Especialistas da área de saúde debateram nesta segunda-feira, 9/6, a questão dos cuidados paliativos, por iniciativa da deputada Sarah Munhoz (PCdoB). Ela é autora do PL 599/2014, que propõe a criação, no Estado de São Paulo, da Rede de Cuidados Paliativos, a ser implantada inicialmente em cidades com mais de 100 mil habitantes.

A deputada lembrou a importância da discussão do tema, pois a sociedade, o paciente e seus familiares têm de entender que a morte faz parte da vida. E equipe paliativista, multidisciplinar, nada mais faz que atuar para que os pacientes sem possibilidade de cura possam ter uma vida ativa e digna, enquanto ela perdurar, assim como dar apoio a seus familiares.

Médico geriatra, do Programa Integralidade Domiciliar em Barueri, Douglas Crispim, que encabeça o Movimento para Expansão dos Cuidados Paliativos, falou dos princípios a ação, que incluem alívio da dor e integração dos aspectos psicológicos e espirituais no tratamento.

Ainda segundo Crispim, deve-se saber quando o tratamento não oferece mais benefícios, e substituí-lo por medidas que ofereçam conforto aos pacientes com enfermidades graves incuráveis. Ele ainda destacou que a aprovação do PL 599/2014 dará amparo legal e visibilidade à prática.

Crispim lamentou ainda que cuidados paliativos ainda não sejam disciplina nos cursos da área médica, assim a falta preparo dos hospitais e serviços de saúde, que acabam mantendo esses pacientes ocupando leitos hospitalares, afastados de suas famílias e sofrendo tratamentos desnecessários.

Dignidade sem sofrimento

Secretário-adjunto da Saúde do Estado de São Paulo Wilson Polara falou de sua experiência no atendimento a pacientes terminais. Ressaltou que cuidados paliativos é diferente da eutanásia, podendo ser definida como ortotanásia, que é a morte natural, sem interferência da ciência, permitindo ao paciente morte digna, sem sofrimento, deixando correr o percurso da doença. "Por falta de preparo dos serviços de saúde, estamos desperdiçando recursos com esses pacientes", disse.

Operadora matricial do programa SOS Emergência do Ministério da Saúde, a médica Margareth Sena defendeu a desospitalização de pacientes sem chance de cura. O chefe do Núcleo de Cuidados Paliativos do Hospital das Clínicas da USP, Ricardo Tavares de Carvalho, falou do receio, entre os profissionais de saúde, de serem acusados de negligência se deixarem de oferecer tratamentos a pacientes terminais, tratamentos esses que são muitas vezes agressivos e desnecessários.

A enfermeira Livia Takona, coordenadora da enfermaria de cuidados paliativos do Hospital das Clínicas da USP, falou do papel cuidador e de apoio do enfermeiro. A psicóloga Daniela Bernardes, preceptora da residência multiprofissional em cuidados paliativos no Hospital das Clínicas da USP, lamentou que na medicina atual exista grande especialização e pouca humanização no tratamento dos pacientes.

A seguir, houve debate entre os participantes. No início da reunião, o deputado Jooji Hato (PMDB) saudou a iniciativa e os convidados.

A deputada Sarah Munhoz disse que essa primeira discussão sobre o PL 599/2014 foi importante para o aprimoramento da proposta, que está em análise das comissões temáticas da Assembleia Legislativa, para depois ser levada à votação. A íntegra do PL e sua tramitação podem ser consultadas no Portal da Assembleia - al.sp.gov.br " no link Projetos.