Familiares, companheiros de partido e sindicalistas relatam caso de Olavo Hanssen
18/11/2013 20:57 | Da Redação Fotos: Roberto Navarro







Familiares, companheiros de partido e sindicalistas participaram nesta segunda-feira, 18/11, da reunião da Comissão Estadual da Verdade, que colocou em pauta o caso de Olavo Hanssen. Estudante da Poli/USP em 1961, Olavo militou no movimento estudantil e no Partido Operário Revolucionário Trotskista (PORT). Abandonou o curso para, sob orientação do partido, participar do processo de proletarização, indo trabalhar em uma fábrica de carrocerias. Passou a atuar também no sindicato dos metalúrgicos de São Paulo.
Olavo foi preso cinco vezes ao longo de sua atuação. A última delas em 1970, quando fazia panfletagem nas comemorações do 1º de Maio na praça de esportes de Vila Zélia. Levado à sede da Oban e depois ao Dops, Olavo foi torturado de 2 a 8 de maio, quando, seriamente ferido, com comprometimento renal, foi transferido para o Hospital do Exército.
No dia 13 de maio de 1970, a família foi informada de que ele se suicidara no dia 9 por ingestão de veneno e que o corpo fora encontrado em um terreno baldio no Ipiranga. Instaurado um inquérito policial-militar, este concluiu pela tese do suicídio.
Túlio Vigevani, colega de faculdade de Olavo, relatou à comissão a militância que travaram juntos na universidade e no partido, desde 1961. "Acompanhei menos as atividades de Olavo a partir de 1964, porque entrei para a clandestinidade", disse. Mas Vigevani destaca que "o assassinato de Olavo tem circunstâncias totalmente esclarecidas", sendo conhecidas, segundo a ele, as atuações na tortura dos delegados Josecyr Cuoco e Ernesto Milton Dias e suas equipes, bem como do médico legista José Geraldo Ciscato.
O presidente da Comissão da Verdade, deputado Adriano Diogo (PT), adiantou que os trabalhos do órgão devem se concentrar na análise e apuração da cadeia de comando dos órgãos de repressão. "Queremos recuperar o documento conhecido como Bagulhão, feito por um coletivo de presos políticos em 1975, dando o nome de torturadores e de médicos legistas que participaram de torturas", acrescentou o parlamentar.
Vigevani também considerou paradigmático que o caso de Olavo constitua o elemento inicial de uma série de campanhas e denúncias que tomaram mais intensidade nos anos seguintes. A morte de Olavo foi denunciada na Câmara Federal e na Organização dos Estados Americanos, entre outros organismos.
Autor de uma biografia sobre Olavo Hanssen, Murilo Leal fez a leitura de atas de assembleias do sindicato dos metalúrgicos em que Olavo se manifesta não só sobre reajustes salariais, mas também contra a intervenção no sindicato. Laudos falhos do IML e ausência de exames como aquele que explicasse em quais órgãos foi detectada a presença de veneno também foram apontados por Leal.
Diversos familiares de Olavo prestaram depoimentos comovidos. "Olavo nasceu socialista, sempre fez questão de repartir tudo, sempre esteve preocupado com a igualdade. Ele foi a primeira pessoa a me dizer que homens e mulheres tinham direitos iguais", relembrou suar irmã Alice.
Ela recordou a procura dos pais por informações sobre Olavo desde o dia seguinte a sua prisão. "Eles só souberam que Olavo estava morto quando um funcionário do IML os procurou e disse que tinha ficado com pena porque um jovem com todos os documentos ia ser enterrado como indigente", afirmou Alice. Segundo ela, o funcionário do IML não quis se identificar, por medo de represálias.
Dulce Muniz e Geraldo Siqueira estiveram presos com Olavo Hanssen. Siqueira, militante do PORT que depois se tornaria deputado estadual, narrou o foco que os órgãos de repressão concentraram em Olavo desde a prisão em 1° de maio e a proteção que o companheiro mais experiente dispensou ao então jovem militante, de 19 anos. Eles estiveram juntos num quartel do Exército, na Oban e no Dops. "Olavo procurava me acalmar, mas eu percebia que ele já tinha apanhado. Quando fomos transferidos para a sede da Oban, o motorista que ia nos levar disse: "Agora vocês vão conhecer o inferno"", contou Siqueira.
Notícias mais lidas
- Deputado participa de missão oficial a Taiwan e busca ampliar cooperação com potência asiática
- Aprovado na Alesp, novo valor do Salário Mínimo Paulista, de R$ 1.804, é sancionado
- Entra em vigor hoje o novo Salário Mínimo Paulista, de R$ 1.804
- Vitória dos pescadores: artigo que restringia acesso ao seguro-defeso é suprimido
- Alesp aprova projeto que garante piso salarial nacional a professores paulistas
- São Vicente: a importância histórica da primeira cidade do Brasil
- Na Alesp, familiares, amigos e colegas de profissão se despedem do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes
- Sindicatos da Polícia Civil cobram envio de projeto da nova Lei Orgânica à Alesp
- Demanda antiga, Lei aprovada na Alesp unificou categoria de policiais penais
Lista de Deputados
Mesa Diretora
Líderes
Relação de Presidentes
Parlamentares desde 1947
Frentes Parlamentares
Prestação de Contas
Presença em Plenário
Código de Ética
Corregedoria Parlamentar
Perda de Mandato
Veículos do Gabinete
O Trabalho do Deputado
Pesquisa de Proposições
Sobre o Processo Legislativo
Regimento Interno
Questões de Ordem
Processos
Sessões Plenárias
Votações no Plenário
Ordem do Dia
Pauta
Consolidação de Leis
Notificação de Tramitação
Comissões Permanentes
CPIs
Relatórios Anuais
Pesquisa nas Atas das Comissões
O que é uma Comissão
Prêmio Beth Lobo
Prêmio Inezita Barroso
Prêmio Santo Dias
Legislação Estadual
Orçamento
Atos e Decisões
Constituições
Regimento Interno
Coletâneas de Leis
Constituinte Estadual 1988-89
Legislação Eleitoral
Notificação de Alterações