Ato pela cultura de paz movimenta comunidade da EE Professora Célia Ribeiro Landim, na zona leste

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24/04/2023 11:09 | Atividade Parlamentar | Da Assessoria do deputado Carlos Giannazi

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Professor Éder (em pé) e Giannazi (sentado, à dir)<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2023/fg299135.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

No dia 19/4, véspera do dia em que, segundo boatos e ameaças divulgadas pelas redes sociais, ocorreriam vários ataques às escolas, Carlos Giannazi (PSOL) esteve na EE Professora Célia Ribeiro Landim, no Jardim Neila - extremo da zona leste de São Paulo, quase divisa com Ferraz de Vasconcelos -, para participar de um ato de incentivo à cultura de paz nas escolas, com base em respeito, acolhimento e tolerância.

A iniciativa da comunidade escolar, liderada pelo diretor Éder Soares Sá Britto, não foi um ato isolado. Sua equipe de educadores realiza atividades constantes contra a violência com base em respeito e diálogo. "Nossa escola não tem relatos de violência. Passam meses sem que haja um único registro em nosso livro de ocorrência escolar. Mas chegamos a essa boa situação depois de um trabalho com nossos estudantes, chamando-os à reflexão sobre suas ações", explicou o diretor, que participou naquele mesmo dia de uma live do Coletivo Educação em Primeiro Lugar.

Como exemplo, o diretor citou a forma de abordagem da escola nos pequenos incidentes. "Quando acontece um empurra-empurra na fila ou quando um aluno passa uma mensagem torta sobre outro, nós chamamos os envolvidos e os convidamos à reflexão. Ou os alunos se convencem do ato ou são vencido pelo cansaço. Professor fala bastante, e para não ouvir o diretor, eles mudam de conduta", brincou.

Éder Britto também contou da sala de relaxamento, um ambiente criado com ajuda dos próprios alunos onde eles se sentem acolhidos quando passam por momentos difíceis. Na sala, sob luzes azuis e roxas - que segundo a psicologia induzem o relaxamento - os alunos se recostam em pufes e podem ouvir um mantra, ou apenas o som de uma pequena fonte. Nas paredes, os jovens pintaram temas reconfortantes, alguns deles baseados nos desenhos animados que povoaram a sua infância. "Eles fogem para lá quando têm crises de ansiedade, passam alguns minutos e depois voltam para a sala de aula. Quando o caso é mais crítico, enquanto o aluno aguarda ali, a família vem e nós os acompanhamos ao posto de saúde ou damos algum encaminhamento", relatou.

Na roda de conversa transmitida pelas redes sociais, Britto voltou a enfatizar que essa abordagem é pautada no respeito a uma juventude que é perseguida sem nem ao menos dar-se conta disso. Que fica encurralada quando não lhe dão nada, a não ser a perspectiva de ter de abrir mão de seus sonhos.

Para o educador, essa mesma estratégia deve ser usada contra as ameaças de violência, que para ele são parte de um projeto da direita fascista para desmantelar a educação, desautorizar os educadores e de afrontar o conhecimento. "É algo orquestrado, e justamente por isso nós fizemos o ato de hoje. A educação não pode parar", afirmou.

Incitação via internet

Na live, Carlos Giannazi explicou que sempre houve violência nas escolas, o que é um reflexo da violência social, mas que é justamente no ambiente escolar que existe a possibilidade de se reverter ou, no mínimo, de se amenizar essa violência por meio de um projeto pedagógico libertador e da oferta de cultura e de arte.

Neste momento, entretanto, os crimes de ódio que vêm ocorrendo nas escolas são estimulados por grupos de extrema direita através das redes sociais. "O próprio Twitter admitiu que haviam mais de 511 perfis estimulando os ataques e ensinando como fazê-los", salientou. "Isso mostra que nós estamos vivendo uma excepcionalidade."

O vereador Celso Giannazi (PSOL), membro da Comissão de Educação da Câmara paulistana, ressaltou o caráter de fake news das ameaças divulgadas, que ocorreriam no dia 20, uma alusão ao Massacre de Columbine (1999) e ao nascimento de Adolf Hitler (1889). "Em resposta a esses boatos, surgem soluções fáceis, como a instalação de detectores de metais nas portarias, a instalação de câmeras nas salas de aula ou a contratação de empresas privadas de segurança armada. Essas medidas não atacam propriamente o problema, que é a falta de servidores do quadro de apoio, de professores de mediação, de apoio psicopedagógico. Até o quadro de vigias foi extinto da rede municipal de São Paulo", destacou.

A deputada federal Luciene Cavalcante (PSOL-SP) também considera complexa a questão da segurança nas escolas, que abrange desde o fortalecimento das rondas escolares à criação de uma polícia investigativa para os crimes que ocorrem nos ambientes digitais. Passa também pela formação dos profissionais que atuam na rede de proteção - educadores, psicólogos, assistentes sociais etc. - para que saibam identificar as mudanças de comportamento das crianças e dos jovens quando são capturados por essas células criminosas, que incentivam e ensinam como praticar ataques violentos.

Concluindo a conversa, Carlos Giannazi garantiu que não haveria ataque nenhum em 20/4 - como de fato não houve, especialmente por causa da ação do Ministério da Justiça, da Polícia Federal, do Ministério Público e das polícias civis estaduais, que desmantelaram vários perfis nas redes sociais de incentivo aos crimes de ódio. "Essa onda de pânico que está sendo disseminada não pode continuar, escola é lugar de paz!", concluiu.


alesp