A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo realizou, nesta quarta-feira (28), uma audiência pública sobre o "Agosto Dourado", mês de conscientização sobre a importância da amamentação. A deputada Paula da Bancada Feminista (Psol), que promoveu o evento, ressaltou a importância do Estado ser parte atuante na garantia do direito ao aleitamento materno.

"Antes de me tornar mãe eu pensava que para amamentar bastava um seio, leite e um bebê. Mas isso não é verdade. É necessário a capacitação de profissionais de saúde para auxiliar nesse processo e muitas pessoas não têm acesso a esse tipo de profissional", afirmou.

Segundo o Ministério da Saúde, amamentar é um processo que envolve interação profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade para se defender de infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional.

O leite materno protege contra diarreias, infecções respiratórias e alergias, além de diminuir o risco de hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade. O aleitamento exclusivo é indicado até os seis meses de idade da criança, mas a sua continuidade, intercalada com outros alimentos, é recomendada até pelo menos os dois anos de idade.

Consultora técnica do Ministério da Saúde, Renara Araújo foi uma das convidadas da audiência e trouxe as principais políticas públicas sobre o tema em âmbito nacional, além de sua experiência pessoal como mãe de quatro filhos. "A amamentação só foi possível para mim porque eu tinha apoio e informação, e mesmo assim foi muito difícil. Imagina para quem não possui", destacou.

Falta de apoio

Representante da Casa Caeté, instituição de acolhimento de puérperas, Renata Silva apontou dificuldades enfrentadas pelas pessoas que amamentam. "Dói muito ouvir as mães no pós-parto falando 'ninguém me falou que ia ser tão difícil assim'. É muito cruel que as mães não tenham essa noção realista do que vai esperar elas. A gente, como sociedade, tende a romantizar esse processo", afirmou, ressaltando que, em seus doze anos de experiência, viu poucas mães que conseguem produzir leite e amamentar facilmente.

A deputada Paula afirmou que as mães enfrentam grandes dificuldades também no ambiente de trabalho, que muitas vezes não oferecem espaços adequados para elas. A parlamentar é autora do Projeto de Lei 1302/2023, que estabelece a instalação de fraldários em todos os prédios públicos estaduais, com espaços garantidos para a amamentação.

"Hoje eu me senti confortável de convidar mães com bebês para esse espaço, justamente por saber que temos um fraldário equipado na Assembleia", afirmou, se referindo à inauguração, em junho deste ano, do fraldário da Alesp, espaço público com estrutura e acessibilidade destinado a crianças de até 3 anos de idade.

Banco de leite humano

Coordenadora do Banco de Leite Humano do Hospital Vila Nova Cachoeirinha, Juliana Miranda falou da importância da doação para servir os bebês prematuros e para auxiliar quem tem dificuldades para produzir o leite. O Hospital Vila Nova Cachoerinha possui, desde 2002, a certificação de Hospital Amigo da Criança pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pelo Ministério da Saúde.

Juliana explicou que a chamada amamentação cruzada - quando uma lactante amamenta o bebê de outra mãe - pode ser um fator de transmissão de doenças. Segundo ela, por isso a pasteurização e manipulação do leite em bancos especializados é tão importante.

Representante da Casa Ângela, equipamento ligado ao Sistema Único de Saúde (SUS) que oferece partos humanizados, Marta Carolina Todaro também esteve presente na mesa. A deputada Paula defendeu que são necessárias políticas públicas para criar mais espaços como esse, considerando a enorme demanda em um Estado como São Paulo.

Confira a galeria de imagens do evento.

Assista à audiência, na íntegra, na transmissão feita pela TV Alesp: