FuncionAL - Com vocês, Flora




Desde muito cedo Flora Guabiraba aprendeu a vencer os obstáculos e os desafios que a vida lhe impôs. Caçula de uma família de sete irmãos, pouco tempo depois de nascer foi atingida pela poliomelite, assim como muitas crianças no Brasil por volta de 1960. Cercada de cuidados e atenção da família, a dificuldade tornou-a mais forte.
Quando começou a frequentar a escola, durante muitas ocasiões precisava afastar-se para tratamentos de saúde e cirurgias. E assim, acostumou-se a percorrer corredores de hospitais e a respeitar seu próprio tempo para concluir cada um dos anos escolares. "Para mim sempre foi mais difícil estudar, pois havia essas interrupções, então perdia o ano e aí tinha de começar tudo de novo". Porém, nada a impediu de avançar nos estudos.
Em 1977, ela estava fazendo um curso técnico de contabilidade quando uma prima lhe falou sobre um concurso para trabalhar no Hospital do Servidor Público Municipal. "Ela perguntou se eu não queria fazer a prova para testar meus conhecimentos e achei que era uma boa ideia. Fiz e passei."
Ainda sob protestos da família e do irmão mais velho, que preferiam que ela apenas estudasse, tomou posse no cargo de escriturária no hospital e conta que foi uma experiência fabulosa. "Eu tratava da papelada dos pacientes, conheci muita gente legal e principalmente conquistei uma visão ampla sobre o serviço social. Chegava mais cedo no plantão e, como era na neurologia, atendia pessoas muito carentes e sofridas. Era muito bom poder ajudá-las e ser útil, afinal eu já tinha estado do outro lado, fui paciente por muito tempo."
Em 1980, depois do casamento, tomou uma decisão importante. "Pedi exoneração e fui cuidar da casa, e depois dos meus filhos". Porém, não demorou muito para concluir que faltava algo para completar a vida. "Queria voltar a trabalhar e, em comum acordo com meu marido, prestei concurso na Assembleia Legislativa e passei."
Flora tomou posse em 1985 e iniciou o trabalho na recepção do Serviço de Saúde, onde conheceu a maioria dos funcionários da Alesp, já que ali o fluxo de pessoas era grande. "Era muito corrido. As sessões extraordinárias eram imprevisíveis e não tinham hora para acabar. Diversas vezes estendiam-se pela madrugada, e havia dias que eu precisava assumir a escala de serviços às 20h. Na época já tinha meus dois filhos, que eram muito pequenos."
Conciliar a peculiar escala de horários do serviço com as rotinas de uma mãe de duas crianças não foi fácil. Por isso, Flora decidiu ir para um setor que lhe oferecesse uma escala de horários mais convencional. "Fui para o Departamento de Comissões e depois para os gabinetes, porque à medida que as crianças cresciam aumentavam também as demandas familiares."
Foram 22 anos trabalhando diretamente com os parlamentares. "Uma experiência ímpar: vi de perto nascerem novos projetos e ações na área social e tive a oportunidade de conhecer várias vertentes políticas e de movimentos de moradia", relata.
Ela também acompanhou deputados e suas assessorias na criação do projeto do Estatuto da Criança e do Adolescente e na conscientização e prevenção dos jovens por conta da epidemia da Aids, que na época crescia muito. "É bom saber quando o nosso serviço faz a diferença na vida das pessoas e isso sempre me trouxe muita alegria e realização. Convivia com pessoas de luta e muito interessantes, como a Brenda Lee [cantora militante transexual brasileira dos direitos LGBT]. Lembro-me muito bem dela entrando no gabinete, para mim foi um momento grandioso."
Outro ponto empolgante e que ela lembra bem foi a época da Constituinte. Flora já estava trabalhando na área parlamentar, o que a aproximou do momento histórico. "Era muito trabalho, não tínhamos computador, era tudo feito na máquina de escrever. O Departamento de Documentação e Informação (DDI) da Casa nos passava o material que chegava de Brasília e separávamos as emendas para transcrevê-las", explica.
O trabalho nessa área permitiu que ela conhecesse várias cidades do interior de São Paulo por meio das pessoas e suas histórias. "Foi uma riqueza na minha vida e aproveitei as diversas informações para me aperfeiçoar. Acredito que esse aprendizado foi transferido um pouco para os meus filhos também, já que eles participavam da minha vida, do que eu fazia", lembra.
Flora transitou também pela área da comunicação social. "Trabalhei com a Selma Nunes e o setor tinha um horário na programação da TV Alesp. Começamos a produzir debates, escolhíamos um tema e convidávamos o pessoal da área para participar. Era muito interessante! Depois, a equipe foi mudando e resolvi ir para o DDI, onde fiquei atuando na assessoria da biblioteca."
Em 1998, já com os filhos crescidos, aprofundou-se no assunto que há tanto tempo a inspirava e fez a Faculdade de Serviço Social na Faculdade Paulista de Serviço Social (Faps). Formou-se em 2002 e o trabalho de conclusão do curso foi sobre movimentos populares.
Em 2009 recebeu o convite para mais um desafio, dessa vez no Departamento de Recursos Humanos. "Não tinha como negar, eu estava indo para um time de peso, com gente muito boa e competente - Maria Teresa Rosa, Élcio Avelino e Regina Moreira. No entanto, devo confessar que o fato de ser um trabalho burocrático me deixou reticente e achei que não ia dar certo."
Contrariando as próprias previsões, o trabalho foi um sucesso e muito produtivo. "Criamos a Roda de Conversa, que promovia encontros dos funcionários ao menos uma vez por mês e sempre com uma apresentação de talentos artísticos da Casa. Produzimos oficinas de artes com aulas de fotografia e artesanato, tudo ministrado por nossos próprios colegas, além de apresentações artísticas nos espaços do Palácio. Sempre valorizando o nosso material humano. Então, foi fantástico."
Flora descobriu ali uma mais oportunidade de conhecer e entender as necessidades das pessoas e fez disso um aprendizado. "Foi a chance de observar as diferenças entre trabalhar nos gabinetes, onde você corre porque precisa de tudo muito rápido, e na administração, onde você precisa realizar e executar, mas também lidar com a burocracia, que sabemos ser custosa, porém necessária. Faz parte do trabalho lidar com tudo isso."
Foram 29 anos de serviço na Alesp e ela seguiu os passos que a ligaram de forma indissóciável à sua grande paixão: a humanidade e a atenção com as pessoas e a política. "A Assembleia tem uma vantagem, se comparada a outros órgãos públicos, que é o fato de você trabalhar com vários setores. Foi assim que adquiri uma grande experiência", disse.
Flora aposentou-se há 5 anos e atualmente divide a rotina entre São Paulo e Cerquilho, na região de Sorocaba. "É uma cidade muito acolhedora e estruturada, especialmente para as pessoas com deficiência", diz. Mas confessa estar ficando mais na capital paulista para aproveitar a convivência com os seus cinco netos. "É uma relação de amor, entrega e paixão. É uma segunda chance, pois percebo que perdi muita coisa legal no crescimento dos meus filhos e que hoje posso desfrutar com os meus netos."
Aos 63 anos e com muita disposição, ela afirma que o ócio é sim produtivo e a maturidade traz outra percepção de vida. "O que nunca vai mudar é meu sentimento de acolhimento e de lar que tenho pela Assembleia. Nela eu aprendi do meu primeiro até o último dia. No entanto, como todo filho tem de sair da casa da mãe, eu fui embora. Mas guardo muitos e grandes amigos, boas lembranças e tudo de bom daqui."
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