O Dia da Micro e Pequena Empresa, comemorado em 17 de outubro, destaca a relevância do segmento para a Economia do estado de São Paulo. Responsáveis por uma parcela expressiva da geração de empregos e pela movimentação econômica, as micro e pequenas empresas (MPEs) têm ganhado protagonismo, especialmente com o apoio de iniciativas legislativas e políticas públicas focadas no setor.

De acordo com dados do Sebrae-SP, pequenos negócios foram responsáveis por seis de cada dez empregos criados em 2024. Em agosto, esses empreendimentos geraram mais de 167 mil postos de trabalho, representando 72,1% do total de vagas abertas no Brasil naquele mês. O setor de serviços é o grande destaque, seguido pelo comércio e pela indústria da transformação.

Além da criação de empregos, as MPEs desempenham um papel crucial na inclusão social. Um levantamento feito pelo Monitoramento Global do Empreendedorismo em 2023 aponta que o empreendedorismo é um importante instrumento de inclusão a pessoas de baixa renda, jovens, mulheres e a população preta e parda. Esses grupos, que historicamente enfrentam dificuldades de acesso ao mercado formal, encontram no empreendedorismo uma oportunidade de ascensão econômica e participação produtiva.

tendo em vista esse cenário, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo já aprovou diversas leis com o objetivo de desburocratizar e fomentar o ambiente empreendedor para essas empresas. Um exemplo é a Lei n° 17.761/2023, que simplifica a abertura de empresas no estado. A medida foi incorporada ao programa do Executivo "Facilita SP", que centraliza e agiliza processos de registro e formalização de negócios. Também foi aprovado o Código de Defesa do Empreendedor, que visa proteger a livre iniciativa e garantir um ambiente mais seguro para o desenvolvimento econômico.

Outro marco é a Lei n° 17.988/2024, que facilita o acesso a empréstimos e financiamentos, especialmente para micro e pequenas empresas estabelecidas em municípios atingidos por calamidades públicas. Essa medida se soma a outras políticas que visam a inclusão econômica e a sustentabilidade desses negócios, que geram impactos sociais e econômicos significativos em todo o estado.

Inovação

Empreendedores como Otthon Vagner, fundador da microempresa de design Chill, ilustram a inovação e a agilidade desse setor. Para ele, a flexibilidade é uma das chaves do sucesso: "conseguimos ser uma alternativa mais acessível e eficiente em comparação às opções tradicionais de design no mercado".

Otthon também destaca que as MPEs precisam de apoio e simplificação para prosperar. "A burocracia pode ser um grande obstáculo para quem está começando. Nosso modelo busca justamente eliminar isso, oferecendo um serviço de qualidade sem complicações." Ele ressalta que essa desburocratização favorece o crescimento do setor: "o empreendedorismo precisa ser incentivado com menos barreiras, porque é isso que vai permitir que mais empresas pequenas cresçam e gerem impacto na sociedade".

Desafios

O empreendedor também comenta sobre a evolução do negócio desde sua fundação. "No começo, eu era o único designer e fazia tudo. Hoje, conseguimos expandir e atender mais clientes de forma eficiente." Segundo ele, a possibilidade de escalar o negócio sem perder a qualidade é uma vantagem competitiva das microempresas que investem em tecnologia e inovação.

"Um dos maiores desafios que enfrentamos foi ganhar confiança do mercado sem o respaldo de uma grande agência por trás", relata o empreendedor. Ele acredita que o diferencial das MPEs está justamente na proximidade com o cliente: "essa relação mais direta faz toda a diferença, porque conseguimos entender as necessidades de cada cliente de forma muito mais personalizada e rápida".

Colaboração

A desburocratização e a criação de centros de inovação e coworkings (espaços compartilhados de trabalho) financiados pelo Estado também são ações que podem beneficiar microempresas, estimulando a colaboração e a troca de experiências. "Ambientes colaborativos são fundamentais para o crescimento das MPEs, pois permitem que os empreendedores compartilhem conhecimento, façam networking [rede de contatos] e encontrem soluções criativas em conjunto."

Planejamento

A consultora de negócios do Sebrae-SP, Juliana Segallio, destaca a importância de um planejamento sólido e do conhecimento das legislações para garantir a sobrevivência das micro e pequenas empresas no mercado. "Não é apenas a abertura da empresa que importa, mas a sua permanência no mercado", afirma Juliana, lembrando que muitos empreendedores enfrentam desafios significativos no início do negócio.

Para ela, o sucesso das MPEs está diretamente ligado ao controle financeiro rigoroso e ao entendimento das obrigações e benefícios que o ambiente legislativo pode oferecer para facilitar o dia a dia do empresário.

Digital

Além disso, Juliana aponta que a presença digital das micro e pequenas empresas é essencial nos dias atuais, mas que requer estratégia. "O empresário precisa entender que a presença digital exige organização, constância e conhecimento dos canais", explica, lembrando que estar no ambiente online não basta se não houver ações contínuas para se conectar com o cliente. A consultora reforça que a tecnologia deve ser usada para fortalecer a proximidade com o público, o que só será efetivo com um trabalho disciplinado e uma presença constante nos meios digitais.