Destino de muitos povos e culturas, São Paulo completa 471 anos mais diversa do que nunca
25/01/2025 04:00 | Cosmopolita | Fábio Gallacci, Gabriel Eid, Giullia Chiara, João Pedro Barreto, Matheus Batista e Rafael Sotero















São Paulo completa 471 anos e permanece como o destino de muitos povos, culturas e sonhos. Na história de uma metrópole em constante transformação, os imigrantes e seus descendentes fizeram desta que é a maior cidade da América Latina o seu lar.
Desempenhando até hoje um papel fundamental na construção de diversos setores, estrangeiros de diversos pontos do mundo contribuem com seu legado para uma sociedade mais diversa, acolhedora e pronta para o futuro.
Japão
2025 marca os 130 anos da assinatura do tratado de amizade entre Brasil e Japão. Pilares da rica e diversa São Paulo, os japoneses iniciaram sua grande imigração a partir deste tratado de cooperação.
Hoje, a comunidade japonesa no estado de São Paulo é a maior do mundo fora do Japão, com cerca de 1,3 milhão de pessoas. Em terras brasileiras, além de perpetuar as tradições milenares de seu país de origem, os japoneses também criam novos hábitos e culturas com essa mistura de influências que a cidade propicia.
"São Paulo é cosmopolita e abraça a diversidade cultural, dando esse sentimento de acolhimento. Foi por esses motivos que eu vim, foi por esses mesmos motivos que minha vó veio e ainda é o que atrai imigrantes para São Paulo", conta a diretora voluntária da Aliança Cultural, Marisol Kiyoko.
Criada em 1956, a Aliança Cultural Brasil-Japão é uma instituição sem fins lucrativos que atua como elo entre brasileiros e japoneses. A organização, que possui sedes em Pinheiros e na Liberdade, oferece cursos de idiomas, história, arte e negócios.
"A cultura japonesa faz parte do Brasil, não é mais algo distante. Nosso objetivo é promover a cultura japonesa, mas fazendo essa ponte entre os dois países", afirma.
A entidade é uma das cinco organizações nipo-brasileiras reconhecidas e apoiadas pelo governo japonês, conhecidas como godantai. Um dos ideais da Aliança Cultural é justamente a preservação da rica cultura japonesa. Para Marisol, é preciso preservar e renovar.
"A Aliança foi criada no período do pós-guerra, em que a cultura japonesa passou por momentos desafiadores, não se podia até mesmo falar japonês. Nossa comunidade ficou sensível e, aqui em São Paulo, decidiu que a cultura não poderia morrer", conta Marisol.
Líbano
Morador da Vila Emir, bairro da Zona Sul de São Paulo, Ismail Yassine Serhal tem 70 anos é um dos imigrantes que vieram em busca de uma vida melhor na maior cidade do Brasil. Ismail saiu do Líbano em 1972, aos 17 anos. Por conta da idade e a dificuldade com a língua portuguesa, sua filha Khadije Serhal, de 24, intermediou a entrevista. "Ele já tinha um irmão mais velho aqui, mas eles não mantinham contato. Então, ele veio com uma família que era vizinha dos meus avós e aqui ele ficou na casa do primo do meu avô, que auxiliou ele", conta a filha.
Khadije explica que a receptividade dos brasileiros é o que seu pai mais valoriza. "O que fez ele ficar foram as oportunidades que teve, mas também o acolhimento. Ele morou no fundo da casa de uma senhora que cuidava deles como se fosse uma mãe. Moramos no mesmo bairro de quando ele veio pra cá e você consegue perceber que todo mundo conhece meu pai", afirma ela.
Assim como muitos imigrantes árabes, o comércio se tornou a fonte de renda de Ismail. "A família toda trabalha na loja que meu pai tem há 40 anos. No início era uma loja de roupas, mas ele transformou em uma loja de móveis e é assim até hoje", explica Khadije.
A cultura árabe está presente no dia a dia dos paulistanos através da culinária, arquitetura e comércio. Quibes, mosaicos e tapeçarias são algumas das heranças integradas aos nossos costumes. A comunidade libanesa no Brasil é a maior do mundo, com uma história que começou em 1880, quando o primeiro navio com imigrantes saiu de Beirute. Questões econômicas, políticas e religiosas motivaram a diáspora.
Em 2020, a comunidade libanesa no Brasil - em sua maioria formada por descendentes - já era maior do que a própria população do Líbano, com aproximadamente oito milhões de libaneses e descendentes. No país de origem, são 5,3 milhões.
Itália
"Fui atraído pela energia do ambiente cultural e pelo grande dinamismo da metrópole." Lillo Teodoro Guarnieri é imigrante italiano e diretor do Instituto Italiano de Cultura de São Paulo. Ele migrou para a Capital paulista pela primeira vez em 2002 para trabalhar como regente e promotor cultural. Passou cinco anos morando na cidade, foi viver em outros países e retornou ao Brasil em 2024.
No ano passado, a imigração italiana completou 150 anos no Brasil. A história da cidade de São Paulo se confunde com a chegada dessas pessoas em escala nacional. A Capital paulista se consolidou como a que mais recebeu imigrantes italianos, principalmente nas primeiras décadas do século 20. Guarnieri, como um imigrante dos dias atuais, aponta a vivacidade e as oportunidades oferecidas por São Paulo como um dos seus principais atrativos.
"Para quem trabalha no meu setor, viver em São Paulo representa uma oportunidade única devido ao número incrível de eventos e de instituições culturais, além de uma oferta enorme em termos de oportunidades artísticas e literárias", pontua. Ele também ressalta a importância de ações que fortaleçam laços culturais e façam com que a comunidade de imigrantes se sinta acolhida, pois muitos - assim como ele - mantêm fortes relações emocionais com seu país de origem.
Armênia
"Para mim, São Paulo foi um berço de oportunidades e acolhimento", descreve o imigrante de origem armênia, Vahan Agopyan. Chegando ao Brasil com apenas 4 anos da idade, Agopyan, atual secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado, imigrou acompanhado dos pais, que buscavam pertencimento e novas oportunidades.
"Não conheço nenhuma cidade no mundo que abrace estrangeiros de uma forma tão dinâmica quanto São Paulo. Mesmo sendo a única criança de outra nacionalidade, foi na escola pública da cidade que fui acolhido pela cultura daqui. Me sinto brasileiro. Me sinto paulistano", explica o secretário.
Representando o acolhimento e respeito à comunidade, que conta atualmente com 30 mil pessoas, foi instalado na área externa do Parlamento Paulista, em 2003, o monumento "Cruz de Pedra". Parte do acervo artístico e histórico da Alesp, esta escultura homenageia a fé como um dos pilares da nação.
"A comunidade se mantém muito unida através das igrejas. O genocídio armênio se originou por conta de divergências religiosas e muitas pessoas imigraram para fugir disso, então é uma importante maneira de preservar a música, cultura e costumes do nosso povo" afirma Agopyan, reforçando o papel da religiosidade como forma de resistência.
Bolívia
Considerados como uma das maiores comunidades de estrangeiros da Capital paulista, os bolivianos já se tornaram símbolos de São Paulo. Atualmente, cerca de 70 mil pessoas vindas do país sul-americano vivem na cidade de forma regularizada, mas estimativas da sociedade civil apontam que esse número pode chegar a 300 mil imigrantes.
A presidente da Associação Cultural Folclórica Bolívia Brasil, Judith Barrenechea, conta que chegou ao Brasil em 2007 e, desde então, escolheu o país como segunda pátria. Desde 2019, Judith está à frente da instituição que trabalha para resgatar a cultura boliviana em São Paulo. "A gente quer manter essa tradição, porque é a nossa identidade. Pode ser que o boliviano crie raízes em outro país, mas ele tem que saber qual é a sua origem e ela é a Bolívia. Podemos migrar para onde for, mas não queremos perder a nossa essência", defende ela.
Um dos bairros que se tornaram símbolos da comunidade boliviana na Capital é o Brás. Basta um passeio pelas ruas do Centro para notar que os imigrantes dominam as casas e os comércios da região. Agustín Quinta Poma é dono e trabalha como cabeleireiro em uma das várias peluquerías do bairro.
"Cheguei em 2009, trabalhei costurando por um ano e depois abri meu salão de cabeleireiro", conta Agustín, que tinha o mesmo trabalho na Bolívia. Ele explica que veio para São Paulo conhecer o Brasil, mas viu que poderia ter oportunidades melhores de trabalho e decidiu ficar.
"Acho importante manter algumas tradições. As cores do nosso uniforme são as cores usadas na Bolívia", explica ele. Apesar da chuva, o salão estava cheio de clientes, praticamente todos de origem boliviana.
Além daqueles que vêm para trabalhar em São Paulo, muitas crianças e jovens bolivianos acompanham seus pais na hora da migração. Cerca de metade dos estudantes estrangeiros da rede pública de ensino são de origem boliviana. Apenas uma escola do Brás chegou a ter, em 2019, mais de 100 alunos bolivianos matriculados.
"A associação também faz um trabalho social com as escolas. Alguns grupos se apresentam para passar um pouco da cultura para que esses estudantes entendam e respeitem os colegas. Muitas crianças que vêm da Bolívia têm sofrido muito bullying ou xenofobia, então tentamos combater um pouco isso. Conhecendo a cultura é mais fácil ele se integrar e também para que o aluno se veja representado e tenha uma identidade", diz Judith Barrenechea.
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