Na última segunda-feira, 18/5, a Assembleia Legislativa realizou uma sessão solene para entrega do Prêmio África Brasil, uma celebração anual promovida pelo Centro Cultural Africano (CCA) desde 2006 e esta foi a 10ª edição do prêmio. O CCA é uma organização não governamental que promove estudos, pesquisas e o intercâmbio da cultura africana no Brasil. A solenidade foi solicitada pela deputada Leci Brandão (PCdoB), que presidiu a sessão após o deputado Fernando Capez, presidente da Assembleia, passar-lhe a presidência.

A mesa foi composta pelos homenageados e por Leci Brandão, proponente da solenidade; Fernando Capez; Otunba Adekunie Aderonmu, presidente do CCA; Muntari Abdu Kaita, cônsul da República Federal da Nigéria no Brasil; Bello Mangueira, cônsul-geral de Angola em São Paulo; e Sérgio Ricardo Rosset, cônsul honorário da Namíbia. Estiveram presentes, também, o deputado federal Orlando Silva; o secretário de Direitos Humanos da prefeitura de São Paulo, Eduardo Suplicy; Alexandra Loras, representante do consulado francês em São Paulo; Antonio Pinto, secretário de Promoção da Igualdade Racial da prefeitura de São Paulo; e o ex-deputado estadual e federal Jamil Murad, atual presidente municipal do PCdoB paulistano.

De acordo com o presidente do CCA, Otunba Adekunie Aderonmu, a premiação foi criada para homenagear personalidades, empresas e governos que se destacaram com projetos e ações sociais que contribuíram para o desenvolvimento sustentável humano e social, beneficiando a inclusão social dos afrodescendentes. A cerimônia de premiação acontece próximo do dia 25/5, em comemoração ao Dia da Luta pela Independência da África, instituída pela Organização das Nações Unidas em 1972.

Dia da África

O Dia da África ou Dia da Libertação Africana é comemorado no mundo inteiro em 25 de maio. A data marca a fundação da Organização da Unidade Africana (OUA), que aconteceu em Addis Abeda, em 1963. Addis Abeda é a capital e a maior cidade da Etiópia, onde se encontra a sede da atual União Africana (antiga OUA).

Cerca de 30 Estados Africanos participaram da fundação da OUA. A intenção desta união era começar o enfrentamento institucional contra a subordinação que o continente africano sofria há séculos. Estas injustiças foram chamadas de colonialismo, neocolonialismo, partilha da África, entre outras denominações. O fato é que toda riqueza humana e natural da África foi sendo apropriada, indevidamente, por capitais externos e povos que se consideravam superiores, equivocadamente.

Nessa reunião, a comemoração do Dia da Libertação Africana foi alterada de 15 de abril para 25 de maio, dada a relevância simbólica e política que o evento teve para o continente e movimento pan-africano e para o mundo. Também o nome foi modificado para o Dia da Libertação da África. A ONU, percebendo a importância desse encontro, instituiu mundialmente o dia 25 de maio como o Dia da África.

Homenageados

Neste ano, a entrega dos prêmios foi conduzida pelos cerimonialistas Kelly e Sebastian. A Cia Tribo abriu o início da entrega com uma apresentação de dança e música africanas, dirigida por Solange Ferreira.

O primeiro a receber o troféu Mama África foi o deputado Fernando Capez, na categoria Políticas Públicas. A cantora e compositora Paula Lima recebeu o troféu na categoria Artista. Entre os homenageados estão o bloco afro Ilú Oba de Min, na categoria Arte e Cultura; a Afribraz, na categoria Meios de Comunicação; o Consulado-Geral da África do Sul, na categoria Relações Exteriores; Lu Barbosa, na categoria Jornalista; e a professora e mestre em direito penal Eliana Passareli, na categoria Justiça. Os prêmios especiais foram para a jornalista Claudia Alexandre e o Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis.

Fernando Capez ressaltou a importância do evento para o Legislativo paulista e disse que a solenidade só enobrece a Casa. "A relevância deste evento, solicitado pela querida deputada Leci Brandão, foi reconhecida por esta Casa de Leis como uma ação de interesse público. Por isso, essa solicitação foi aprovada por todos os deputados", reconheceu o presidente. A deputada Leci Brandão destacou em seu discurso que a ocasião era de festa, mas também era uma oportunidade de gerar reflexões sobre o preconceito sofrido pelos africanos e afro-brasileiros, descendentes da diáspora. "O racismo ainda está presente no nosso país. Ainda precisamos combater a violência contra o negro, em especial, contra a juventude negra", disse a deputada.