A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo promoveu, nesta segunda-feira (18), uma Sessão Solene que destacou o papel fundamental do sono na qualidade de vida das pessoas. De iniciativa da deputada Clarice Ganem (Podemos), a solenidade defendeu a importância do desenvolvimento de políticas públicas na área e homenageou especialistas que contribuíram por décadas com pesquisas sobre qualidade do sono.

"Infelizmente, nós não damos o devido valor à qualidade do sono. As pessoas têm insônia e diversos outros distúrbios do sono, simplesmente não percebem e isso vai passando como se fosse normal. Precisamos ter políticas públicas, porque é um tema que vai ficando esquecido e estamos trazendo à tona", defendeu Clarice, que é coordenadora da Frente Parlamentar em Prol da Saúde do Sono.

Trabalho

Durante a audiência, a parlamentar apresentou um pouco do trabalho realizado pelo Colegiado que preside. Além de debates realizados na Casa, a Frente já produziu e protocolou três projetos de lei sobre a saúde do sono. Eles instituem os dias estaduais da Saúde do Sono e da Hipersonia e criam o Selo Amigo do Sono. O Selo pretende reconhecer iniciativas positivas voltadas à saúde do sono, desenvolvidas por pessoas ou instituições, como escolas, universidades, estabelecimentos de saúde, empresas e órgãos públicos.

Homenagem

Apesar de ainda não ter sido aprovado, a primeira condecoração do Selo Amigo do Sono aconteceu durante a Sessão Solene desta manhã. Quatro especialistas receberam placas comemorativas em reconhecimento ao trabalho científico que realizaram na área.

"É um momento muito especial que temos a possibilidade de trazer à essa Casa nomes que tenham relevância e importância dentro do que temos em medicina do sono. É uma honra poder fazer essa distinção a esses que tanto ensinaram e fizeram com que a medicina do sono brasileira seja reconhecida mundialmente", comentou o presidente da Associação Brasileira de Medicina do Sono, Edilson Zancanella, um dos homenageados.

Além de Zancanella, receberam a honraria a médica neurologista Dalva Poyares, doutora pela Unifesp e especialista em medicina do sono pela Associação Médica Brasileira; o presidente da Associação Brasileira do Sono, Luciano Drager, que é cardiologista e professor associado da USP; e o fundador da Associação Brasileira do Sono, Sérgio Tufik, que é professor titular da Escola Paulista de Medicina, ligada à Unifesp, e possui mais de 1,5 mil publicações sobre saúde do sono e 10 livros publicados.

Impacto

Todos os presentes destacaram o impacto que o sono possui na qualidade de vida das pessoas. "A sociedade precisa ver que isso é muito importante. A começar pelas faculdades, que precisam começar a ensinar. Todas elas precisam ensinar que o sono é um terço da nossa vida e temos que fazer ele bem feito, porque, se não, teremos muitas deficiências", afirmou Sérgio Tufik, um dos pioneiros nos estudos sobre o tema. Ele contou que quando começou a pesquisar, ainda na década de 1970, havia muito pouco conhecimento científico produzido na área.

"A história da medicina do sono é muito curta. Descobrimos elementos importantes sobre o sono em 1950. Então tem muito a se descobrir, a se desvendar e é isso que entendemos que é necessário. Vai desde a pesquisa básica até os melhores métodos para diagnosticar e como tratar. É um campo extremamente aberto e vasto e está na vida de todo mundo. Nós dormimos todas as noites e sabemos muito pouco do que significa isso", comentou Edilson Zancanella. Ele apresentou dados que mostram um reduzido número de médicos especialistas em sono no país e muitos estados que sequer fazem exames especializados.

Além disso, o presidente da Associação Brasileira de Medicina do Sono fez uma longa apresentação sobre o papel do sono no funcionamento do corpo humano como um todo. Ele enfatizou que noites mal dormidas aumentam os riscos de acidentes de trânsito e no trabalho e mostrou que os brasileiros ainda usam muitos medicamentos para dormir.

"Quando dormimos mal, muitas coisas acontecem. A memória, o cognitivo, o humor ficam muito alterados. Existem impactos também na liberação de insulina e de cortisol e no desenvolvimento de doenças inflamatórias", disse Zancanella. "É uma temática significativa na Saúde Pública e, por isso, nos aproximamos de quem nos ouviu para trazer essa iniciativa para o setor", comentou o médico sobre o trabalho realizado junto à Alesp.

Assista à Sessão, na íntegra, na transmissão feita pela TV Alesp:

Confira a galeria de imagens da Sessão