Comissão da Verdade realiza audiência pública sobre o caso Norberto Nehring
27/09/2013 19:49 | Da Redação - Marina Mendes - Foto: Maurício Garcia de Souza







A reunião da Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva, presidida pelo deputado Adriano Diogo (PT), recebeu nesta sexta-feira, 27/9, familiares e amigos de Norberto Nehring, vítima da ditadura militar. Norberto nasceu em 20 de setembro de 1940, em São Paulo, era economista, professor da USP e militante na Ação Libertadora Nacional (ALN).
Nehring foi preso, em sua residência, em 7/1/1969, pelos agentes do DOPS. Solto dez dias depois, após ter sofrido e testemunhado inúmeras sessões de tortura, Nehring pôde festejar o aniversário de sua filha Marta enquanto preparava sua fuga para Cuba. De lá seguiu para a Europa, mas acabou voltando ao Brasil.
Ele foi morto em 24 de abril de 1970. Sua esposa Maria Lygia Morais e a filha Marta só souberam do fato três meses depois do enterro de Nehring como indigente, com um nome falso. A causa da morte informada aos familiares foi suicídio por enforcamento com a própria gravata, no hotel Pirajá, mas nenhuma foto foi apresentada como prova do fato.
Testemunhos
O primeiro depoimento foi dado por Maria Lygia, que contou como aconteceu a prisão do marido e como ela própria enfrentou a ditadura. Segundo Lygia, a prisão de Norberto foi um pesadelo: "O regime tinha condições de falar qualquer mentira sem contestação".
Quando Nehring se refugiou na Europa, ficou em Praga por 40 dias, única oportunidade que teve para encaminhar cinco correspondências a esposa. A última carta data de 10 de abril de 1970. Foi morto 14 dias depois.
Lygia disse que quer esclarecer a verdade sobre a morte do marido, mesmo que isso signifique que ela tenha de encarar a impunidade dos assassinos dele.
Ela agradeceu às pessoas que a trouxeram até a reunião da Comissão da Verdade, para ela, "uma cerimônia de adeus".
Gerações de sofrimento
Sofia Nehring, neta de Lygia e filha de Marta, também perdeu o pai precocemente, e relembrou os momentos difíceis por que passou. "Sinto a mesma dor que minha mãe sentiu, mas eu tive o conforto de poder me despedir".
A filha de Norberto, Marta, falou de um sonho que tivera na noite anterior, em que recebia presentes. Segundo ela, o sonho fora uma recordação do último aniversário em que ela vira o pai. Marta disse que a reunião da Comissão da Verdade proporcionava uma despedida digna do pai, já que não pôde enterrá-lo. "Restou-me apenas o exemplo de que lutar vale a pena".
Juca Kfouri foi o último a prestar seu depoimento. Ele afirmou que Norberto era seu ídolo desde a infância até a fase adulta, e relembrou o momento em que foi convidado para ser padrinho da única filha de Nehring. Juca disse não se conformar pelo fato de Nehring não tê-lo procurado para pedir ajuda. "Gostaria que ele estivesse vivo para comemorar seus 73 anos, juntamente com a esposa, a filha e as duas netas."
Retificação do atestado de óbito
Cléo Nehring, a outra neta de Nehring, leu a solicitação da família para a investigação das circunstâncias da morte de seu avô. No pedido, foi informado que outros presos viram o corpo de Nehring sendo retirado do DOI-Codi. A família pede que os torturadores sejam identificados, julgados e punidos.
Lygia contou que uma das suas conquistas foi a alteração do atestado de óbito, substituindo morte por "causas não naturais" por morte por "lesões e maus-tratos", e fazendo constar como local do óbito Rua Tutóia, 930, sede do DOI-Codi em São Paulo.
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