Frente Parlamentar criada na Alesp quer mais diversidade nas universidades paulistas

Proposta é ampliar o espaço para negros, indígenas e pessoas trans entre os estudantes; elevar o número de professores e professoras negros nas instituições também é meta do grupo
13/06/2023 20:24 | Educação | Fábio Gallacci - Fotos: Rodrigo Romeo

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Frente Parlamentar - Universidades Públicas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2023/fg303185.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Frente Parlamentar - Universidades Públicas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2023/fg303186.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Deputada Mônica Seixas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2023/fg303187.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Codeputada Najara Costa<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2023/fg303188.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Professora Eunice Prudente Direito da USP<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2023/fg303189.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A Frente Parlamentar em Defesa de Ações Afirmativas nas Universidades Públicas foi lançada oficialmente em evento realizado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, nesta segunda-feira (12). As ações estarão sob coordenação da deputada Monica Seixas do Movimento Pretas (PSOL).

Na pauta de discussões da reunião, que ainda contou com a presença de representantes da deputada Marina Helou (Rede), está a maior participação de pessoas negras, indígenas e transexuais no Ensino Superior paulista e também a ampliação dos quadros de docentes negros e negras nestas instituições.

A meta é chegar a 37% dos cargos nas universidades - a mesma proporção da população paulista que se considera negra, de acordo com dados do Censo Demográfico do IBGE de 2010.

O primeiro encontro na Alesp reuniu trabalhadores das três universidades públicas estaduais - USP, Unicamp e Unesp -, movimentos sociais e estudantes. "É histórico o lançamento dessa Frente. Sabemos dos avanços em relação a questão das cotas étnico-raciais nas universidades, com destaque para o Vestibular indígena da Unicamp, por exemplo, mas acreditamos que ainda há necessidade de um maior debate sobre a permanência e acolhimento desses estudantes", afirmou a codeputada Najara Costa, do Movimento Pretas. "É preciso que haja um comprometimento das instituições para que os avanços não sejam inócuos. Também estamos encabeçando a luta para termos mais professores negros e indígenas nessas mesmas universidades. Estamos aqui para pensar estratégias que possam democratizar ainda mais esses espaços", acrescentou a codeputada.

Como exemplo de uma necessidade urgente de equilibrar essa balança social, Najara trouxe os números da USP. Atualmente, a instituição tem apenas 2,3% de professores negros em seus quadros. São 125 em um universo total de 5,5 mil docentes.

Protagonismo

Para a professora da Faculdade de Direito da USP, Eunice Prudente, garantir a diversidade nas universidades é realmente transformar esses locais em um espelho fiel da sociedade. "A diversidade tem valor institucional. Então, todas as escolas e universidades têm um compromisso com esse assunto. Esses professores negros e negras da USP integram o povo brasileiro, mas, quando olhamos para as nossas universidades, não os vemos. Vamos corrigir isso! A diversidade para o corpo docente se faz necessária. Precisamos, finalmente, respeitar o protagonismo negro e a contribuição africana que há em nossa cultura e maneira de ser. Já é tempo de olharmos para isso", alertou a professora. "Estamos aqui na Alesp para que essas iniciativas tenham vida. Documentos são produzidos para efetivar direitos humanos, os mesmos que os docentes negros têm", reforçou Eunice

Permanência

Estudante de Pedagogia na Unifesp de Guarulhos, Lucas Castro foi um dos representantes dos estudantes no encontro. Ele trouxe a preocupação com a permanência dos jovens nos bancos das universidades. Depois de muitas dificuldades, a maioria encontra outros desafios para conseguir concluir os cursos.

"É preciso pensar a Educação para além do que está posto, pensar nela como uma ferramenta efetiva de formação de pessoas que pensam, que vão questionar e elaborar outro modelo de sociedade", disse Castro. "Quando a gente fala de políticas afirmativas para as universidades públicas, estamos tratando do rompimento de uma estrutura que nunca se preocupou em garantir que estudantes negros e periféricos conseguissem acessar esses espaços no Brasil. Apesar de termos avançado na política de cotas, ainda falta a questão da permanência. As pessoas conseguem acessar, mas têm dificuldade de permanecer, seja porque trabalha, é mãe, mora muito distante da universidade e o transporte é difícil", comenta o estudante.

Segregação

Castro acredita que o surgimento da Frente Parlamentar pode ser mais um passo para romper com um ciclo de segregação de espaços costumeiramente restritos na sociedade. "Tenho colegas que enfrentam seis horas por dia de transporte público para ir e voltar da universidade. Isso gera um desgaste e a impossibilidade de a pessoa se manter, algo precisa mudar", apontou ele.


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