Comissão da Verdade colhe depoimentos sobre quatro militantes políticos
04/12/2013 18:42 | Da Redação " Foto: Maurício Garcia







O presidente da Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva, deputado Adriano Diogo (PT), afirmou, na reunião ocorrida na manhã de 4/12, que a comissão tem exercido um papel de protagonismo nas ações que buscam esclarecer a verdade dos fatos ocorridos durante o governo militar. "Temos em análise mais de 150 casos e muitos não são de pessoas oriundas de São Paulo, mas que são objeto de investigação, pois o centro da repressão aqui estava instalado. São casos cobertos por névoas que precisam ser dissipadas", afirmou.
O primeiro caso a ser abordado foi o de Zoé Lucas de Brito Filho, morto pelos agentes da repressão em 28/6/1972. Iniciou sua militância no movimento estudantil pernambucano, participando do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) e a partir 1969, da Ação Libertadora Nacional (ALN). Quando foi preso em 31/3/1970, era professor de geografia. Depois de sete meses preso, diante do cerco e das ameaças policiais, mudou-se para São Paulo.
Tanto Edvaldo Valdir de Medeiros, primo de Zoé, e Milton Ramalho, amigo, relataram que no dia anterior de sua morte, o ex-militante da ALN estava tenso e preocupado com a possibilidade de uma nova prisão. Segundo os relatos, ele havia sido avisado de sua prisão iminente e estaria preparando sua fuga para o exterior, mas foi preso e executado pela repressão.
Pelos depoimentos colhidos na comissão, os agentes da repressão pressionaram a família para que concordasse com a causa da morte como sendo por acidente. A família, diante da pressão, aceitou.
Para o pesquisador e secretário geral do Comitê Estadual pela Verdade, Memória e Justiça do Rio Grande do Norte, Roberto Monte, o que se busca é que seja retificado o atestado de óbito, que conste a execução pelas forças da repressão e que Zoé Lucas de Brito Filho passe a constar da lista de mortos pelo regime militar, o que não ocorreu até hoje.
Outros casos
A comissão também abordou os casos de mais três nascidos no Rio Grande do Norte, Gerardo Magela Fernandes Torres da Costa, Edson Neves Quaresma e Luiz Ignácio Maranhão Filho. Gerardo era poeta e jornalista. Estudante de medicina em Sorocaba, engajou-se no movimento estudantil. Foi morto em 28/5/1973. Segundo a versão oficial, Gerardo teria se suicidado, atirando-se do Viaduto do Chá, centro de São Paulo.
O laudo necroscópico foi assinado por Otávio D"Andréia, legista da ditadura militar, responsável por inúmeros laudos falsos de morte de prisioneiros políticos. Paradoxalmente o laudo oficial não registra, no cadáver de Gerardo, nenhuma outra fratura ou mesmo escoriações, prováveis em alguém caído de um viaduto. Gerardo teria sido enterrado no cemitério de Perus, em São Paulo com o nome verdadeiro. Gerardo Magela não consta da relação oficial de mortos e desaparecidos políticos do Brasil.
Marinheiro e advogado desaparecido
O terceiro caso abordado pela Comissão da Verdade foi o do militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), Edson Neves Quaresma. Ele era marinheiro e integrava os quadros da Associação de Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil.
Com o golpe militar foi preso na Ilha das Cobras em dezembro de 1964; depois de um ano e dois meses foi expulso da Marinha e libertado. Passou a viver na clandestinidade, tendo feito treinamento militar em Cuba. Voltou para o Brasil em 1970, e foi morto em 5 de dezembro do mesmo ano.
O militante do Partido Comunista Brasileiro Luiz Ignácio Maranhão Filho é considerado desaparecido desde 3/4/1974. Era advogado e professor. Em 1945 entrou para o PCB, tendo sido preso e brutalmente torturado pela Aeronáutica em 1952. Visitou Cuba, em 1964, a convite de Fidel Castro e ao retornar ao país foi preso e submetido à tortura. Ao sair da prisão passa a viver na clandestinidade e é novamente preso no dia 3/4/1974 em uma praça na cidade de São Paulo, segundo testemunhas.
Apesar do empenho dos familiares e de advogados que militavam na defesa dos presos políticos, não foi obtida qualquer informação sobre seu paradeiro, os militares informaram que ele não estava sob a responsabilidade de seus comandados. As informações sobre estes militantes mortos pela ditadura foram passadas por Roberto Monte. (PM)
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