A possibilidade de fechamento do Centro de Engenharia e Automação (CEA), sediado em Jundiaí e pertencente ao Instituto Agronômico de Campinas, com a transferência de suas atividades para o IAC, mobilizou a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, que realizou nesta terça-feira, 20/10, uma reunião extraordinária para debater o tema. A comissão é presidida pelo deputado Roberto Tripoli (PV). O terreno onde se situa o CEA é de propriedade da Secretaria da Fazenda e sua possível venda teria que ser feita com a participação da Assembleia Legislativa. "Esta audiência é um "aquecimento" para que os deputados tenham conhecimento do tema, caso a ação de se viabilize", ponderou Tripoli. Autor do requerimento que solicitou a audiência, o deputado Luiz Fernando Machado (PSDB) disse que o encontro "verbalizava o sentimento de profunda insatisfação com as notícias veiculadas pela imprensa quanto à disponibilização da área do CEA" Segundo o parlamentar, os reflexos de uma decisão como a transferência do CEA serão sentidos tanto pela população da cidade quanto por ONGs, além da Fatec de Jundiaí, que oferece o curso de gestão ambiental. Também participaram da audiência os deputados Orlando Bolçone (PSB), Davi Zaia (PPS), Ana do Carmo (PT) e Chico Sardelli (PV). Pós-Colheita e Aplique Bem Representante da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Orlando de Melo Castro, coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), garantiu que "não existe proposta de disponibilização da área hoje ocupada pelo CEA". Segundo ele, não haverá o fechamento da unidade de Jundiaí. O que se procura, segundo Castro, é uma readequação que otimize o uso de espaços físicos e a produção dos centros de pesquisa. No caso do CEA, estariam em discussão a transferência para Campinas de pesquisas de Pós-Colheita e do programa Aplique Bem. "Mas o próprio CEA deve discutir e definir suas atividades a partir das necessidades atuais e futuras do agronegócio em relação à engenharia", ponderou Castro. As respostas foram consideradas inconclusivas pelo deputado Luiz Fernando Machado. O pesquisador Hamilton Ramos, do CEA, disse que em reunião de pesquisadores da entidade eles foram informados de que a transferência do Pós-Colheita já estaria decidida para 2016 e em 2018 se daria o deslocamento da estrutura do CEA para Campinas. Quanto ao Aplique Bem, "ele não pode funcionar independente da estrutura do CEA, porque está atrelado, por exemplo, a programas de pulverização", alertou Ramos. A audiência pública abriu a palavra a pesquisadores, agricultores e cidadãos jundiaienses. Jorge Bellix de Campos, presidente da ONG Mata Ciliar, considerou fundamental "otimizar o centro como polo de difusão agroambiental". O presidente do Conselho Municipal de Agricultura de Jundiaí, Antonio Roberto Losqui, questionou a falta de planejamento e gestão dos institutos e avaliou a responsabilidade de toda a comunidade na valorização e defesa desses órgãos. "Fechar algo com esse valor [do CEA] é um atestado de incompetência que damos a cada um de nós", concluiu.