Empoderamento de meninas, desenvolvimento de habilidades de liderança e a necessidade da ocupação dos espaços públicos pelas adolescentes e jovens foram alguns dos temas abordados no seminário Escola de Liderança " meninas pela igualdade, realizado na manhã desta quinta-feira (31/10) na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. O objetivo do evento foi sensibilizar o Poder Público a respeito da desigualdade de gênero principalmente nas periferias. Durante o seminário também ocorreu a formatura de 40 participantes da Escola de Liderança para Meninas.

O curso atendeu crianças e adolescentes de Paraisópolis e Capão Redondo. Foi promovido pela ONG PLAN International, organização que defende a promoção de igualdade de gênero no Brasil desde 1997. Foi criada em 1937 para ajudar crianças órfãs da Guerra Civil Espanhola. As alunas tiveram aulas de direitos humanos, direitos das meninas, desigualdade de gênero, políticas públicas e participação cidadã. Houve também visitas à Alesp, à Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania e ao Ministério Público de São Paulo.

Uma das formandas foi Mariana, de 20 anos, moradora do Capão Redondo, que definiu o que representou o curso para ela: "o projeto aborda alguns bloqueios que a gente tem por ser menina e mudou bastante minha vida no sentido de entender melhor e saber o que vou fazer. Não adianta ter informação e não saber como agir. No projeto temos a teoria e a prática", disse. Durante o curso, Mariana fez uma "live" com uma das diretoras do Linkedin sobre oportunidades de emprego para as meninas da comunidade.

Equilíbrio de gênero

O seminário foi iniciativa da deputada Marina Helou (REDE), que entende que a transformação e a construção de um futuro passa por um equilíbrio de gênero, por igualdade entre homens e mulheres. "As meninas são fundamentais porque são protagonistas nessa luta. Um evento que se chama Meninas pela Igualdade coloca as meninas no centro dessa construção de um novo futuro, um futuro em que as meninas podem estar exatamente onde elas quiserem", afirmou a parlamentar.

Berenice Giannella, secretária municipal dos Direitos Humanos e Cidadania, afirmou que quando se fala em empoderamento feminino, não se fala sobre a participação das meninas. "Sabemos que existe um alto índice de violência contra crianças. O Brasil é o quarto do mundo em casamento infantil. Isso tudo é corrigido com educação e empoderamento. É muito importante que as meninas sejam preparadas para lidar com essa realidade, para serem líderes dentro da sua comunidade", ressaltou a secretária.

A vereadora paulistana Soninha Francine teve sua primeira filha aos 16 anos. "Queria ter tido a oportunidade de participar de um evento assim na minha juventude. Com tudo que eu tinha de estudo, de retaguarda, tinha meu marido junto comigo, tinha horas que achava que meu mundo tinha caído, que eu não ia fazer mais nada do que planejava", relembrou. "Essas meninas estão tendo oportunidade. Cada uma delas será um ponto de influência, de estímulo, inspiração. Espero poder contribuir da melhor maneira possível para que essas meninas se transformem em milhares de outras", finalizou Francine.

Também estavam presentes no seminário representantes do Ministério Público e da OAB-SP.