A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo promoveu, na tarde desta segunda-feira (11), um debate com parlamentares italianos sobre turismo, políticas públicas e as eleições italianas que acontecem no Brasil. O encontro foi organizado pela Frente Parlamentar Ítalo-Brasileira, a qual é coordenada pelo deputado Paulo Fiorilo (PT), e fez parte dos eventos em comemoração aos 150 anos da imigração italiana no País.

"A comunidade italiana tem um papel fundamental na construção do Estado de São Paulo, tanto no sentido da cultura quanto da gastronomia e do esporte. E a Itália pode trazer uma quantidade enorme de informações para nós", comentou Fiorilo.

Além de diversos deputados da Alesp, o evento contou com a participação de três deputados federais italianos e uma vereadora de uma cidade do Sul da Itália e foi dividido em três rodadas temáticas de debate.

Turismo e imigração

Tema da primeira mesa, o turismo e a imigração foram pautas centrais do encontro. Para Irene Cornacchia, vereadora da cidade de Trani, na região da Puglia, Sul da Itália, o principal objetivo de sua visita ao Brasil é fazer com que italianos e ítalo-brasileiros conheçam melhor suas origens e raízes.

"Nosso objetivo aqui é mostrar, valorizar e melhorar o intercâmbio de todos os pontos de vista entre os dois países. Turismo, cultura, gastronomia e tudo que for possível realizar intercâmbio", disse Irene.

Na mesma linha, Salvatore Caiata, deputado federal italiano, afirmou que a integração entre os dois países surgiu naturalmente, dado o contexto das imigrações italianas para o Brasil que aconteceram há 150 anos.

"Hoje no mundo se fala muito de imigração e de seus limites, mas nós, os italianos, só temos que agradecer esse grandioso país que recebeu os italianos e deu a eles a oportunidade de ter um futuro melhor e dar um futuro melhor para sua família", reconheceu o parlamentar.

Caiata ainda apoiou ampliar os fluxos turísticos entre os dois países e os investimentos em áreas como a formação de bons profissionais do turismo, o turismo sustentável e a acessibilidade para pessoas com deficiência em locais de visitação.

O deputado Mauro Bragato (PSDB), que tem ascendência e cidadania italiana, deu coro aos colegas e afirmou que os dois países carecem de uma relação mais próxima. "Me sinto bastante feliz por ter essa oportunidade [de conversar com italianos], mas a Itália, como país, não valoriza o Brasil. Dos 46 milhões de habitantes de São Paulo, cerca de 15 milhões são descendentes de italianos. Por isso, tenho a preocupação de termos uma aproximação maior", comentou.

Eleições

Em outra rodada de debates, a pauta tratou das eleições legislativas da Itália, que acontecem no Exterior. Pela lei italiana, além dos tradicionais parlamentares eleitos pelos cidadãos residentes no país, italianos ou estrangeiros com cidadania italiana que residam no Exterior podem votar em representantes próprios de cada região.

Ao todo, oito deputados e quatro senadores são eleitos ao redor do mundo. Na América do Sul, por exemplo, cidadãos italianos elegem dois deputados e um senador. Franco Tirelli, um desses deputados eleitos no continente, defendeu ampliar a divulgação desse direito para que mais descendentes de italianos possam participar da escolha de seus representantes.

Segundo ele, que é argentino e foi eleito pela população local, a divulgação e a participação no país vizinho são muito maiores que no Brasil. Ao todo na América do Sul, apenas 35% da população que tinha direito ao voto participou do último pleito.

Políticas sociais

Em outro momento, Fabio Porta, o segundo deputado sul-americano da Itália, comentou sobre as políticas sociais em discussão na Itália. Segundo ele, são três as principais pautas: a remodelação do projeto de redistribuição de renda do país, o ajuste do salário mínimo e a manutenção do sistema público de saúde.

Dialogando com isso, o deputado Eduardo Suplicy (PT) explanou sobre a criação da renda básica de cidadania, que distribui renda de forma universal e incondicional a toda a população. Segundo ele, esse tipo de programa aumenta o grau de justiça na sociedade e elimina burocracias e o fenômeno da dependência, que é quando a pessoa que recebe o auxílio escolhe não iniciar uma atividade econômica para não perder o direito ao benefício.

"Eliminamos também o sentimento de vergonha da pessoa precisar dizer 'eu só recebo tanto', por isso preciso de um complemento de renda", completou Suplicy.

Presenças

Além dos parlamentares já citados, compareceram ao evento os deputados Barros Munhoz (PSDB), Maurici (PT), Lucas Bove (PL) e Luiz Claudio Marcolino (PT).