Sessão Solene homenageia Clarice Herzog, Ana Dias e Eunice Paiva

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05/04/2024 11:54 | Atividade Parlamentar | Da Assessoria da deputada Beth Sahão

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Sessão Solene ocorrerá nesta sexta (5)<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2024/fg321941.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), outorgará, nesta sexta-feira (5), o Colar de Honra ao Mérito Legislativo a três personagens que simbolizam a luta contra a ditadura: Clarice Herzog, viúva do jornalista Vladimir Herzog; Ana Dias, viúva do operário Santo Dias da Silva; e, postumamente, Eunice Paiva, viúva do deputado Rubens Paiva. Todos os três foram assassinados pelas forças de repressão.

A concessão da honraria, por iniciativa da deputada estadual Beth Sahão (PT), é um contraponto aos recém-completados 60 anos do golpe militar brasileiro de 1964.

"É um conjunto de ações que estamos desenvolvendo para consolidarmos nosso regime democrático e, ao mesmo tempo, lembrarmos de pessoas tão importantes que foram mortas pela ditadura porque estavam exatamente lutando pela democracia", afirma Beth Sahão, que ainda no último mês de dezembro protocolou um Projeto de Lei para instituir o Dia Estadual da Democracia.

A cerimônia de outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo para Clarice Herzog, Ana Dias e Eunice Paiva (in memoriam) será realizada a partir das 19 horas, no auditório Juscelino Kubitschek da Alesp.

A iniciativa conta com o apoio do Núcleo Memória, Grupo Tortura Nunca mais, Instituto Vladimir Herzog e Comissão Justiça e Paz de São Paulo.



QUEM SÃO ELAS

ANA DIAS

Liderança da Zona Sul de São Paulo que organizou a luta de mulheres por direitos dentro das fábricas, Ana Maria do Carmo Silva Dias é viúva do operário Santo Dias, assassinado pelas forças de repressão quando participava de um piquete na fábrica de lâmpadas Sylvania, onde trabalhava, em Santo Amaro, zona sul da capital paulista. Fez parte do Movimento contra a Carestia, que contestava as políticas econômicas da ditadura militar. Participa ativamente do Comitê Santo Dias e anualmente organiza atos no local onde seu marido foi assassinado e também atua no Comitê Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo.



CLARICE HERZOG

Viúva aos 34 anos, a publicitária Clarice Herzog foi a primeira a romper o silêncio e a denunciar que o seu marido, o jornalista Vladimir Herzog, havia sido torturado e assassinado pela ditadura militar no dia 25 de outubro de 1975, no DOI-CODI, quartel-general do II Exército, em São Paulo. Desde então, luta pela verdade, contra o esquecimento e a impunidade. Clarice não recuou diante das ameaças. Em plena ditadura, entrou na Justiça contra o Estado com uma ação declaratória de culpa pela morte de Herzog. Em 1978, conseguiu uma sentença histórica que condenou o Estado, obrigando-o a indenizar a família do jornalista Vladimir Herzog por sua morte.

E neste dia 3 de abril de 2024,a Comissão de Anistia aprovou reconhecimento da condição de anistiada política de Clarice. A decisão admite que o Estado brasileiro perseguiu, durante o regime militar, Clarice e sua família, em razão do movimento liderado pela publicitária para esclarecer o assassinato do marido.



EUNICE PAIVA (in memorian)

Considerada um dos símbolos na defesa da preservação da memória do país ao protagonizar buscas por desaparecidos no regime militar, a advogada Eunice Paiva passou mais de 40 anos em busca de esclarecimentos sobre a morte do seu marido, o engenheiro e deputado Rubens Paiva, desaparecido depois de ter sido preso, torturado e assassinado pelas forças de repressão, sob acusação infundada de subversão.

Em 1973, Eunice ingressou na faculdade de Direito. Conciliou a vida de mãe e de pai de cinco filhos com a rotina estudantil. Tornou-se advogada respeitada e se engajou em lutas sociais e políticas. Eunice combateu a política indigenista do regime até o final da ditadura, e tornou-se uma das poucas especialistas em direito indígena do país. E não deixou de lutar pela verdade a respeito do desaparecimento do seu marido, até sua morte em 13 de dezembro de 2018, devido a complicações resultantes do Mal de Azheimer.


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