Autor de livro sobre torturador é ouvido pela Comissão da Verdade




O jornalista Percival de Souza, autor do livro Autópsia do Medo, que revela detalhes da vida do delegado Fleury - conhecido torturador da época da ditadura -, foi ouvido nesta sexta-feira, 6/3, pela Comissão da Verdade Rubens Paiva, coordenada pelo deputado Adriano Diogo (PT).
Percival disse que conheceu pessoalmente o delegado Fleury e que sofreu perseguições na época da ditadura. "Fui enquadrado pela Lei de Segurança Nacional, processado pela Justiça Militar e tive de mudar de residência com minha esposa grávida de oito meses", declarou o jornalista.
A decisão de escrever o livro, já na década de 2000, foi a partir da percepção de reconhecer que ele havia tido contato com pessoas que participaram ativamente no período da ditadura e que, se não fossem ouvidas naquele momento, jamais teriam revelado o que ele acabou por narrar em seu livro. "Um dos critérios que utilizei foi começar pelos mais idosos ou os que tinham alguma fragilidade física", afirmou.
Percival disse que o método de seu trabalho foi inspirado no utilizado pelo historiador José Calazans, que, para descobrir verdades sobre a Guerra de Canudos, se dirigiu ao sertão para conversar com sobreviventes. Dessa forma, Percival elaborou uma lista de aproximadamente 120 nomes de pessoas que pudessem informar sobre fatos do período. Ele disse que já no momento dos depoimentos, teve consciência do "tesouro histórico" que tinha em mãos.
O jornalista afirma que muitos personagens apresentados no livro Autópsia do Medo nunca tinham sido citados em outros trabalhos de pesquisa, como o delegado do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), Alcides Cintra Bueno. "Católico fervoroso, ele tinha um ritual religioso para os mortos vítimas da tortura. E era ele também o encarregado de interrogar os padres dominicanos, ligados a Carlos Mariguela".
O livro traz também depoimentos de Leonora Rodrigues de Oliveira, amante do Delegado Fleury. "Ela sabia mais que a própria esposa", afirma Percival, rebatendo críticas por tê-la ouvido a respeito da vida do delegado. Outro personagem de "conteúdo explosivo" entrevistado por ele foi o coronel Erasmo Dias. "Ele me revelou coisas incríveis. Ninguém queria fazer entrevista com ele. Eu fui. Vi na hora que tinha um tesouro histórico nas mãos", assevera Percival.
Sobre a morte do delegado Fleury, encontrado morto, afogado, em Ilhabela, em 1979, Percival de Souza entende que pelos relatos colhidos, ela pode mesmo ter sido acidental, conforme versão oficial. Sobre esse fato, o jornalista ouviu a esposa, o garçom que serviu bebida para o delegado naquela noite, e também o então delegado-geral de Polícia, delegado Celso Teles.
Outra conclusão a que Percival chegou, depois de tantas pesquisas, é que o "know how" da tortura que se instalou no país tem origem civil. Ele apontou autoridades do mundo acadêmico, como Gama e Silva, professor da USP e que teria redigido o AI-5; bem como o secretário de Segurança Pública da época, o jurista Hely Lopes Meireles; e outros delegados da Polícia Civil.
Ao final, Adriano Diogo e outros pesquisadores presentes à reunião fizeram ponderações e questionamentos a respeito de outras ocorrências do período. Indagado sobre novas edições do livro Autópsia do Medo, lançado pela primeira vez em 2000, pela editora Globo, Percival afirmou que já há iniciativas para lançamento de outra edição em breve.
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