Em sessão solene ocorrida na noite de 23/9, o secretário estadual da Saúde, David Uip, foi condecorado com o Colar de Honra ao Mérito Legislativo. O presidente Fernando Capez, autor da iniciativa, afirmou que a homenagem dirigia-se a um professor dedicado ao conhecimento técnico de uma profissão destinada a salvar vidas. Mais adiante, Capez lembrou visita que fez à Casa da Aids, quando Uip, fundador e diretor da instituição, empreendia esforços para combater o preconceito contra pacientes.

Em mensagem encaminhada a Uip, o governador Geraldo Alckmin registrou o "justo tributo ao médico, professor, secretário de Estado e cidadão, que muito tem feito para transformar a saúde pública do país". O deputado Itamar Borges (PMDB), coordenador da Frente Parlamentar de Apoio às Santas Casas, reconheceu o empenho de Uip para suprir as deficiências no repasse às entidades filantrópicas neste momento de crise financeira "com propostas diferenciadas para atender a população". O coronel José Roberto Rodrigues de Oliveira, secretário-chefe da Casa Civil, recordou-se da primeira vez em que viu Uip, na TV, falando sobre a Aids, "que já causava preocupação no Brasil e no mundo". Contou que, anos depois, à época em que ocupava a Coordenadoria da Defesa Civil, no governo Mário Covas, pôde acompanhar o trabalho de Uip como médico.

David Uip

A trajetória profissional de Uip, secretário da Saúde desde setembro de 2013 " foi calcada na área de infectologia, especialidade pela qual optou no começo da carreira, em 1973, após experiências no Projeto Rondon e Hospital de Ilha Solteira. "A cruel realidade com a qual me defrontei nesses locais me convenceu", contou Uip, em suas palavras de agradecimento. Em 1979, Uip atuava como médico residente em moléstias parasitárias. No entanto, "o fato que transformou a minha vida foi o primeiro caso autóctone de Aids, diagnosticado no Brasil em 1982". Anos depois, o crescimento dessa doença levou Uip a fundar, em 1994, um ambulatório de moléstias infecciosas (embrião da Casa da Aids) no Hospital das Clínicas, o qual ele dirigiu por oito anos.

Em 1985, integrar a equipe do médico Adib Jatene, um dos pioneiros da cirurgia cardíaca no Brasil; a junta que acompanhou o ex-presidente Tancredo Neves; e a estreita convivência com Covas, falecido em 1998 também marcaram a carreira de Uip. "Assisti à morte dele", disse.

Após 21 anos no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP, assumiu a diretoria executiva, por cinco anos. Em 2007, tornou-se diretor-presidente da Fundação Zerbini. "Essa instituição enfrentava uma crise sem precedentes, que hoje está sanada", relatou Uip, que também foi diretor no Instituto de Infectologia Emílio Ribas. "Minha dedicação ao serviço público não prejudicou minha vida pública", afirmou, enumerando as palestras realizadas por ele, além de capítulos de livros, artigos publicados (mais de 400) e trabalhos científicos apresentados no Brasil e exterior (314).

Com quase 40 anos de carreira, Uip não se furtou a falar da pasta de Saúde, que tem orçamento anual de R$ 23,5 bilhões e 150 mil funcionários. Citou problemas que a secretaria enfrenta, como a judicialização e a queda na arrecadação. "Nada, absolutamente nada resolve, além do trabalho. Com ele que iremos continuar formando gestores públicos e firmando compromissos com a saúde digna e humanizada".