Na tarde desta segunda-feira, 19/1/15, a Assembleia, por iniciativa da Comissão de Direitos Humanos, presidida pelo deputado Adriano Diogo, realizou o seminário Resíduo Zero - Compostagem e Mudanças Climáticas, com a palestra de Kevin Drew, coordenador do programa de Resíduo Zero da Califórnia. Também participaram Elisabeth Grinberg, da Pólis e da Aliança Resíduo Zero, que coordenou o debate; Rosana Bifulco, secretária de Planejamento e Meio Ambiente de Itanhaém; e Eduardo de Paula, coordenador do Movimento Nacional de Catadores e da Aliança Resíduo Zero, além de representantes de secretarias municipais do Meio Ambiente do Estado e do Brasil.

Kevin Drew fez apresentação dos resultados obtidos na cidade de Marin, nas proximidades de São Francisco, com o Programa Marin Carbon Project em que a aplicação de compostagem ao solos, durante pesquisa realizada pela Universidade de Berkeley, aumentou a captação de carbono com resultados surpreeendentes. Drew esclareceu que a pesquisa foi realizada em solos destinados à agricultura e à pastagem.

Captação de carbono

Segundo ele, após seis meses de uma única aplicação, a captação de carbono pelos solos que receberam a compostagem aumentou muito, e que ano após ano esses solos tiveram aumentos siginificativos de captação de carbono. Outro resultado da pesquisa da Berkeley foi a constatação de que os solos que não receberam a aplicação da compostagem perderam no mesmo período sua capacidade de captação de carbono. Conclui-se daí que os solos no mundo estão perdendo sua capacidade de captação de carbono de forma crescente. Ele, escusando-se de não apresentar dados técnicos mais precisos por não ser cientista mas funcionário público, informou que para obter acesso aos resultados científicos da pesquisa, basta acessar o site da MCP, no link Science. "Cada hectare que recebe a compostagem é capaz de captar uma tonelada por ano de carbono, o que se manterá por um período de 30 anos após uma única aplicação."

Aumento da produção

Kevin Drew disse também que outro resultado benéfico da aplicação de compostagem foi a constatação de que os solos agrícolas e de pastagem aumentaram sua produção em 50% e sua capacidade de retenção de água em 25 mil litros por hectare, perante os solos que não a receberam.

Eduardo de Paula afirmou pertencer ao Movimento Nacional dos Catadores desde o seu início e que a luta da categoria é a melhoria de sua condição de vida. Sobre o trabalho desenvolvido pelos catadores, declarou: "Sempre digo que não existe lixo, mas coisas que por serem misturadas viram lixo." Ele disse que só agora a sociedade começa a entender e a reconhecer o valor do trabalho feito pelos catadores. "Trabalhamos não apenas para reciclar, mas também para a conscientização necessária para reduzir os resíduos a zero", finalizou.

Rosana Bifulco falou das dificuldades de aproveitamento dos resíduos sólidos e líquidos nas cidades do litoral paulista. Ela informou que a maioria dos muncípios praianos é obrigada a exportar seus resíduos, e que a única cidade que tem aterro sanitário próprio é a de Santos. "Itanhaém tem plano de resíduos secos com uma cooperativa de catadores, mas é muito difícil cuidarmos do desenvolvimento e, ao mesmo tempo, preservarmos o patrimônio ambiental."