Campos Machado: familiares, amigos e autoridades se despedem de ícone da política paulista
06/01/2024 21:30 | Luto | Da Redação - Fotos: Bruna Sampaio e Marco A. Cardelino














Sob aplausos, elogios e comoção o corpo do ex-parlamentar Campos Machado foi velado, neste fim de semana (6 e 7), no Hall Monumental da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Familiares, amigos e autoridades de diversos campos políticos estiveram presentes para se despedir de um dos mais longevos e atuantes deputados da Alesp.
Antônio Carlos Campos Machado faleceu na madrugada de sábado (6), em São Paulo, aos 84 anos. Ele estava internado para tratar uma leucemia, que segundo familiares descobriu recentemente. Ao longo do velório, dezenas de coroas de flores foram enviadas para prestar homenagens.
"É um orgulho que sinto pela trajetória de vida dele. De todas as pessoas com quem eu conversei, aqui, era uma só palavra: o Campos me ajudou, me ensinou", destacou Wilma Campos Machado, mulher de Campos. "Ele foi meu marido, meu amigo, meu professor, meu pai, minha mãe, meu irmão. Foi o meu mestre. Tudo o que eu sei foi através dele, da sabedoria dele", complementou.
Advogado criminalista formado pela Universidade de São Paulo, Campos Machado dedicou 36 anos consecutivos ao Legislativo Paulista (1987-2023). Nesse período, trabalhou em mais de 4 mil iniciativas legislativas, com quase 300 projetos de lei aprovados, alguns com repercussão nacional, tais como a gratuidade no transporte público estadual para pessoas acima de 60 anos, lei da liberdade religiosa, lei de acesso às praias para pessoas com deficiência, entre outros.
O presidente da Alesp, deputado André do Prado (PL), destacou a importância de Campos Machado para a Casa. "Tive a satisfação de conviver com ele como deputado na Assembleia Legislativa. O Campos Machado dedicou sua vida ao parlamento paulista. Transmito meus mais sinceros sentimentos neste momento de perda e dor a todos os familiares e amigos do amigo Campos Machado", declarou.
Para o deputado Gilmaci Santos (Republicanos), primeiro vice-presidente da Alesp, o ex-parlamentar está entre os grandes nomes da política brasileira: "Campos Machado faz parte da história política de São Paulo, do Brasil e desta Assembleia Legislativa. Eu, que cheguei aqui em 2007, me inspirei em Campos Machado. Sempre foi um professor, um líder, que sabia mais do que ninguém fazer política, fazer as coisas acontecerem na Assembleia Legislativa. Campos Machado está hoje como aqueles grandes políticos que sempre falamos: Franco Montoro, Jânio Quadros, Mário Covas".
Campos Machado deixa a mulher, Wilma Campos Machado, e três filhos. Após o término do velório no Hall Monumental da Alesp, o enterro foi realizado, neste domingo (7), no Cemitério Parque Morumby, na Zona Sul de São Paulo.
Trajetória e atuação política
Nascido em Cerqueira César, interior de São Paulo, em 1939, Campos Machado chegou a advogar para o ex-presidente da República Jânio Quadros. De acordo com a própria biografia, era guiado pelo princípio janista da "defesa de uma sociedade mais justa".
Ele foi eleito para seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo em 1987, para a 11ª legislatura. À época, integrou a Assembleia Constituinte, que resultou na Constituição Estadual de 1989. Feito que foi lembrado pelo deputado decano e também constituinte Barros Munhoz (PSDB). "Brilhou na Constituinte de 1989, e brilhou em todos os exercícios de todos os seus mandatos. Ele se dedicava de corpo e alma. Hoje é um vazio para a Assembleia Legislativa de São Paulo", lamentou.
O vice-presidente da República e ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB), compareceu para prestar condolências à família e lembrar as características do amigo declarado. "Campos Machado era um servidor do povo. Ele tinha a vocação de servir à sociedade, como advogado, como deputado, como dirigente partidário. Eu perdi um amigo irmão. Nossas orações, nossos sentimentos à perda de uma pessoa carinhosa, querida. Foi um grande parlamentar, líder aqui na Assembleia Legislativa", destacou.
Recentemente, Campos Machado se filiou ao PSD (Partido Social Democrático). Antes, foi presidente estadual do Avante e, durante décadas, o principal líder do PTB em São Paulo.
Apesar da idade avançada, segundo Gilberto Kassab, secretário de Governo do Estado de São Paulo e presidente nacional do PSD, Campos Machado tinha planos para o futuro. "Ele não apenas se filiou ao PSD, mas estava cheio de planos, cheio de ideias, se preparando para as eleições municipais. Além de um grande político e uma pessoa entusiasmada com a vida pública, era um ser humano notável. Solidário, generoso. É uma grande perda para todos nós. Sempre esteve à frente de grandes projetos, das grandes discussões. Não há decisão importante nesta Casa que não tenha a participação importante de Campos Machado", afirmou.
Político exemplar
Parlamentares da Alesp marcaram presença na despedida a Campos Machado. Muitos declararam que ele foi uma espécie de professor, sempre muito atento e solícito a compartilhar o conhecimento. Até mesmo para com políticos ideologicamente opostos.
"Um ícone da política do Estado de São Paulo e da política do Brasil. Aprendi muito com ele. Um eterno defensor da Assembleia Legislativa. Um homem que defendeu a construção de todos os partidos, pois entendia que a democracia se consolidava através dos partidos e não de pessoas. Vai fazer muita falta na política do Estado de São Paulo", declarou o deputado Teonilio Barba (PT), primeiro secretário da Alesp.
Carlos Cezar, líder do PL na Casa, lembrou os mais de 30 anos de dedicação do ex-parlamentar e os aprendizados políticos. "Foram oito mandatos consecutivos [dele], e eu tive o privilégio de trabalhar com ele nos últimos três. Uma das suas características marcantes era a lealdade. [Também] a defesa dos poderes, defesa da democracia, mas defesa [sobretudo] de todos os parlamentares. É um amigo que nos deixa e um grande líder, que sempre participou ativamente de todas as grandes discussões das últimas décadas no Estado", destacou.
O ex-governador de São Paulo e ex-parlamentar da Alesp, Rodrigo Garcia (PSDB), recordou os ensinamentos de Campos. "Eu tive a honra de ser colega dele muito jovem. Lembro quando entrei aqui na Alesp como deputado, em 1999, e Campos já era professor de todos. Um homem leal aos seus princípios, um homem que nunca teve a covardia de não tomar decisões. Muito pelo contrário, ele sempre teve lado, teve posturas. Então, vai fazer muita falta para a política nos dias de hoje", afirmou.
"Grande orador, mais de 30 anos como deputado, assíduo. Trouxe um exemplo de amor à política, de quem faz política por amor. Uma perda muito grande, mas fica o grande exemplo de um homem que lutou pelo nosso Estado", refletiu o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).
O vice-governador do Estado de São Paulo, Felicio Ramuth (PSD), também esteve presente na cerimônia.
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