A limpeza do rio Pinheiros e a crise hídrica que pode afetar o Estado foram destaques na reunião da Comissão de Relações Internacionais realizada na manhã desta quinta-feira (24/6). Deputados que compõem o colegiado debateram com o cônsul de Israel em São Paulo, Alon Lavi, e o secretário de Estado das Relações Internacionais, Julio Serson, o uso de tecnologia israelense no reaproveitamento de recursos hídricos no Estado.

O presidente do Parlamento paulista, deputado Carlão Pignatari, abriu a reunião e parabenizou o presidente do órgão técnico, deputado Paulo Fiorilo (PT), pela condução dos trabalhos. "Você luta para que essa comissão seja muito representativa. Toda semana um cônsul, um representante exterior, que é o nosso papel colocar a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo à disposição", disse.

Durante a reunião, o secretário de Relações Internacionais, Julio Serson, celebrou a parceria entre os países. "Não é só pela cultura, pela comunidade judaica, pelo empreendedorismo, pela tecnologia, ou pelas startups. Israel é um parceiro prioritário do Estado de São Paulo e também do Brasil", afirmou.

O cônsul Alon Lavi, que já visitou diversas cidades no interior do Estado, comentou sobre os assuntos dos quais pretende estabelecer parcerias com o Estado, incluindo a área de saneamento básico e a utilização de água.

"Os governantes precisam pensar sobre o futuro que pode ser limitante na questão hídrica". "Israel é um líder mundial nesse quesito e já conseguimos evitar a situação da escassez de água no país. O tratamento de água e reuso para a agricultura é algo que podemos ajudar muito no Estado de São Paulo", disse.

A questão da limpeza do rio Pinheiros, na capital do Estado, também foi citada pelo especialista que sugeriu unir esforços. "Nós queremos fazer parcerias nessa área utilizando tecnologia para ajudar a limpar o rio Pinheiros. Israel está tratando e reutilizando 80% da água na área da agricultura, o que na minha opinião, será realidade num futuro próximo em São Paulo também", disse.

Outro assunto tratado pelo especialista foi a agricultura urbana nos municípios do Estado. Ele citou uma proposta em execução que será lançada na próxima semana, no Rio Grande do Sul. "Temos um projeto piloto na Prefeitura de Porto Alegre com o objetivo de criar parcerias entre empresas locais e empresas de Israel que trabalham na área de agricultura familiar, para analisar como podemos potencializar isso. Há muitos municípios aqui em São Paulo que podem ser muito relevantes [para a criação de projetos]", disse.

Propostas voltadas para a tecnologia na área da saúde digital no Estado de São Paulo foram defendidas pelo cônsul Alon Lavi. Ele afirmou que a pandemia mostrou a importância de organizar melhor o sistema de saúde. "Israel desenvolveu aplicativos para monitorar pessoas com a doença [Covid-19] e o desenvolvimento da vacina ocorreu de maneira rápida, pois tudo está conectado", disse ele.

A área de inovação também foi discutida pelo representante de Israel. Ele afirmou que o país já possui acordos nesse segmento com o Brasil, mas que pretende ampliar. "O Estado de São Paulo pode ser um parceiro também, onde podemos investir fundos para desenvolver inovação entre empresas de São Paulo e Israel, principalmente na área de cidades inteligentes" afirmou.

O deputado Paulo Fiorilo comentou que uma parceria para a criação de um projeto piloto poderia ser deliberada pelos dois países. "Hoje nós temos um problema porque o crédito para essa área foi muito reduzido, então esse poderia ser o primeiro passo", disse. Lavi sugeriu escolher uma cidade específica para a visita de um especialista de Israel para estudar a implantação de um projeto.

O deputado Wellington Moura (Republicanos) questionou o cônsul Alon Lavi sobre as expectativas para as relações entre Brasil e Israel, e os desafios para ampliar os laços diplomáticos e comerciais entre os dois países. O cônsul de Israel afirmou que as ligações políticas entre os dois países já existem e vão continuar.

Além dos citados anteriormente, estavam presentes os deputados Castello Branco (PSL), Barros Munhoz (PSB), Professor Walter Vicioni (MDB) e Alex de Madureira (PSD).