Representantes de modalidades esporti­vas, atletas, ex-atletas e membros da sociedade civil participaram de audiência pública que reivindicou a suspensão da concessão do Complexo Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, o Complexo do Ibirapuera. O evento ocorreu na quinta-feira (20/10) e foi uma iniciativa dos deputados Luiz Fernando Teixeira (PT) e Alencar Santana (PT).

A concessão do complexo ainda está em fase de apresentação de estudos dos interessados. Segundo o governo estadual, a ideia é modernizar o espaço que possui mais de sessenta anos. Após essa primeira etapa, os envolvidos que forem autorizados pelo governo terão 90 dias para apresentar possíveis mudanças no espaço de 110 mil metros quadrados e o valor previsto para o investimento pode chegar a 230 milhões de reais. A última fase será a elaboração de um edital de licitação para escolha do concessionário, previsto para ser publicado no primeiro semestre de 2018.

O deputado Luiz Fernando Teixeira não concorda com a concessão. "É loucura o que está para ser feito. O complexo é um local sagrado para muitas modalidades", afirma. Membro da Comissão de Esportes da Assembleia, o parlamentar afirma que vai lutar a favor da manutenção da gestão pública do local. "Iremos até as últimas consequências, buscaremos amparo do Ministério Público, vamos interferir nesse edital. O Ibirapuera é um patrimônio brasileiro, de São Paulo e, sobretudo, um patrimônio do esporte."

Alencar Santana criticou a política de concessões feita no Estado. "Nós estamos vivendo um período em que, aparentemente, o Estado está à venda." O deputado também criticou a forma como os estudos estão sendo feitos. "Quem realizar esses estudos iniciais será remunerado pelos possíveis concessionários, não pelo Estado. O contratado fará o estudo com qual lógica? Defendendo o lado do poder público ou do futuro pagador? É uma contradição, a finalidade é beneficiar o setor privado, com interesse financeiro, e não o do esporte", disse.

Presidente da Federação Paulista de Judô, Francisco de Carvalho Filho chamou a atenção para a importância do complexo para o desenvolvimento de atletas de alto rendimento. "Foi nesse espaço que todos os campeões que nós tivemos até hoje no judô nasceram, mesmo os atletas de outros Estados também treinaram no complexo", afirmou.

A ex-atleta Elisangela Maria Adriano pediu a união de todos para a preservação do local. "A pista do estádio Ícaro de Castro Melo foi o primeiro local onde competi, aos 11 anos, e também o último depois de trinta anos de carreira. É uma tristeza muito grande, nós poderíamos estar aqui para comemorar a utilização do espaço, mas estamos pedindo para que ele não seja destruído", disse. Hoje diretora-executiva da ADAB (Associação Desportiva do Atletismo no Brasil), Elisangela considera a pista de atletismo um santuário para o atletismo brasileiro.

Foi a primeira reunião que pretende buscar soluções para manter o Complexo do Ibirapuera sobre a gestão do Governo do Estado. De acordo com o deputado Luiz Fernando Teixeira, a primeira medida será conseguir amparo do Ministério Público para tentar barrar o edital.