Sabesp: na contramão da história... o trem anda para trás
18/10/2023 15:35 | Atividade Parlamentar | Da Assessoria da deputada Ana Perugini

Próximo da Estação Jacuba em Hortolândia um avô aguardava a passagem do trem de carga junto com seu pequeno neto. Ao término da passagem, o menino, ao ver a locomotiva na última composição, constatou surpreso para o seu avô e disse: "O trem está andando para trás".
No ano de 2017 o sítio da BBC News noticiava que enquanto o Rio de Janeiro privatizava a gestão do tratamento e fornecimento de água, Paris, Berlin e outras 265 cidades faziam o processo inverso: reestatizava. Ainda agora, neste mês de 2023, em Portugal municípios estão reativando a prestação de serviços via a administração pública, após 25 anos estando entregue nas mãos privadas. O detalhe é que há uma redução significativa na conta de água das famílias variando de 18 a 20%. Fato em resumo, o diário Folha de São Paulo na sua edição de 25/10/2022, anuncia que as empresas de água são as que mais estão sendo reestatizadas no mundo.
Estes fatos e processo vistos acima têm sua origem histórica na reunião de banqueiros, grandes investidores e empresários que ocorreu no final dos anos 1980 e que tinha como objetivo inaugurar uma nova relação do mercado neoliberal com o Estado. Este deveria, em suma, ser diminuído principalmente através da privatização das empresas de interesse público. O dístico eficácia - eficiência e a diminuição de custos era um mantra repetido à exaustão. Significava a ponte para o futuro (e vimos este filme recentemente!). Não havia outro caminho.
O processo de reestatização no mundo, ao findar os longos anos de contratos de privatização tem um significado claro: as prestações de serviços de saneamento e fornecimento de água pioraram drasticamente na sua qualidade e os custos para o consumidor aumentaram. Pergunta-se: a privatização foi boa para quem?
A água é um elemento essencial para a vida. Nosso próprio corpo é composto de 70% de água e mais de 70% da superfície da terra é coberta por água. Não à toa, a água, em muitas religiões, tem sido há milênios celebrada como um elemento sagrado. Para os cristãos, o relato da criação é elucidativo.
Em sentido inverso, a cultura capitalista tem provocado um distanciamento da ideia da água como um recurso natural, um distanciamento do homem da natureza. Assim, legitima-se a expropriação da natureza e suas riquezas naturais para entendê-las como um bem meramente econômico, portanto a sua gestão deveria ocorrer no âmbito da economia de mercado, onde tudo tem planilha e preço. Logo, se o Brasil detém 12% da água potável do planeta, este recurso natural é ser alvo dos investimentos da Nestlé, da Coca Cola e das empresas de mercado acionário. A regra: privatizar e potencializar o lucro e, ao mesmo tempo, distribuir o prejuízo que significa a demissão em massa de técnicos e o aumento da conta de água mensal.
A propriedade pública, na visão dos interesses postos no Estado de São Paulo, deixa de se manifestar como uma proteção do comum e passa a ser uma forma de propriedade privada, reservada aos donos do poder econômico que pode dispor dela como bem entender e espoliar a população.
Fiscalização? Como os próprios representantes das empresas do mercado vão cobrar eles mesmos? Não esqueçamos que houve um desmonte das instituições de fiscalização e controle das garantias e direitos do cidadão e consumidor no período de 2019 a 2022.
Está em curso uma tentativa de financeirizar a água, reproduzindo uma agenda neoliberal excludente e não efetiva. Este conceito está diametricamente oposto à segurança hídrica que garante o acesso à água em qualidade e quantidade necessária para a vida das famílias e para sustentar o desenvolvimento econômico preservando o ambiente natural.
Entendemos a água como um bem comum e não como algo que deve ser subjugado ao mercado financeiro. Neste sentido, lutamos para que também a gestão administrativa da água e do saneamento deva estar sob a gestão pública. Logo: 1) rejeitamos a privatização e a gestão privada da água e saneamento; 2) exigimos a participação popular e social no processo de gestão e acompanhamento das ações; 3) exigimos a garantia de acesso da água potável e saneamento a todas as famílias do Estado de São Paulo.
O governo Estado de São Paulo, além da legalização da grilagem de terras públicas, tem dado passos firmes para a privatização da Sabesp. Resta no imaginário mítico do passado a visão do Estado como uma locomotiva que puxava o Brasil. Ao ir na contramão da história, na vanguarda do atraso, a intuição do menino da Estação Jacuba parece ter sua verdade.
Não à privatização da Sabesp!
Ana Perugini é deputada estadual pelo PT/SP, integrante da Comissão de Assuntos Metropolitanos e Municipais da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo
Notícias relacionadas
- Tarcísio confirma viaduto e marginais na Cândido Portinari a deputada
- Projeto propõe sessão solene em homenagem aos 50 anos da Visão Mundial no Brasil
- Deputado conquista retorno do Campeonato Brasileiro de Motocross a Indaiatuba
- Deputada realiza seminário para marcar os 35 anos do ECA e debater a adultização nas redes sociais
- Ituverava recebe Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) online para denunciar violência contra mulheres
- Deputado é homenageado com medalha do COPOM em celebração aos 115 anos da unidade
- Projetos e ações as entidades sociais e assistências é pauta de reunião na secretaria estadual de Desenvolvimento Social
- Opinião - Uma queda de braço que pode custar vidas em Osasco
Notícias mais lidas
- Deputado participa de missão oficial a Taiwan e busca ampliar cooperação com potência asiática
- Aprovado na Alesp, novo valor do Salário Mínimo Paulista, de R$ 1.804, é sancionado
- Entra em vigor hoje o novo Salário Mínimo Paulista, de R$ 1.804
- Vitória dos pescadores: artigo que restringia acesso ao seguro-defeso é suprimido
- Alesp aprova projeto que garante piso salarial nacional a professores paulistas
- São Vicente: a importância histórica da primeira cidade do Brasil
- Na Alesp, familiares, amigos e colegas de profissão se despedem do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes
- Sindicatos da Polícia Civil cobram envio de projeto da nova Lei Orgânica à Alesp
- Demanda antiga, Lei aprovada na Alesp unificou categoria de policiais penais
Lista de Deputados
Mesa Diretora
Líderes
Relação de Presidentes
Parlamentares desde 1947
Frentes Parlamentares
Prestação de Contas
Presença em Plenário
Código de Ética
Corregedoria Parlamentar
Perda de Mandato
Veículos do Gabinete
O Trabalho do Deputado
Pesquisa de Proposições
Sobre o Processo Legislativo
Regimento Interno
Questões de Ordem
Processos
Sessões Plenárias
Votações no Plenário
Ordem do Dia
Pauta
Consolidação de Leis
Notificação de Tramitação
Comissões Permanentes
CPIs
Relatórios Anuais
Pesquisa nas Atas das Comissões
O que é uma Comissão
Prêmio Beth Lobo
Prêmio Inezita Barroso
Prêmio Santo Dias
Legislação Estadual
Orçamento
Atos e Decisões
Constituições
Regimento Interno
Coletâneas de Leis
Constituinte Estadual 1988-89
Legislação Eleitoral
Notificação de Alterações