A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo sediou, nesta quinta (24) e sexta-feira (25), um congresso que debateu ações para ampliar a inclusão na educação básica ao redor do mundo. O evento foi solicitado pelo deputado Maurici (PT) e organizado pela plataforma Fóruns Internacionais dos Profissionais de Inclusão (Ifip, na sigla em ingês), em parceria com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). O objetivo é estabelecer, no Brasil e na América Latina, um ambiente de discussão sobre o tema.

"Estamos em São Paulo falando sobre como se dá a Educação Inclusiva nos mais diferentes países. Abordamos sobre como é a formação de um professor para que ele seja inclusivo, o que acontece nas salas de aula e como fazemos para levar as crianças e seus assistentes", explicou a mestre em Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas, professora da Faculdade São Judas Tadeu e membro do Ifip, Cynthia Pichini.

O evento contou com a presença de especialistas e estudiosos do assunto de vários países ao redor do mundo, como Trinidad e Tobago, Argentina, Peru, Colômbia, Brasil, Inglaterra, China, Quênia, entre outras nações que participaram de forma remota. O grande objetivo foi ouvir e entender como têm sido as experiências das mais diversas localidades com a Educação Inclusiva.

"Ao compartilhar, ouvimos ideias dos outros para melhorar o que estamos fazendo em nossos espaços individuais. Isso também nos torna mais conscientes do que precisa ser feito para melhorar as práticas educacionais inclusivas globalmente", comentou a presidente do Ifip no Caribe, Freddy James.

A pesquisadora do país caribenho Trinidad e Tobago ainda enfatizou a qualidade das apresentações e da troca de contatos que o evento proporcionou. Um relatório produzido com base nas discussões dos dois dias de congresso será apresentado na conferência do G20 em novembro. Em resumo, os debates giraram em torno do papel dos professores, da participação dos pais, do envolvimento da comunidade, das transições pós-escola e da tecnologia assistiva.

Na mesma linha de Freddy, o presidente e fundador do Ifip, o britânico Daniel Sobel, explicou que o objetivo da criação da plataforma de fóruns foi exatamente poder criar uma rede conectada entre pesquisadores de todo o mundo.

"Eu me perguntei quais eram as melhores práticas nos países ao redor do mundo e como poderíamos descobri-las. Com minha experiência de trabalho na Inglaterra e em alguns outros países, eu sabia que havia pessoas com práticas inovadoras e incríveis, mas eu não tinha ideia do que estava acontecendo em lugares como a Bósnia, o Chile, a Argentina ou o Brasil, por exemplo", comentou.

Recursos

Um ponto destacado pelos participantes foi a garantia de recursos para a América Latina. Solicitante do evento, o deputado Maurici demonstrou preocupação com a desigualdade no acesso integral à Educação no Brasil.

"A desigualdade entre ricos e pobres é, sem dúvida, um dos principais desafios a serem superados pelo Brasil. Seus reflexos nocivos se destacam em diversos segmentos sociais, como na Saúde, Segurança Pública, desenvolvimento econômico e na Educação. Nos momentos mais críticos, a disparidade entre ricos e pobres se torna ainda mais gritante", afirmou.

O parlamentar apresentou números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) da pandemia de Covid-19 que mostram que alunos em situação de vulnerabilidade e da rede pública de ensino tiveram menos acesso a atividades pedagógicas, aulas ao vivo, dias de aula e computadores.

"Um jovem estudante que não consegue reter os conhecimentos adquiridos na escola e dar sequência a sua trajetória acadêmica será um adulto com menos recursos para disputar as melhores oportunidades no mercado de trabalho. Com menor quantidade de mão de obra qualificada, nosso desenvolvimento econômico desacelera e, em um efeito dominó, todos perdem", explicou Maurici. "Garantir as mesmas oportunidades a todos, ricos e pobres, é o único caminho para a evolução de nossa sociedade e do desenvolvimento sustentável do país", acrescentou.

Em consonância, Freddy James defendeu que o mundo olhe para o que é produzido na América Latina e coloque mais recursos e financiamento. "Para que ninguém seja deixado para trás e para garantir que as sociedades e comunidades não sejam marginalizadas por falta de financiamento e recursos adequados para promover a inclusão eficaz em nossas escolas e comunidades", disse.