O reitor da Universidade de São Paulo (USP), João Grandino Rodas compareceu nesta quinta-feira, 19/12, à Comissão de Ciência, Tecnologia e Informação, presidida por Gilson de Souza (DEM). Embora o tema da reunião fosse prestação de contas e o desenvolvimento de ações, programas e metas daquela universidade, na reunião o tema foi principalmente os desafios da gestão da USP. O deputado Vitor Sapienza (PPS) - autor da emenda constitucional que determina que, além dos secretários de Estado, os reitores das três universidades públicas estaduais venham à Assembleia prestar contas - disse que é importante verificar o uso do orçamento estadual por estas instituições, que são verdadeiras "caixas-pretas". Nas audiências públicas do Orçamento, a população sempre reivindica mais verbas, mas Sapienza disse considerar que não há falta de dinheiro, e sim problemas de gestão. João Grandino Rodas concordou com o deputado, e lembrou que a instituição recebe anualmente R$ 12 bilhões, que "não podem ser destruídos por falta de administração". Rodas não vê casos de corrupção na USP, e sim de má gestão econômica. A USP é uma universidade de altíssima importância, com 43 unidades e outros órgãos que chegam a 70 instituições. "Não conheço outra universidade, em qualquer parte do mundo que, apesar dos pesares, é totalmente gratuita e ainda dá benefícios", disse Rodas, ao citar um conjunto de bolsas para milhares de estudantes carentes que podem chegar à quantia mensal de R$ 840, o que não tem comparação a nível nacional. Essas pessoas beneficiadas deveriam prestar contas à sociedade, pois é dinheiro do ICMS pago por toda população, falou. Gestão por resultados O reitor Rodas disse que uma gestão por resultados é um tabu na USP, pois há resistência por parte de professores e funcionários. Respondendo ao deputado Reinaldo Alguz (PV) disse que deveria haver um sistema de mérito. Para isso, a USP implantou em 2010 um plano de carreira para funcionários técnicos administrativos, de caráter meritório, e com a instalação também de uma escola de gestão para treinamento de servidores, mas que não foi bem-visto pelos sindicatos, disse o reitor. Rodas disse ainda que "não é possível que uma instituição fique paralisada por meses por vontade de uma minoria" por ser pública e por ter afetada a qualidade de ensino. Disse que as eleições para as entidades representativas de funcionários, alunos e professores deveriam ser auditadas, por não serem confiáveis, o que as tornaria, também, mais representativas. Isso poderia ser estabelecido pela Assembleia Legislativa. A Orlando Bolçone (PSB), o reitor disse considerar que a maior contribuição de sua gestão é ter trabalhado para toda a comunidade. "O que temos é tradição e potencialidade, e o que se nota é que no último ano a USP aumentou sua capacidade de chegar a novos desafios". O presidente Gilson de Souza, os deputados Orlando Bolçone (PSB), Célia Leão (PSDB) e Vitor Sapienza consideraram importante a volta do reitor Rodas à comissão, para continuar a expor os detalhes da administração da USP. Reinaldo Alguz prontificou-se a apresentar requerimento neste sentido. João Rodas disse que "tem gosto de voltar à Assembleia", o que considera "obrigação de quem sempre estudou em escolas públicas".