Nestas próximas semanas, vamos conhecer um pouco mais sobre as expectativas dos principais personagens do legislativo estadual paulista para os próximos quatro anos: os deputados.

Depois de cinco meses de mandato, o que será que eles esperam? Em quem eles se inspiram? Quais as prioridades de cada gabinete?

A entrevista desta edição é com a deputada Beth Sahão.

Últimos meses

O primeiro semestre deixou muito a desejar e a população, infelizmente, perdeu muito. Perdeu nas privatizações aprovadas nesta Casa, perdeu nos investimentos propostos, por exemplo na Lei de Diretrizes Orçamentárias, já que poucas emendas foram contempladas pelo relator. De positivo destaco apenas a operacionalização da rotina legislativa, com a implantação das comissões, das frentes parlamentares, isso tudo até caminhou bem. O maior problema foi relacionado a aprovação dos projetos, que não preservaram os segmentos e os setores atingidos, principalmente no que se refere às privatizações.

A atual composição da Assembleia é bastante diferente daquela que nós estávamos habituados a tratar. Quando tínhamos o PSDB como maior foco da oposição havia um diálogo maior. Hoje, com o PSL, este diálogo foi muito reduzido e de certo modo isso compromete o resultado final, por exemplo, quando um projeto é aprovado. No caso da privatizações, elas foram debatidas de uma forma superficial e, embora em alguns momentos até tenhamos conseguido alguns avanços no sentido de realizar audiências públicas, isso foi insuficiente para fazer as alterações que muitas vezes nós propusemos como bancada de oposição. Isso deixa uma sensação de que lutamos, mas não conseguimos. E neste sentido a falta de diálogo diminui os espaços de conversação que tradicionalmente essa casa tem que ter, porque parlamento vem de parlar e parlar vem de conversa, então você precisa ter isso.

Projetos, legado e futuro

Nós temos causas fortíssimas que já vêm desde o mandado passado e que vamos intensificando, aprimorando e ampliando. As prioridades são sempre os direitos humanos, cuja comissão, inclusive, eu presido atualmente. A questão da mulher também temos tratado de uma forma muito próxima e não abrimos mão. E outras bandeiras enormes como, por exemplo, a questão da moradia, uma luta que eu tenho muito forte na cidade de São Paulo e no interior. Também não posso deixar de pontuar o desenvolvimento regional, porque embora eu tenha uma atuação grande na capital e na região metropolitana, também tenho atuação no interior, por isso tenho compromissos na área da agricultura familiar, passando pelo pequeno produtor, pelo próprio agronegócio. Eu trabalhei em uma usina de etanol e de açúcar durante muitos anos e tenho grande preocupação nesse sentido até porque as usinas vivem um momento difícil da sua produção com redução de trabalhadores e outras dificuldades. Há regiões, como a minha, onde o segmento sucroenergético é fortíssimo, predominante na economia local. Tudo isso sem deixar de considerar as questões da educação e da saúde, pautas naturais de lutas históricas do nosso partido.

Inspiração e referências

O ex-presidente Lula, nosso companheiro, que foi condenado de forma injusta é uma pessoa que a gente sempre defendeu, admirou e respeitou por toda sua trajetória e pelos exitosos mandatos em favor do povo brasileiro. Posso citar também Dom Paulo Evaristo Arns, que sempre admirei e infelizmente não está mais conosco, e as tantas mulheres de lutas, que batalham diariamente e foram fundamentais para que nós pudéssemos hoje desfrutar dessa condição que desfrutamos. Ainda está longe de obtermos a autonomia e a liberdade que nós sonhamos, mas acho que avançamos muito.