Por iniciativa da deputada Clélia Gomes (PHS), procuradora especial da Mulher na Assembleia Legislativa, foi realizada nesta sexta-feira, 12/8, sessão solene para celebrar os 40 anos de fundação da Liga das Mulheres Eleitoras do Brasil (Libra). A cerimônia foi aberta pelo presidente do Parlamento, deputado Fernando Capez.

"Demandamos maior participação das mulheres na política, equiparação salarial e igualdade de oportunidades tanto na iniciativa privada quanto nas carreiras públicas", disse Capez.

Ele destacou que ainda existe muita violência contra as mulheres dentro de seus próprios lares, "mas a Assembleia, dentro de suas atribuições, não se furtará a essa luta".

Clélia Gomes afirmou que cabe às mulheres, que são quase 52% da população brasileira, mudar o quadro que aponta apenas 10% de mulheres no exercício de mandatos parlamentares. "Quando houver 50% de mulheres e 50% de homens, com certeza teremos uma política mais justa", avaliou.

Ótica masculina

Mais da metade das câmaras municipais brasileiras não tem nenhuma vereadora, ressaltou Alda Marco Antônio. Para ela, leis elaboradas unicamente sob o a ótica masculina geram pensamentos como o expresso pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, que declarou que os homens não tomam tantos cuidados referentes à medicina preventiva quanto as mulheres, porque trabalham mais e têm menos tempo.

"Alguém que diz isso não sabe o que é homem, o que é mulher e o que é trabalho. É errado deixar os homens decidirem sozinhos", acrescentou Alda. Para ela, as mulheres devem assumir a sua parte na responsabilidade por estarem fora da atividade política. E nada vai mudar enquanto não entrarem maciçamente nos partidos políticos", finalizou.

Jogo do empoderamento

Guiomar Milan Sartori, fundadora da Libra, e Marta Lívia Suplicy, atual presidente da entidade, relembraram a trajetória da liga e seus objetivos presentes, de capacitação, formação e apoio à participação feminina na política. "Precisamos jogar o jogo do empoderamento. Esses 40 anos são uma comemoração de todas nós", disse Marta.

Mais do que nunca, os objetivos da Libra são importantíssimos, avaliou o deputado Delegado Olim (PP). "Que nas eleições deste ano tenhamos um número mais expressivo de mulheres candidatas", ele propôs.

O Brasil de 1976 era diferente do atual, e as mulheres enfrentavam desafios ainda maiores, disse o deputado federal Roberto de Lucena (PV). "Vocês, da Libra, foram corajosas num período em que a liberdade de expressão e de manifestação era relativa. O grande desafio desta década, de passar o Brasil a limpo, exige que homens e mulheres trabalhem de mãos dadas", acrescentou.

Entre os homenageados na cerimônia, além de Clélia, Alda, Marta Lívia e Guiomar, estavam Suraia Badue Capez e Dalva Christofoletti, membros da Libra; a consulesa-geral da República de Malta e vice-presidente da Associação Brasileira de Cônsules, Fiorella Baggio Biasoli; a ex-deputada Rosmary Corrêa, presidente do Conselho Estadual da Condição Feminina; e o comandante do 8º Distrito Naval, vice-almirante Glauco Castilho Dall"Antonia.

Também receberam diplomas Ermantina Ramos, presidente da União e Apoio no Combate ao Câncer de Mama (Unaccam); João Santos, presidente da ONG Bem Querer Mulher; Katia Boulos, presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB/SP; Marialice Cerello, chefe do cerimonial do governo do Estado de São Paulo; e Zélia Varajão, gerente educacional do Centro de Integração Empresa Escola. A parte musical da cerimônia esteve a cargo do coral do Instituto Hatus.