Trotes da Puccamp envolvem relação de poder entre dirigentes, veteranos e calouros
07/01/2015 20:39 | Da Redação
Decorar hinos que fazem ode ao estupro e agressão física, levar socos no esterno (osso localizado na parte anterior do tórax), tapas na cara, simular sexo oral com banana e andar numa piscina de urina, fezes e vômito. Estes são alguns dos trotes institucionalizados ocorridos na Pontifícia Universidade Católica de Campinas, a Puccamp, um dos mais tradicionais institutos de educação do país.
O relato foi feito nesta quarta-feira, 7/1, por alunos de medicina da Puccamp aos deputados Adriano Diogo (PT) e Sarah Munhoz (PCdoB), respectivamente presidente e vice-presidente da CPI que investiga as violações dos direitos humanos e demais ilegalidades ocorridas no âmbito das universidades paulistas. Os alunos situaram o local dos trotes, ou seja, a chácara no bairro de Barão Geraldo e a sede da associação de policiais militares de Campinas, a DPM. Ao longo do relato, citaram nomes e principalmente apelidos de veteranos da associação Atlética, como Boner, especializado em "esternadas" (soco no esterno); Castor, pediatra, cuja característica é expor seu órgão genital para as bixetes (calouras de medicina), sugerindo relação sexual; Xoxota, conhecido por ter acertado um tijolo em uma estudante durante um torneio amistoso de handebol entre estudantes de medicina da Puccamp e Unicamp, em Santa Rita do Passa Quatro. Esse fato foi noticiado em 13 de setembro de 2007 pela Agência Folha de Campinas, mas a reportagem não citou o nome da estudante, que sofreu fratura no rosto, nem do suspeito de ter jogado o tijolo. Por conta desse episódio, a Puccamp ficou proibida de levar torcidas a torneios durante sete anos. No entanto, até hoje existe na Puccamp o hino do "tijolo mágico", que faz alusão a esse fato com uma sátira à música Balão Mágico.
Dia do apelido
Segundo os depoentes, ao chegar à Puccamp, o estudante perde a identidade. Recebe um apelido pelo qual passa a ser conhecido.
"O dia do apelido ocorre no bar Presta Atenção, em Campinas. Nesse dia, o aluno compra um crachá para receber seu apelido, que é dado sempre por um veterano", contou um dos depoentes.
O rol de perversidades dos veteranos revela-se especialmente durante os ensaios das baterias que acompanham os jogos Intermed (entre as faculdades de medicina). "Participei de um desses ensaios. Após o término, as meninas foram retiradas do local e os bixos foram encurralados num canto, cercados por veteranos. Não podíamos olhar para cima, só para baixo, senão levávamos tapa na cara. Todos demonstravam atitude coercitiva, tentando mostrar o quão desprezíveis nós éramos".
Este relato, feito por um dos depoentes, não é menos humilhante do que um outro, feito por um estudante que participou de um jogo amistoso Intermed: "eles incentivam os bixos a ir aos amistosos com gritos como "todo mundo vai, beleza? Quem vai?". Fomos eu e mais cinco trouxas. Ficamos cuidando das bolas. Os que não estavam com as camisetas da Puccamp foram obrigados a ficar sem camisa. Nossa tarefa era arranjar dinheiro para a cerveja dos veteranos".
Sobre os hinos, ensinados pelos veteranos da Atlética logo nos primeiros dias aos bixos, os alunos expuseram o site da medpuccamp.com (bloqueado) onde constavam os principais, como Amassa Amassa, O Eixo, A Vadia da Puccamp e tantos outros. O clássico, O Caralho, tem conteúdo explicitamente sexual, alusivo ao estupro anal.
"Fui obrigado a decorar sete hinos em uma noite, sob risco de retaliação", lembrou um depoente.
Relação de poder
Todas essas denúncias foram coletadas num dossiê entregue à direção da Puccamp, à reitoria, e agora em mãos da CPI.
"Somos céticos em relação ao que a diretoria executiva ou a reitoria vão fazer", disse um aluno, acrescentando que há uma clara relação de poder e hierarquia entre dirigentes, veteranos e calouros.
Na opinião dos alunos, "quem está articulado é da "família", círculo de influência formado por veteranos da Atlética, médicos e docentes da faculdade de Medicina da Puccamp. "Os veteranos dizem: você sabe como é professor de medicina, você vai precisar deles e se não for da família...; uma ameaça dessas é extremamente efetiva porque você estuda seis anos e no final pode não conseguir trabalhar", argumentaram.
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