A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo foi palco, nesta quarta-feira (20), de um evento em "Celebração ao Mês das Mulheres". Marcado por música, pintura e dança voltados ao empoderamento feminino, o encontro contou com representantes de diversas áreas, que debateram sobre formulações de políticas públicas de valorização e combate à violência de gênero. Segundo a deputada Beth Sahão (PT), solicitante da atividade parlamentar, o objetivo foi reunir mulheres com grande representatividade na militância e no ativismo para realizar um evento com menos formalidade. "A ideia é colocar essas pautas de uma forma leve, por meio da experiência pessoal, para que ela sirva de exemplo para avançarmos e cobrarmos por mais políticas públicas para a causa", disse a parlamentar. Durante a celebração, houve oficinas culturais, apresentações artísticas e convidadas que falaram sobre direitos, saúde, racismo, violência doméstica, feminicídio, maternidade e outros temas de relevância. Música No início do evento, houve uma apresentação do grupo contemporâneo Minas de Resistência, formado por artistas que cantam maracatu, coco de roda, ciranda e samba de roda e se autodenominam como "brincantes da cultura popular". "As letras buscam a valorização da mulher na percussão popular e o reconhecimento da mulher artista. As letras falam sobre a realidade da mulher na periferia", explicou Priscilla Fernandes, cantora e compositora. Em seguida, o coral "Mulheres Cantantes da Central Única dos Trabalhadores" apresentou diversas músicas populares com letras adaptadas em prol da valorização, como "Mulheres", do cantor e compositor Martinho da Vila. Arte Uma das oficinas culturais presentes no evento ensinou como fazer as "arphilleras", bordados que simbolizam a resistência das vítimas atingidas por barragens. "Cada Arphillera tem uma cartinha atrás que conta uma história de vida real sobre o que acontece com alguma mulher no mundo e no Brasil", disse Patrícia Santos, coordenadora do Movimento Atingidos por Barragens (MAB). Violência De acordo com a deputada Beth Sahão, a violência contra a mulher não é algo que acontece só na capital. "No interior houve um crescimento de mais de 65% de violência. Só de estupros em 2023 houve 14.504 casos no Estado de São Paulo, sem contar os casos não notificados. Então, se nós não nos unirmos, debatermos e pressionarmos o Governo, a gente não vai conseguir sair do mesmo lugar", declarou Beth. "O fato de ser advogada ou ter estudado em universidades americanas não me isentou de ter sofrido discriminação e preconceito por ser mulher e negra. Eu costumo dizer que a estratégia no duelo entre o machismo e o racismo é devolver o constrangimento para quem ofende, mas sempre devemos fazer isso compreendendo o valor da nossa história", disse a doutora Cláudia Luna, ex-presidente da Comissão das Mulheres da OAB-SP.