Sessão solene ocorrida nesta segunda-feira, 5/10, nesta Assembleia Legislativa, reuniu centenas de políticos, empresários e autoridades libanesas ou descendentes de libaneses que conferiram ao evento espírito de fraternidade comum àqueles que emigraram para terras desconhecidas em busca de um futuro melhor.

A desembargadora Rachid Vaz de Almeida, que veio representando o presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Renato Nalini, ao se manifestar na solenidade, foi a primeira a relembrar o sacrifício de seus avós, imigrantes que vieram em condições precárias. "Mas um povo forte, com orgulho, que conseguiu vencer, a exemplo do Líbano que, após tantas guerras, ressurgiu das cinzas".

O presidente da Assembleia, deputado Fernando Capez, a quem coube a iniciativa da sessão solene, resgatou lembranças de sua visita à família no Líbano, então em plena guerra civil. À época, questionou a eles se o país sobreviveria àquela situação.

Para exemplificar o espírito do povo libanês, contou a história de um réu a quem o ditador, que o prendia no calabouço, propôs que ele mesmo escolhesse seu veredito, da seguinte forma: pegasse, das mãos do ditador, um bilhete de culpado ou inocente. Ocorre que o preso anteviu que os dois bilhetes trariam o mesmo veredito: culpado. Assim, optou por um dos bilhetes e, ao invés de lê-lo, dobrou-o e o engoliu. Ante a surpresa do ditador, respondeu: "se o bilhete que estiver em suas mãos for o de culpado, o que engoli obviamente será o de inocente".

"Ele agiu movido pela fé e esperança; o povo libanês é assim: faz da dificuldade uma oportunidade e uma alavanca", resumiu.

Agradecimento ao país que os acolheu

O deputado Pedro Tobias (PSDB) discursou em nome dos demais deputados de ascendência libanesa presentes no evento: Antonio Salim Curiati (PP), Delegado Olim (PP), Fernando Cury (PPS) e Feliciano Filho (PEN), além dos federais Ricardo Izar (PSD/SP) Antonio Goulart (PSD/SP) e Guilherme Mussi (PP/SP) e dos ex-deputados Said Mourad e Renato Amary. Tobias discorreu sobre sua carreira profissional e política: saiu do Líbano com 16 anos e está atualmente no quinto mandato parlamentar, depois de dois anos como vereador em Bauru. O parlamentar ainda agradeceu ao Brasil, "que abre os braços para todos".

O embaixador do Líbano no Brasil, Joseph Sayah, também se referiu à "generosidade do Brasil" que permitiu aos imigrantes e seus descendentes "despontar no campo político, médico, social e financeiro". Afirmou que os libaneses gostam de ser reconhecidos como mensageiros da paz, reconciliadores e humanitários. "Por isso nos consideramos os verdadeiros cedros do Líbano".

Homenagem ao cedro

A importância e o significado do cedro na vida do povo libanês foi o tom do discurso do cônsul-geral do Líbano em São Paulo, Kabalan Frangieh. Segundo ele, há milhares de anos, o cedro foi a madeira utilizada na construção de templos, altares, palácios, fortalezas, moradias e tumbas dos faraós. Essa árvore é encontrada nas regiões montanhosas do Líbano, Síria, Turquia, Chipre, Marrocos, Argélia e no noroeste africano. O cedro foi escolhido como emblema da bandeira libanesa por simbolizar força e imortalidade. Embora existam muitos tipos de cedro, o do Líbano é a espécie mais velha e mais forte, podendo viver ao longo de centenas de anos.

"A homenagem ao cedro estende-se aos nossos ancestrais; nesses 140 anos, eles atravessaram mares e oceanos, enfrentando as incertezas, fome e a infelicidade; mas integraram-se à sociedade. São eles a causa do nosso sucesso e orgulho".