no inicio de 1979, Cicote foi provisoriamente destituído do cargo sindical por ter liderado movimentos grevistas juntamente com lideranças do denominado novo sindicalismo, entre os quais Luis Inácio Lula da Silva, quando acabou preso por trinta dias. No mesmo ano foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT) e membro da comissão provisória nacional do partido. Depois de ser reconduzido à direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, permaneceu no cargo até 1980, sendo posteriormente enquadrado na Lei de Segurança Nacional.



Na Assembleia de São Paulo

No ano de 1981, assumiu a presidência do diretório municipal do PT de Santo André e ingressou como membro do diretório nacional do partido. Nas eleições de 15 de novembro de 1982, foi eleito deputado estadual pelo PT, obtendo 81.118 votos, o mais voto do seu partido. Assumiu sua cadeira na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, para a 10ª legislatura (1983-1987), em 15 de março de 1983, deixando então o cargo de presidente do diretório municipal do partido. Passou a integrar como membro os diretórios estadual e municipal.

No Palácio 9 de Julho, foi eleito por seus pares 2º vice-presidente da Assembleia, para a 2ª sessão legislativa de 1985-1987. Foi membro efetivo das comissões permanentes de Promoção Social, de Transportes e Comunicações e de Segurança Pública. Suplente nas Comissões de Assuntos Municipais e de Relações do Trabalho.

No pleito de 15 de novembro de 1986, foi reeleito deputado estadual para a 11ª Legislatura, (1987-1991), com 37.865 votos. Iniciou seu novo mandato em 15 de março de 1987, e nesse mesmo ano assumiu a presidência estadual do PT, cargo que exerceu até 1989. Com a instalação da Constituinte paulista, foi membro titular da Comissão de Administração Pública e suplente na Comissão de Sistematização. Na Assembleia foi 4º secretário da Mesa, no período de 1987-1989. Exerceu também no Legislativo paulista o cargo de relator da Comissão Especial de Inquérito - CEI da Usina Tamoio e outras empresas paulistas. Presidiu a CEI dos meios de transportes coletivos. Foi suplente das comissões de Agricultura e Agropecuária, de Administração Publica, de serviços e obras publicas e de transportes e Comunicações, da CEI sobre os boias frias e sobre o desemprego no Estado de São Paulo.

Nas eleições de 15 de novembro de 1988, concorreu ainda na legenda do PT, ao cargo de vice-prefeito de Santo André, na chapa vitoriosa encabeçada por Celso Daniel. Uma das bandeiras de luta era a criação de um banco dos trabalhadores, tal como o existente na Venezuela. No pleito de 3 de outubro de 1990, foi eleito pelo PT, deputado federal com 40.224 votos.

Renunciando sua cadeira na Assembleia paulista, assumiu seu mandato na Câmara dos Deputados em 1º de fevereiro de 1991. Integrou no parlamento federal como membro titular a Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e de Minorias. Sendo suplente das Comissões de Viação e Transportes, de Desenvolvimento Urbano e Interior.



Fora Collor

Na histórica sessão da Câmara dos Deputados, de 29 de setembro de 1992, votou a favor do impeachment do então presidente Fernando Collor de Melo. O deputado Cicote entre as principais matérias constitucionais apresentadas no parlamento durante a Legislatura de 1991-1995 votou contra a criação do Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira " IPMF. Nas eleições municipais de 1992 foi candidato do PT a prefeito de Santo André, mas foi derrotado por Newton Brandão do PTB.

No pleito de 1994, concorreu à reeleição no pleito de outubro de 1994, mas obteve apenas uma suplência. Ao termino da legislatura em janeiro de 1995, deixou a Câmara dos Deputados, retirando-se da vida pública.

Em 1996, participou como do grupo dissidente da CUT que resultou na divisão do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, e na criação do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, ligado à Força Sindical. Cicote militou no PT até 1997, quando divergências internas com o diretório local da legenda o levaram a deixar o partido, filiando-se ao Partido Socialista Brasileiro - PSB.

Foi casado com Inês de Carvalho Cicote, com quem teve quatros filhos. Entre eles Almir Cicote, vereador à Câmara Municipal de Santo André, pelo PSB.

O corpo do deputado José Cicote foi velado na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, e sepultado no cemitério Cristo Redentor, na Vila Pires, em Santo André na tarde do último domingo 22 de setembro de 2013.

O prefeito municipal de Santo André, Carlos Grana, do PT, decretou luto oficial por três dias em homenagem à memória do antigo parlamentar e sindicalista.

*Antônio Sérgio Ribeiro, advogado e pesquisador. É diretor do Departamento de Documentação e Informação da Assembleia de São Paulo

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