Presidente da Sabesp descarta rodízio e diz que desafio é passar por 2015
10/06/2015 20:49 | Da Redação: Keiko Bailone - Fotos: José Antonio Teixeira






"O que a Sabesp faz é trabalhar com um quadro extremamente pessimista", afirmou Jerson Kelman, presidente da Sabesp, ao explicar sobre o futuro que aguarda os 28 milhões de pessoas atendidas hoje pela empresa, que enfrentam, desde o ano passado, uma das piores crises de abastecimento de água. Ele participou da reunião da Comissão de Infraestrutura, ocorrida nesta quarta-feira, 10/6, atendendo a requerimento do presidente dessa Comissão, deputado Alencar Santana Braga (PT).
Referindo-se ao crítico quadro de abastecimento de água do ano passado - o pior índice em 80 anos -, Kelman esclareceu que a Sabesp trabalha com duas hipóteses: chegar a 80% do que foi fornecido em 2014 e produzir água a partir das obras que estão sendo realizadas.
Ele se referia à transferência de água de sistemas de distribuição - não de reservatórios -, ou seja, através da interligação de troncos de abastecimento. Dessa forma, a população que recebe água somente do sistema Cantareira, passaria a ser abastecida pelos outros sistemas também, como o Guarapiranga ou Tietê. Entretanto, descartou qualquer informação sobre a recomposição do sistema Cantareira nos próximos meses ou anos, sob a alegação de que não há dado científico em que possa se basear para tal certeza.
Ao explicar as outras medidas que estão sendo adotadas pela Sabesp para tentar superar a crise de abastecimento, Kelman citou a utilização da reserva técnica do Cantareira, o desconto para quem economiza água e a tecnologia que permite o uso da válvula de redução de pressão. E declarou ser o rodízio o último recurso: "se eu puder não fazer, não faço". Para o presidente da Sabesp, a redução é preferível ao rodízio, devido ao risco de contaminação da água, por causa da infiltração do lençol freático nas tubulações de regiões mais baixas.
Kelman argumentou que a Sabesp produz hoje 70 metros cúbicos - equivalente a 70 mil litros - de água potável por segundo. Na época mais grave da crise, no ano passado, chegou a reduzir em 30% essa produção "e a cidade não colapsou" por causa das medidas adotadas pela empresa, garantiu Kelman.
Lugares altos prejudicados
Questionado por deputados sobre se teria sido adotado o rodízio no ano passado, apesar das negativas do governo, Kelman respondeu que a eficácia da redução de pressão depende da região topográfica. Lugares mais altos estariam, portanto, prejudicados. Sobre as críticas a perdas de água, Kelman justificou que a mídia, de modo geral, tem feito comparações com metrópoles como Tókio, que levou 70 anos para chegar ao percentual da perda atual de 3%.
"Depende do local e do preço da água; a nossa água é cara", disse Kelman, relatando que a perda física de água potável registrada pela Sabesp é de 19%; outros 9% correspondem a perdas provocadas por fraudes e "gatos". O total de perdas resultaria em 28%. Kelman reconheceu que a diminuição dessa perda está nos planos da empresa, bem como a utilização de água de reúso e a procura por água em mananciais.
"Esta seca revelou que a região metropolitana de São Paulo tem de ter mais segurança hídrica", admitiu Kelman. Segundo ele, a disponibilidade hídrica per capita dessa região, com 20 milhões de habitantes, é inferior a do Estado do Piauí. "Por isso, temos de buscar água da bacia do Alto PCJ, formada pelos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí"
Após a explanação do presidente da Sabesp, os deputados presentes - onze, entre membros da Comissão de Infraestrutura e interessados no assunto -, questionaram Kelman sobre a falta de planejamento do governo, que teria gerado a atual crise de abastecimento. Kelman respondeu que em dezembro de 2013, os técnicos não poderiam prever o que aconteceria em 2014: 0,004, quantidade baixíssima de água. "Seca excessivamente rara na bacia do PCJ", afirmou. Este fenômeno de seca, explicou, ocorreria a intervalos de 250 anos, chamado de recomeço pelos hidrólogos. Ele lembrou, entretanto, que 1953 foi o pior ano até 2014, quando houve essa "virulência da seca".
Lucro da Sabesp para acionistas
Todos os deputados presentes - Analice Fernandes, Ramalho da Construção, Carlão Pignatari e Cauê Macris (PSDB); Cezinha de Madureira (DEM): Marcos Neves (PV); Itamar Borges (PMDB); Fernando Cury e Davi Zaia (PPS); Gileno Gomes (PSL); Igor Soares (PTN); Luiz Fernando, Ana do Carmo, Márcia Lia, Marcos Martins, Geraldo Cruz e Professor Auriel (PT); Marta Costa (PSD); e Carlos Giannazi e Raul Marcelo (PSOL) - fizeram perguntas ao presidente da Sabesp. Os temas versaram sobre a entrada de águas do rio São Lourenço no sistema de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, a preservação de mananciais, a cobertura vegetal por eucaliptos - que consome três vezes mais água que a média mundial estipulada por pessoa -, o lucro da Sabesp que é distribuído entre os acionistas, os investimentos da empresa e a compensação ambiental. Além dessas questões, parlamentares do PT contestaram a não ocorrência de rodízio em algumas cidades do ABC paulista ou mesmo bairros da capital, citaram obras na Billings sem licenciamento e contratos emergenciais de R$ 70 milhões firmados pelo governo estadual sem licitação.
Kelman não pôde responder a todas as questões e o presidente Alencar Santana solicitou que as perguntas fossem então enviadas por e-mail.
Pauta
Nessa mesma reunião, foram aprovados pareceres a quatro PLs, entre os quais o PL 1192/2014, de autoria do deputado Aldo Demarchi (DEM), que autoriza o Poder Executivo a criar e implantar programa de economia de água, através da colocação, substituição e adaptação de equipamentos para banheiro nas construções e reformas de prédios públicos.
A íntegra das proposituras constantes da pauta da reunião e sua tramitação podem ser consultadas no Portal da Assembleia (al.sp.gov.br) no link Projetos. A pauta completa da reunião está no link Comissões.
Notícias mais lidas
- Deputado participa de missão oficial a Taiwan e busca ampliar cooperação com potência asiática
- Aprovado na Alesp, novo valor do Salário Mínimo Paulista, de R$ 1.804, é sancionado
- Entra em vigor hoje o novo Salário Mínimo Paulista, de R$ 1.804
- Vitória dos pescadores: artigo que restringia acesso ao seguro-defeso é suprimido
- Alesp aprova projeto que garante piso salarial nacional a professores paulistas
- São Vicente: a importância histórica da primeira cidade do Brasil
- Na Alesp, familiares, amigos e colegas de profissão se despedem do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes
- Sindicatos da Polícia Civil cobram envio de projeto da nova Lei Orgânica à Alesp
- Greve dos servidores públicos da Saúde no estado pauta 130ª Sessão Ordinária da Alesp; assista
Lista de Deputados
Mesa Diretora
Líderes
Relação de Presidentes
Parlamentares desde 1947
Frentes Parlamentares
Prestação de Contas
Presença em Plenário
Código de Ética
Corregedoria Parlamentar
Perda de Mandato
Veículos do Gabinete
O Trabalho do Deputado
Pesquisa de Proposições
Sobre o Processo Legislativo
Regimento Interno
Questões de Ordem
Processos
Sessões Plenárias
Votações no Plenário
Ordem do Dia
Pauta
Consolidação de Leis
Notificação de Tramitação
Comissões Permanentes
CPIs
Relatórios Anuais
Pesquisa nas Atas das Comissões
O que é uma Comissão
Prêmio Beth Lobo
Prêmio Inezita Barroso
Prêmio Santo Dias
Legislação Estadual
Orçamento
Atos e Decisões
Constituições
Regimento Interno
Coletâneas de Leis
Constituinte Estadual 1988-89
Legislação Eleitoral
Notificação de Alterações