Caso Carlinhos: "Eu vou trabalhar e choro", desabafa pai durante audiência pública em Praia Grande

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05/07/2024 15:53 | Atividade Parlamentar | Da Assessoria da deputada Solange Freitas

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Deputada Solange Freitas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2024/fg330265.jpeg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A morte do menino Carlinhos, agredido dentro da Escola Estadual Júlio Pardo Couto, em Praia Grande, e os casos de bullying no ambiente estudantil foram debatidos, na tarde desta quinta-feira (4/7), em Audiência Pública promovida pela Alesp, por meio de proposta da deputada estadual Solange Freitas (União Brasil). O encontro ocorreu no auditório da Colônia de Férias do Sindicato dos Comerciários.

Familiares do estudante estiveram presentes. O pai do garoto, Julisses Fleming, fez um desabafo emocionado e disse que à família vem sendo ameaçada desde a morte do estudante no dia 16 de abril. "Quero dizer que meu filho não sofreu um bullying, meu filho sofreu um assassinato. Porque meu filho apanhava todo dia e todo dia ele sofria calado. Hoje eu estou aqui e só Deus sabe o que eu estou passando. Minha família vem sendo ameaçada. Meu filho apanhou no dia 19 [de março] e dia 9 [de abril] pularam nas costas dele e estou aqui clamando por justiça".

Dois estudantes, de 11 anos, suspeitos de participação nas agressões chegaram a ser apreendidos, mas foram liberados pela justiça. De acordo com o delegado Alex Mendonça do Nascimento, que investiga o caso, o Estatuto da Criança e do Adolescente impede que eles sejam ouvidos. Com isso, apenas os representantes destes menores prestaram depoimento.

O delegado explicou também que a demora no avanço das investigações é pela espera do laudo pericial que a princípio constatou como causa da morte broncopneumonia bilateral.

"Nós questionamos o perito e achamos que havia a necessidade de uma complementação [do laudo]. Solicitamos também à Secretaria [de Saúde] de Praia Grande e de Santos os relatórios médicos. E com base nesses relatórios, vamos pedir ao legista uma complementação do laudo", explica a autoridade policial.

A Polícia Civil fez uma solicitação ao Conselho Regional de Medicina (CRM) para apurar a conduta médica nos atendimentos ao menino na rede municipal de saúde de Praia Grande. De acordo com denúncia da família, houve descaso no socorro ao Carlinhos. "Vamos finalizar com nosso relatório final, com base nesses laudos que vão chegar, analisar tudo e finalizar o nosso trabalho", conclui o delegado.

Providências

Segundo a dirigente regional de ensino, Joelma Aparecida Alves da Silva, desde o fato, toda a direção da Escola Estadual Júlio Pardo Couto foi substituída. "Hoje a escola consta com uma gestão renovada. Uma diretora que acolheu a comunidade, que conversou com os pais, com os alunos. A escola tem ações com o Grêmio Estudantil e tem uma psicóloga", destaca Joelma.

O Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar (Conviva-SP), uma pasta da Secretaria Estadual de Educação realizou uma apuração administrativa do caso. Em fala do gestor Thomás Resende, ele confirma a agressão no dia 19 de março dentro da unidade escolar, mas não foi possível comprovar o espancamento no dia 9 de abril. Um relatório já foi entregue a Polícia Civil.

Como parte dos trabalhos do Conviva-SP, a supervisora Magali Zaparoli Pineiro destacou que foram direcionados para a escola Júlio Pardo Couto equipes especializadas para um trabalho mais intenso com os estudantes no combate ao bullying.

Para a advogada Ana Paula Siqueira, presidente da Associação SOS Bullying, outra participante do evento, uma forma de amenizar esse flagelo no ambiente escolar é ter um canal de fácil acesso para receber as denúncias. Pelo site da instituição é possível fazer esse tipo de relato.

Caso Carlinhos

A morte do estudante Carlos Teixeira, de 13 anos, ganhou repercussão nacional. Segundo a família, o garoto era agredido constantemente por alunos na Escola Estadual Júlio Pardo Couto localizada no bairro Nova Mirim, em Praia Grande. Segundo os responsáveis, houve relatos de espancamento nos dias 19 de março e 9 de abril. Depois de passar por unidades de saúde de Praia Grande e sem atendimento satisfatório, os pais do garoto o encaminharam para Santos. Carlinhos morreu no dia 16 de abril, na Santa Casa, após sofrer três paradas cardiorrespiratórias.

A deputada Solange Freitas finalizou a Audiência Pública reforçando aos familiares que não deixará o caso cair no esquecimento.


alesp